O elo militar
General Augusto Heleno em xeque
Delírios premonitórios
Renato Dias
General da reserva do Exército Brasileiro [EB], o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional [GSI] Augusto Heleno, em uma nota oficial emitida em 22 de maio de 2020, parece ter sido premonitório. O pedido de apreensão do celular do presidente da República [Jair Messias Bolsonaro] é inacreditável e pode ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional, atira o oficial.
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Jair Messias Bolsonaro é investigado em três inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal [STF]. Veja: Milícias digitais, Fake News e dos atos antidemocráticos. A delação premiada do ex-ajudante de ordens, tenente coronel do EB Mauro Cid, envolve-o. Mais: já a Operação Vigilância Aproximada recolheu computadores e celular de Carlos Bolsonaro, o seu filho zero dois e vereador, bruxo do Gabinete do Ódio e Abin paralela.
Não custa lembrar: Geraldo Bebianno, que ocupou a Secretaria-Geral da Presidência da República, revelou em 2 de março de 2020, a existência tanto do Gabinete do Ódio quanto da Abin paralela. Ele morreu 11 dias depois. O ex-ministro relatara que o general Carlos Alberto Santos Cruz condenou a proposta formulada por Carlos Bolsonaro de criar um SNI de Jair Messias Bolsonaro e Augusto Heleno preferiu não confrontar 02.
A Polícia Federal [PF] irá interrogar Augusto Heleno, superior do então diretor da Abin de 2019 a 2022, Alexandre Ramagem [PL-RJ], no dia 6 de fevereiro, na próxima terça-feira, antes dos quatro dias de folia de carnaval. Os agentes querem informações referentes à monumental e vil estrutura de vigilância e arapongagem montada para bisbilhotar ministros do STF, parlamentares, governador de Estado, advogados e até jornalistas.
Ao mirar Alexandre Ramagem, acertar Carlos Bolsonaro, fisgar Augusto Heleno, PF e MPF podem obter provas robustas para os inquéritos das Milícias Digitais, Fake News e dos Atos Antidemocráticos, elucidar as dúvidas e indícios da Operação Vigilância Aproximada e montar o quebra-cabeças do modus operandi da Organização Criminosa que deflagrou e saiu derrotada no golpe de Estado civil e militar de 8 de janeiro.
Ruptura com a cultura da impunidade
Um olhar ao passado
A ausência de Justiça de Transição para processar, julgar e condenar responsáveis pelo golpe de Estado civil e militar no Brasil de 1964, violações de direitos humanos e crimes de lesa-humanidade cultivou a cultura da impunidade e precisa ser rompida com a revelação de atos sob Jair Messias Bolsonaro, diagnostica o historiador e sociólogo, professor da Universidade de Gurupi [TO], Paulo Henrique Costa Mattos.
Os escândalos da Abin paralela, do Gabinete do Ódio, além dos atos antidemocráticos, assim como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito no dia 8 de janeiro de 2023 devem produzir condenações e prisões restritivas de liberdade, propõe o pesquisador da História do Tempo Presente na América Latina. Veja: como as decisões implacáveis do Judiciário na Argentina, diz. Jorge Rafael Videla morreu na cadeia, atira.
As investigações em curso, hoje, apontam para um elevado grau de aparelhamento do Estado no caso da Agência Brasileira de Inteligência e de podridão das instituições da República, observa o professor marxista de História Fred Frazão. Intelectual público, ele avalia ser indispensável para a garantia da democracia a implosão do que classifica como “ninho de arapongas”. As operações deveriam atingir oficiais de alta patente, diz.
Tanto civis quanto membros das Forças Armadas envolvidos com a operações ilegais da denominada Abin paralela, o Gabinete do Ódio, os ataques às instituições e à frustrada tentativa de golpe de Estado civil e militar de 8 de janeiro do ano de 2023 deveriam ser investigados, processados e punidos com o rigor das leis, analisa o professor de História Reinaldo Pantaleão. Pesquisador da História contemporânea.
Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional [GSI] sob a Era Jair Messias Bolsonaro, o general do Exército Brasileiro [EB] Augusto Heleno, um ideólogo, foi o superior hierárquico do diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem, de 2019 a 2022, e é preciso apurar as suas responsabilidades. É o que afirma o professor doutor de Ciências Sociais, da Universidade Federal de Goiás [UFG], peruano Carlos Ugo Santander.
A ex-deputada estadual e ex-presidente do PC do B em Goiás Isaura Lemos defende a instalação de processos, com julgamento, direito à defesa, o devido processo legal, dos acusados na Operação Vigilância Aproximada e na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. O general Augusto Heleno deve ser manter calado e ficar impune, acredita a pensadora marxista. Basta de impunidade no país, ela protesta.