A fome e a vontade de ler
A fome e a vontade de ler
Marcos Cipriano
Eu era um menino filho de uma viúva sem posses, que carregava no coração a vontade de ser jornalista. Quando mudei com a família para Goiânia, naquele 7 de março de 1978, o sonho viera comigo na bagagem.
Antes do sonho se tornar realidade, trabalhei como jornaleiro em Goiânia. Foi aí que conheci o “Seo Alberto”, o homem da empadinha do Mercado Central da Avenida Anhanguera, hoje Camelódromo do Centro.
Fizemos uma parceria. Ele me dava uma empadinha, em troca de uma espiadinha no jornal. Além da deliciosa iguaria goiana, o papo com o “Seo Alberto” era também um tempero perfeito. Era visível o amor que ele cultivava pela cultura e seus grandes ícones, especialmente os vultos do teatro brasileiro, com a dama Fernanda Montenegro.
O ex-técnico do Goiás Candinho, no curto período que passou por Goiânia, virou um frequentador assíduo. Ainda hoje, tenho por hábito dar uma passadinha na empada do Alberto.
Mas nesta segunda-feira, 6 de junho de 2022, o dia para mim ficou mais triste e vazio. “Seo Alberto”, aquele senhor elegante e de pele morena, que muitas vezes matou a minha fome, nos deixou. A empadinha certamente não será a mesma. Vá com Deus, amigo!