Psol condena intervenção na UFG
Psol na UFG
A intervenção na reitoria
Na manhã de 11 de janeiro de 2022, fomos surpreendidos com o Decreto de 10 de janeiro da presidência da república em que nomeia Angelita Pereira Lima para o cargo de reitora da Universidade Federal de Goiás ao invés de Sandramara Matias Chaves. Tal ação do governo Bolsonaro não é novidade, visto que hoje, no Brasil temos mais de 20 Instituições Federais de Ensino sob intervenção, ou seja, os eleitos na consulta pública pela comunidade universitária não foram empossados e, sim, outros que estavam na lista tríplice. O próprio formato de lista tríplice em que são colocados três nomes ao Ministério da Educação para que este possa nomeá-lo é um resquício da Ditadura Militar no Brasil que nunca foi mexido, nem mesmo nos governos do PT.

O que de fato acontece em nossas universidades é que a comunidade é consultada e vota. Em seguida, os nomes de quem concorreu passam pelos Conselhos Universitários e lá se colocam em primeiro lugar o vencedor e nos dois outros postos, geralmente, os demais que concorreram ao pleito. No atual modelo, não existem eleições diretas, mas uma consulta pública que permite que o executivo federal nomeie legalmente qualquer dos nomes da lista tríplice. Precisamos reforçar os mecanismos que garantam a autonomia universitária e pensar na superação da lista tríplice, com eleições diretas e paritárias para as reitorias das Universidades.

Angelita tem um histórico importante de defesa da universidade e militância no movimento sindical docente, no sindicato de jornalistas e feminista na cidade de Goiânia. O questionamento da militância do PSOL na UFG não se refere à pessoa da professora Angelita, mas ao desrespeito à lista tríplice e a consulta pública e democrática da comunidade universitária, que elegeu a professora Sandramara. Vale lembrar que Angelita Pereira sequer concorreu ao pleito.

Ressaltamos nosso profundo incômodo com o autoritarismo do Governo Federal que desrespeita a democracia interna e a autonomia universitária da UFG. Salientamos os riscos de que caso Angelita não aceite ser nomeada, que o governo nomeie interventor que seja linha auxiliar da política reacionária que é representada pela figura de Bolsonaro e seu séquito.

Gostaríamos, por fim, explicitar que Karla Emanuella, a segunda da lista tríplice, nunca pertenceu aos quadros do PSOL-Goiás, conforme tem sido divulgado por órgãos da imprensa local. O PSOL não disputou as eleições para Reitoria da UFG e jamais compactuamos com intervencionismos em nossas universidades. Para nós, vale o sempre presente lema: reitor eleito é reitor empossado. Pela autonomia universitária! Seguimos mobilizados e na luta junto à comunidade da universidade em defesa da nomeação da reitora eleita e da autonomia universitária. Assinam essa carta militantes do PSOL na UFG (estudantes de graduação e pós, técnicos administrativos e docentes).
