A cartilha necessária
Paulo Henrique Costa Mattos
Somente empunhando a cartilha da aprendizagem
e o breviário da igualdade,
Será possível construir um mundo livre como Palmares,
Um mundo onde caiba negros, brancos, caboclos, índios e mamelucos…
Um mundo onde o afeto não seja um risco
E nossas escolhas um rubro inferno,
Um mundo de liberdade onde nada que seja humano
possa nos ser indiferente,
porque para sermos homens e mulheres livres,
da desigualdade e da escravidão,
da precisão e da injustiça.
Será preciso fazer da transgressão e das lutas do caminho
Nosso breviário igualitário,
Contra todos aqueles que pensam ser donos das propriedades,
Das coisas e das pessoas.

Será preciso sermos meio Marx e meio Che, meio Tupac e meio Zumbi,
Meio Rosa de Luxemburgo, Mietta Santiago ou Pagu.

Somente empunhando a cartilha da aprendizagem
e o breviário da igualdade,
Será possível construir um mundo livre como Palmares,
E se Palmares não vive mais faremos Palmares de novo
Como Francisco José do Nascimento ou Luiz Gama,
Como Maria Felipa de Oliveira ou Antônio Conselheiro
Para nos livrarmos das correntes,
Da tosca pré-história social,
É preciso embrenhar na floresta dos séculos,
Ensinar a pedagogia de homens e mulheres livres,
Onde é tarde demais para ser reprovado,
E o único jeito é ser feliz.
É preciso transpor o muro das escolas.
E educar a teimosia,
evidenciar a opressão e o terror,
a exploração e a dor,
cultivar cicatrizes como flores
e aprender na cartilha do povo
que todas as horas são extremas e
quando a injustiça se torna lei,
a resistência passa ser um dever.

Somente empunhando a cartilha da aprendizagem
e o breviário da igualdade,
Será possível construir um mundo livre como Palmares,
E se Palmares não vive mais faremos Palmares de novo.
