Próximo do mandante
Renato Dias
A Operação Élpis executada pela PF prendeu o suspeito Maxwell Simões, fez buscas e apreensões, revelou a delação premiada de Élcio de Queiroz, que aponta Ronnie Lessa como o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A contratação do atirador Ronnie Lessa foi celebrada pelo policial militar reformado Edimilson Oliveira da Silva. O seu apelido no mundo do crime era Macalé. O acusado foi assassinado a tiros no mês de novembro de 2021. Três anos depois da dupla execução.
Com a excelência no gatilho, a frieza em operações arriscadas, egresso do Exército Brasileiro [EB], velho adepto de métodos de violência, o ex-policial militar, expulso dos quadros da corporação, Ronnie Lessa era rotulado de matador de aluguel. Clássico.
O executor de Marielle Franco e Anderson Gomes, crime ocorrido em 14 de março de 2018, às 21h, morava no Condomínio Vivendas da Barra, na casa que contêm os números 65 e 66. Já o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, na 58.
Mais: o filho do ex-inquilino do Palácio do Planalto, chamado por ele de Zero 4, do seu terceiro casamento, Jair Renan, teria ainda namorado a filha do homem preso acusado de matar a líder do Psol no Rio de Janeiro. As ligações seriam perigosas. Não?
Nascida no dia 27 de julho do ano de 1979, no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, de infância e juventude pobres, ela graduou-se em Ciências Sociais, na PUC [RJ], e fez o mestrado em Administração Pública, na Universidade Federal Fluminense
Marielle Franco exerceu também o cargo de assessora especial do deputado estadual Marcelo Freixo. Ele presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI] das Milícias. As milícias constituem um poder paralelo. Na política, economia e na sociedade.
Pela Coligação Mudar é Possível, formada por Psol e PCB, em 2016, obteve nas urnas eletrônicas da outrora Cidade Maravilhosa quase 50 mil votos. Memória: para a Câmara de Vereadores, A quinta mais votada. No ranking geral. Ao Legislativo. Da capital.
O seu mandato era democrático e popular. Além de Republicano. Não patrimonialista. Em defesa dos direitos humanos. Contra a violência policial. Narrativas antirracistas, de denúncias de abusos, assédios, homofobia, xenofobia e pela igualdade de direitos.
O Complexo de Favelas no Rio de Janeiro é controlado pelas milícias. Infiltradas no aparelho do Estado. Na noite sombria de 14 de março de 2018, um carro encosta ao lado do seu e efetua disparos letais. Triste: o sonho acabou. O crime? À beira da elucidação.
A repercussão da Operação Élpis
Renato Dias
Professor doutor da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás [UFG], David Maciel diz que pela primeira vez a PF está empenhada em elucidar o crime, em toda a ampla cadeia de participantes. Dos executores aos mandantes, ele dispara.
A professora doutora em História da PUC Goiás Lucia Rincón destaca o protagonismo de Flávio Dino [PSB], ministro da Justiça e Segurança Pública, e da PF na Operação Élpis, no cerco ao 8 de janeiro de 2023, e afirma que o caso será, sim, elucidado.
Professor doutor em Educação aposentado da Universidade de Sorocaba [Uniso-SP], Fernando Casadei Salles diz, animado, hoje, que as minuciosas investigações criminais executadas pela Operação Élpis, da PF e MPF, são promissoras. “Eu estou otimista”.
Formado em Jornalismo e ainda no curso de História, Frederico Vitor de Oliveira frisa que a delação premiada de Élcio Queiroz aposta em um desfecho, aponta negligência de Jair Messias Bolsonaro, acha cedo para dizer o nome do mandante e ataca Braga Netto.
O racismo, a misoginia, a homofobia e ódio de classe do capital contra as trabalhadoras socialistas mataram Marielle Franco [Psol], observa Cíntia Dias. Graduada em Ciências Sociais na UFG e mestranda em Sociologia na mesma instituição de ensino superior.
Adepto das ideias de Karl Marx, Friedrich Engels e Leon Trotski, o historiador Fred Frazão tem, hoje, esperança na resolução das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes e que as apurações da PF e do MP alcancem os verdadeiros mandantes.
Reinaldo de Assis Pantaleão, professor de História, avalia, hoje, ao Portal de Notícias www.renatodias.online que a Operação Élpis irá elucidar a tragédia da noite do dia 14 de março de 2018 com divulgação dos nomes de executores e mandantes das mortes.
O quebra-cabeça do duplo homicídio com motivações políticas em 2018 já estaria montado pela Operação Élpis e falta revelar o nome do mandante, registra o sociólogo, Youtuber e digital influencer de São José dos Campos [SP] Guilherme Soares.
Presidente do Movimento Comunitário Trabalhista, órgão do PDT, membro da Executiva Nacional da legenda e assessor no Senado da República, Jordaci Matos crê que a PF e o MP pegarão os mandantes. É apenas uma questão de tempo, atira.
Presidente do PV Mulher no Estado de Goiás, Bianca Rodrigues queria ter acesso ao acordo de delação premiada. Mais: vê a participação de novas pessoas e acredita na elucidação da tragédia que abalou o Brasil, além da opinião pública internacional.
O autor da delação premiada incluiu como participantes do crime Dênis Lessa, irmão de Ronnie Lessa. Além de Edilson Barbosa, o ‘Orelha’. O ex-PM Maurício da Conceição dos Santos Jr. João Paulo Vieira, o ‘Gato do Mato’, e a sua mulher, Alessandra da Silva.
O duplo homicídio ocorreu em 14 de março de 2018. Cinco anos e cinco meses depois, o caso não está elucidado. Não há crime perfeito. Quem contribuiu para impedir as investigações e a descoberta das conexões políticas dos mandantes? É prevaricação.