Traços, cores, humor, História
Renato Dias
O cartunista e escritor Ziraldo morreu aos 91 anos de idade neste dia 6 de abril de 2024, às 14h, em seu apartamento, no Rio de Janeiro. Ele havia sofrido um AVC há seis anos e já estava com a sua saúde frágil.
Fundador do jornal semanário O Pasquim, em 26 de junho de 1969, com Tarso de Castro e Sérgio Cabral, enfrentou a ditadura civil e militar e parou atrás das grades. Em 14 de dezembro de 1968 e outubro de 1970.
A primeira prisão ocorreu um dia após a decretação do Ato Institucional Número 5 sob o general presidente Arthur da Costa e Silva. A segunda e a terceira com o general presidente Emílio Garrastazu Médici.
Nascido em Caratinga, no Estado de Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932, como Ziraldo Alves Pinto, ele lançou, em 1980, o livro O Menino Maluquinho. Um sucesso editorial. O Pasquim fechou em 1991.
Ler é mais importante que estudar, dizia o também jornalista, teatrólogo, pintor e ainda caricaturista. Ele caminhou com Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad e fez a logomarca do Psol, em 2005.
O artista era louco por futebol. Um torcedor para lá de apaixonado pelo Clube de Regatas Flamengo. O rubro-negro dono da maior torcida do Brasil e da América Latina. O time do galinho de Quintino, o Zico.
Em tempos sombrios, de nova escalada da extrema-direita, no Brasil e no mundo, o humor político ácido, mordaz, perde o seu comandante-em-chefe. Ziraldo morreu. Se é mesmo possível ele vir a morrer um dia.