1964-2023 _ Maria Thereza Goulart e Janja
Política

Primeiras-damas da História 

 

Maria Thereza Goulart e Janja

Primeiras-damas

Protagonismo feminino à esquerda

Renato Dias 

Uma das nove belezas do mundo, definiu a Time, dos EUA. Uma das dez primeiras damas mais bonitas e elegantes dos cinco continentes, diz a People. Além de capa da Paris Match. De 1956 a 1960, a segunda dama mais jovem da História do Brasil. Mais: com apenas 19 anos de idade.

Maria Thereza Goulart

Socióloga, graduada na Universidade Federal do Paraná, com especialização em História, assim como MBA em Gestão Social e Sustentabilidade. Nascida no dia 27 de agosto de 1966, no Estado do Paraná, é definida como a Evita Perón do Brasil. A primeira dama que fez História na Argentina.

Evita Perón

Duas primeiras damas. A primeira é viúva do 24° presidente da República. João Belchior Marques Goulart. Um nacional – estatista. Em sua versão trabalhista. Herdeiro de Getúlio Vargas. O pai dos pobres. O autor das Reformas de Base foi deposto pelo Golpe de Estado civil e militar de 1964.

Maria Thereza Goulart e João Belchior Marques Goulart

Maria Thereza Fontella Goulart participou do histórico comício de 13 de março de 1964, ao lado de Jango. Ato público com 300 mil trabalhadores da cidade e do campo e estudantes. Seis dias depois, em São Paulo, saiu às ruas a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade. Com 500 mil pessoas.

Maria Thereza Goulart

Para evitar derramamento de sangue, já que a Operação Brother Sam, nas costas do Brasil, e as Forças Armadas, com o aval do Congresso Nacional, STF, CNBB, OAB, ABI, mercado e mídias estavam 100% conectadas, Jango e Maria Thereza Goulart partem no dia 4 para o exílio no Uruguai.

Maria Thereza Goulart

João Belchior Marques Goulart, JK e Carlos Lacerda criam a Frente Ampla, cassada em 1968. De abril de 1964 a dezembro de 1976. Doze anos sem poder pisar no seu país. Uma morte suspeita. Em 6 de dezembro de 1976. Na Argentina. Assim o seu corpo chega ao Brasil. Para um funeral discreto.

O funeral de Jango

 

Uma exigência de Ernesto Geisel, Golbery do Couto e Silva, Sylvio Frota, João Baptista de Oliveira Figueiredo. Generais da ditadura civil e militar. O sepultamento ocorreu em São Borja, no Rio Grande do Sul, a sua terra natal. Não conseguiu voltar ao seu País com vida. JK morrera em 22 de agosto do mesmo ano.

Dilma Rousseff sob a ditadura civil e militar no Brasil

 

Presidente da República, a ex-guerrilheira Dilma Rousseff promoveu, em seu mandato, cerimônia póstuma com honras de chefe de Estado a João Belchior Marques Goulart, em 14 de novembro de 2013, em Brasília. Maria Thereza Goulart participou emocionada. Ela está viva, hoje. Aos 86 anos de idade.

Nobel de Literatura, Pablo Neruda envenenado pela ditadura civil e militar de Augusto Pinochet, em 1973, no Chile

Ex-agente do serviço secreto do Uruguai, Mario Neira Barreto denunciou que João Belchior Marques Goulart teria sido, em 1976, envenenado, em Mercedes, Argentina. Pela Operação Condor. Exames mostraram, em 2023, que o poeta Pablo Neruda foi vítima de envenenamento. Em setembro de 1973.

Natural de Santa Vitória [PR], ela passou a sua infância em Curitiba, capital do Estado, filiou-se ao PT, em 1983, com 17 anos. A sigla engatinhava com três anos. A legenda chegou aos 43 anos em 2023. O mesmo ano de sua subida à rampa como mulher do 38° presidente da República do Brasil.

Rosângela Lula da Silva, a Janja

Formada em Ciências Sociais, Rosângela Lula da Silva, a Janja, distribui simpatia, exala delicadeza e compaixão pelos pobres e excluídos do acesso à cidadania e está distante de ser um objeto de decoração e marketing. Feminista, exerce protagonismo e influencia os rumos das políticas públicas.

Rosângela Lula da Silva, a Janja

O festival de música, a definição do conceito do ato de entrega da faixa, com diversidade na participação, a fiscalização e a reforma no Palácio da Alvorada, a solidez após os ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, mostra que o País tem, hoje, uma primeira-dama com a têmpera de luta.

Rosângela Lula da Silva, a Janja / Poder 360

Exercício de reflexão

Primeira-dama, mulheres e Brasil 

Renato Dias 

Um exercício de reflexão instigante, define a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Criminalidade e Violência da Universidade Federal de Goiás, a socióloga e mestranda em Sociologia, Jully Anne. Em tempo: Maria Thereza Goulart e Rosângela Lula da Silva, seriam mulheres resilientes sob o cerco social e político a seus companheiros, assim como carregariam a marca da exuberância, sublinha a cientista social a www.renatodias.online

Pesquisadora do Necrivi, a socióloga Jully Anne

As mulheres são julgadas pelas roupas, seu visual, a forma de abordar os costumes e a liturgia da presença em público, explica. A pressão social referente à primeira-dama é amplificada, insiste. Maria Thereza Goulart correspondeu ao seu papel na História do século 20, registra. Janja não é apenas figurante ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, ela marca uma posição que reflete, hoje, a nova geração de mulheres, ela observa.

Uma história a ser contada

Jully Anne afirma que Janja, pós-8 de janeiro de 2023, revelou o respeito necessário às mulheres da classe trabalhadora. Como às trabalhadoras de serviços domésticos, frisa. Ela ampara a imagem da mulher que cuida da mãe, da dona de casa, da faxineira, da diarista, que não se afastam do fardo imputado pelos costumes tradicionais, não por ignorância, mas em respeito à condição da maioria das mulheres do Brasil, fuzila.

Forças Armadas no Brasil

Os ataques políticos, machistas, sexistas feitos contra a primeira-dama Maria Thereza Goulart, no exercício do cargo, exílio e até na história é produto da polarização da luta de classes no Brasil à época. Forças Armadas, fração da conservadora da sociedade civil e mercado. É a análise do sociólogo de São José dos Campos [SP] Guilherme Soares. 2023: Forças Armadas de DNA golpista e Rosângela Lula da Silva protagonista, diz.

Guilherme Soares

Historiador, adepto das ideias de Karl Marx [1818-1883] e de Liev Davidovich Bronstein, nom de guerre Leon Trotski [1879-1940], Fred Frazão afirma que tanto Maria Thereza Goulart quanto Rosângela Lula da Silva, a Janja, constituem alvos do patriarcado sexista e misógino. Os protagonismos das duas são oriundos das lutas feministas pela ocupação de espaços de poder, resume. As mulheres não voltarão ao lócus privado, crê.

Fred Frazão

 

Direito ao contraditório

Sem semelhanças nem identidades

Renato Dias 

Professor doutor da Faculdade de História da UFG, David Maciel diz ser cedo ainda para definir o papel efetivo, o script, que Rosângela Lula da Silva, socióloga, exercerá como primeira-dama do Brasil. Depois da tragédia de Jair Messias Bolsonaro [PL]. Sob o terceiro mandato do ex-operário, torneiro mecânico, metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Com a duração de 1° de janeiro de 2023 a 31 de dezembro do ano de 2026.

David Maciel, doutor em História, da UFG
David Maciel, professor doutor em História, da UFG

Origens sociais e trajetórias individuais políticas distintas

Tom Alves

Tom Alves, jornalista

O jornalista Tom Alves não vê semelhança nos papéis protagonizados em 1964 por Maria Thereza Goulart e no ano de 2023 por Rosângela Lula da Silva. Veja: o intelectual aponta origens e trajetórias distintas. A mulher de João Belchior Marques Goulart, contemporânea do seu tempo, possuía uma atuação política mais discreta, acredita. Já Rosângela Lula da Silva, é protagonista, tem personalidade forte e esbanja simpatia, diz.

Poder político na República é controlado pelos homens

Reinaldo de Assis Pantaleão 

O poder político sob a República no Brasil [1889-2023] é controlado pelos homens e não houve também na História do País uma primeira-dama com o carisma e a vocação de Eva Duarte de Perón, Evita, da Argentina, morta em 1952. É o que avalia o historiador marxista Reinaldo de Assis Pantaleão. “Até a antropóloga Ruth Cardoso, fundadora do Comunidade Solidária, sob o sociólogo Fernando Henrique Cardoso não obteve espaços”.

Reinaldo Pantaleão
O historiador Reinaldo de Assis Pantaleão

Márcio Santilli, ex-deputado federal constituinte
explosivo
explosivo

 

 

Provocações

Martiniano Cavalcante

 

 

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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