Francisco Celso Calmon
Opinião

Será filhote de chocadeira, ou a própria?

Será filhote de chocadeira, ou a própria?

por Francisco Celso Calmon

Um desajustado que gosta de chocar. No Exército planejou explodir gasodutos para conseguir aumentos dos soldos. Não levou adiante, confessou que era mais para intimidar, aterrorizar, chocar. Foi adepto da colocação de bombas no Riocentro quando da festa do dia do trabalhador em 1981, só que desta vez não era para chocar, mas para explodir sobre milhares de jovens trabalhadores e matar. Chocou quando ofendeu a uma colega de Câmara, ao declarar que ela não merecia ser estuprada por não ser bonita.

Jair Messias Bolsonaro

Chocou quando defendeu e justificou as milícias. Chocou quando ao justificar a tortura, defendeu os métodos de choques elétricos para obter confissões. Chocou quando afirmou que a ditadura errou porque ficou na tortura e não matou uns trinta mil opositores ao regime. Chocou quando tripudiou sobre a presidenta Dilma Rousseff, prisioneira torturada pela ditadura militar, ao declarar o voto pelo seu impeachment enaltecendo um reconhecido pela justiça brasileira como torturador, o coronel Brilhante Ustra.

Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra

Chocou com suas declarações de sacarmos e descasos com a vida dos brasileiros. Chocou quando usou uma realidade trágica das nossas crianças, que vivem em comunidades vulneráveis, que tomam banho em rios poluídos e pântanos como exemplo potencial de resistência à Covid-19, mal sabendo o quanto de doenças contraem, inclusive icterícia. Expôs uma chaga nacional para o mundo. Chocou e choca quando nega a ciência e se coloca como paladino da imunidade de rebanho às custas dos fisicamente mais frágeis. Chocou quando fez o gesto de arminha usando crianças.

Coronavírus

Choca quando não usa máscara e retira as dos seus colaboradores próximos que eventualmente estão usando. Choca quando delinquindo em relação aos Estatutos da Criança e do Adolescente retira a máscara de uma menina, sem pedir licença e sem autorização da criança e dos seus pais, agredindo os direitos da família, que optaram pela proteção sanitária da filha com o uso da máscara facial. Chocou quando bateu continência à bandeira de um país estrangeiro, os EUA, como um vassalo.

Donald Trump – caricatura
Donald Trump – caricatura

Chocou quando provocou a China, maior parceira comercial do Brasil, com insinuações de que era a responsável pelo novo coronavírus, covid-19. Chocou com seus disse-que-não-disse, mostrando natureza costumaz da mentira, e de incoerência de princípios, quando se dizia nacionalista, a favor da Petrobrás, e virou algoz. Chocou com a sua política de desproteção da Amazônia, dos povos indígenas e dos quilombolas. Chocou com suas bravatas quando ameaçou invadir a Venezuela, tendo as FAs incapazes de até defender as fronteiras do país, quanto mais enfrentar uma nação superior militarmente.

Choca quando assume e enaltece a sua misoginia, homofobia, a beligerância e o caos institucional. Chocou quando afirmou que a Constituição era ele, que o Exército é dele, que é o mandachuva de tudo. Choca quando faz da sua família parte da presidência, como se fosse a corte de um monarca. Chocou quando quis fazer de um filho fritador de hamburguer embaixador do Brasil nos EUA. Choca quando antes onisciente (com sua de rede de informações) e agora acovardado não sabe o que ocorre nos seus ministérios.

Forças Armadas no Brasil

Chocou ainda mais quando antes onipotente (quem manda sou eu) e a gora amedrontado se confessa sem participação na tratativa da compra da vacina Covaxin. É um cabra cagão, por isso não gosta dos cabras arretados do Nordeste. Choca, escroto embusteiro, vai chocando e choca o país, para a felicidade da nação, e anuncia a sua renúncia. Não espere como o Collor, quando o impeachment for iminente e inevitável, antecipe-se para ser diferente, e choque pela última vez antes de ser preso e condenado pelos tribunais do país e internacionais, como corrupto e genocida.

Covaxin

Francisco Celso Calmon, ex-coordenador da RBMVJ, membro da coordenação do canal ρσяσяσcα

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 20 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 20 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. 

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