Política

Rede Democracia

Um grupo de ativistas dá um passo importante, no último 25 de fevereiro de 2023, com a criação da Rede Democracia. Em termos de comunicação, é uma ação contribuitiva e colaborativa. Reuniremos – e também produziremos – conteúdos informativos, analíticos, culturais, artísticos, educativos, todos com um sentido político de preservar a aprofundar a democracia em nosso país. O que só é possível respeitando os direitos humanos – por uma vida digna para todos – e defendendo o meio ambiente. Em termos de ação política na sociedade, agiremos para ampliar as alianças e parcerias, visando criar um ‘meio de campo’ para a defesa da democracia e dos direitos humanos da sociedade civil. Apoiamos o governo que ajudamos a constituir com a vitória de 30 de outubro, ao mesmo tempo em que mantemos nossa independência em relação a ele. Somos uma iniciativa da sociedade civil.

Como parte das ‘tarefas de casa’ de cada organização e movimento que integra a Rede Democracia, nos propomos a criar Fóruns Sociais Fome Nunca Mais – uma campanha que nasce junto com a Rede Democracia, baseada em fóruns sociais de vizinhança ou de comunidade, e que a própria Rede dará o suporte na área de formação dos ativistas e na comunicação.  Como outra particularidade do que somos, temos entre nós um grupo de empresas da área de comunicação, reunidas no consórcio DHCom (Direitos Humanos Comunicações), cujos proprietários e sócios, ativistas defensores das mesmas bandeiras que os participantes da Rede Democracia, desde já prestam o suporte operacional para nossas decisões em comunicação e eventos.

Direitos Humanos no Brasil: para quem?

Assim, em nossas iniciativas iremos bem além de combater as campanhas de ódio das ‘fábricas de mentiras’ (produtores de Fake News). Certamente, faremos isso, junto com os jornalistas brasileiros em geral e todos aqueles que baseiam suas ações na verdade factual. Nosso compromisso é com a defesa da democracia e sabemos que boas informações e uma melhor educação política dos brasileiros e brasileiras são essenciais para afastar definitivamente do poder a ameaça fascista. Mas vamos, também, participar ativamente dos processos de mobilização e articulação da sociedade, seja para novas manifestações de rua, seja para o crescimento e a consolidação dos movimentos já existentes. No momento – e por enquanto –, somos um grupo de 22 pessoas, núcleo político[1] pró direitos humanos e democracia, de diferentes movimentos e organizações, empenhadas na criação da Rede Democracia.

Terror, violência e desestabilização

Por quê?

O governo de coalizão que apoiamos e que saiu vencedor nas urnas no 30 de outubro já está – e continuará – sob ataque dos bolsonaristas e conservadores em geral. Está aí a tentativa frustrada de golpe de estado de 8 de janeiro, como mostra viva do que afirmamos. Para vingar, o governo democrático precisa de um forte e amplo apoio popular. Em 2014, ainda durante o primeiro Governo Dilma, a FAO retirou o Brasil do Mapa da Fome. Não se passaram mais do que quatro anos para que ela voltasse. Com os governos que se instalaram primeiro em 2016 e depois o governo de destruição de 2018, mais a pandemia, a situação ficou ainda pior do que antes: a fome chegou a atingir mais da metade da população brasileira, em diferentes intensidades. O governo fascistizante foi fruto, entre outros fatores, do crescimento e da organização da extrema direita, assim como da fraca articulação entre as forças de esquerda e progressistas, com representação minoritária no Congresso Nacional e um baixo nível de mobilização nas ruas.

Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff

A vitória no 30 de outubro nos dá uma oportunidade de reverter a situação. Temos melhores condições para manter a luta em defesa da democracia. Mas, atenção: a diferença entre as votações das duas candidaturas foi de apenas 1,8%. A extrema direita conseguiu amealhar votos em parcelas muito amplas da população, resultado de um trabalho meticuloso e persistente de dominação das consciências. Trabalho que vai continuar. A utilização das redes sociais, agora com o incremento do uso da Inteligência Artificial, permitirá que as consciências continuem sendo manipuladas, uma vez que para esse trabalho a extrema direita conta com forte apoio financeiro, de dentro e fora do país. Trata-se de uma verdadeira guerra cultural, na qual enfrentamos um inimigo poderosíssimo. Essa é – em traços sintéticos – a conjuntura na qual a Rede Democracia vai atuar.

Duas conclusões

Duas conclusões se impõem. É fundamental que nos mantenhamos independentes do governo, pois disso dependerá em boa parte a eficácia da defesa que faremos de suas ações. Vimos como foi fundamental, em 2016 e 2018, a falta de apoio popular e de articulação entre as diversas forças políticas democráticas para que o fascismo se instalasse no poder.  Por outro lado, é importantíssimo não nos contentemos com pouco. Precisamos pensar em conquistar o meio de campo na articulação da comunicação das forças sociais que se movem na defesa do governo, dos direitos humanos e da democracia.

De onde partimos

A Rede Democracia atuará principalmente na Internet, com um portal, utilizando diferentes linguagens (voz, vídeo, foto e texto). Pretende se constituir paulatinamente. Inicialmente como um ponto de convergência das produções e dos fazeres desenvolvidos pelos participantes da iniciativa, na área de comunicação.  A essa produção já existente, pretende-se agregar um boletim diário em texto e outro em podcast, contendo o essencial da defesa dos direitos humanos e das lutas por uma democracia inclusiva no Brasil. A Rede Democracia será, também, o suporte de comunicação para a montagem dos Fóruns Sociais de comunidade ou vizinhança, como agentes da campanha FOME NUNCA MAIS, a ser lançada pelos movimentos e organizações que participam da Rede Democracia.

Simultaneamente, pretendemos contactar as forças da sociedade brasileira e dos governos que têm na democracia inclusiva um ponto de convergência para convidá-las a fazer parte de uma ampla rede de comunicação capaz de enfrentar o fascismo. Os temas abordados – direitos humanos (com destaque para o combate à fome), saúde pública, educação, direitos trabalhistas, separação entre religião e administração pública – buscarão sempre o diálogo com a população. Em termos de públicos a atingir, vamos começar trabalhando com os públicos dos movimentos e organizações participantes, ampliando na medida e no ritmo em que formos incluindo novos parceiros.

Democracia

Contudo, desde o início buscaremos um público maior entre aqueles e aquelas brasileiros(as) que se comunicam por outras linguagens que não os textos das notícias ou análises. Usam voz, imagem, música, humor… Nas pesquisas de consumo são as classes c, d e e. Na realidade, são a grande maioria da população brasileira, só lembrada na hora de vender produtos e da reforçar preconceitos, como nos programas policiais da TV. Ou quando é preciso enganar a pessoa para votar em um troglodita dizendo que este é ‘amante a Deus, à família e às boas coisas’, enquanto o restante é amante do diabo. Para suportar as ações de comunicação da Rede contamos com a DHCom Comunicações, uma agência formada por quatro empresas[2], cujos proprietários e dirigentes são ativistas com largo histórico de contribuição às lutas sociais em nosso país. A DHCom apresentará aqui alguns trabalhos já em andamento.

Para concluir, em traços muito simples, o plano de voo é o seguinte:

1 – Começamos articulando nossas iniciativas (serão expostas pelos participantes em suas falas na reunião de 25/2) em um portal, no trabalho com a identificação dos diferentes públicos já existentes, como poderemos agregar novos públicos, em um boletim diário (por texto e em podcast). Será um período de muito aprendizado;

2 – Simultaneamente, iniciamos um trabalho planejado e levado a cabo de forma sistemática de articulação com as forças políticas e as iniciativas de comunicação e de mobilização existentes no terreno popular, democrático, pró-direitos humanos (especificamente, o combate à fome) e pró-democracia inclusiva;

3 – Lançamos, cada um de nós em um território que seja propício, as primeiras iniciativas de Fóruns Sociais Fome Nunca Mais (para isso, precisaremos de dois ou três meses de preparação do material para dar os subsídios a essas iniciativas).

Cada uma dessas iniciativas contará com uma retaguarda de comunicação da DHCom, base operacional da Rede Democracia.

Movimentos e organizações (que já participam e que estão sendo convidadas a participar

– Ciência na Rua;

– Comissão Justiça e Paz de São Paulo;

– Confederação Nacional dos Trabalhadores Universitários Liberais

   Regulamentados – CNTU;

– Engenharia pela Democracia (EngD);

– Fórum 21;

– Frente Inter Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns;

– INTC-Combate à Fome;

– Intelectuais progressistas orgânicos;

– Movimento Geração 68 Sempre na luta;

– Photoação (Wanderley de Oliveira);

– Prima Estúdio (Rubens e Míriam Meyer;

– Pyra Art&Empresa (Tadeu Di Pyetro e Roberto Marti);

– Site O Candeeiro;

– Via TV (Rubens Cachoeira).


[1] Estamos avaliando diferentes formas de organização desse núcleo. Uma das possibilidades é que o grupo passe a ser o Conselho da Rede Democracia, responsável por contratar os serviços de comunicação necessários à DHCom. É tema para a reunião deste 25 de fevereiro.

[2] Via TV, Prima Estúdio, Photoação e Pyra Art&Empresa.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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