Ucrânia sob bombardeios da Rússia
Internacional

Sangue, ossos, violência, sem paz

Daniel Aarão Reis Filho

De Paris, França

Otan, União Europeia e EUA não fazem autocrítica, diz historiador

Risco de uma conflagração geral é real, frisa pesquisador da Rússia

Daniel Aarão Reis Filho

Renato Dias

A invasão da Ucrânia é um desastre para a Federação Russa, analisa, de Paris, França, o professor doutor em História Contemporânea Daniel Aarão Reis Filho, com exclusividade ao Portal de Notícias www.renatodias.online

Ucrânia e a nova escalada de violência

O coro, hoje, na França e na Europa, é de solidariedade à Ucrânia, explica o pesquisador do Tempo Presente. Nada aberto à autocrítica aos papéis da União Europeia e EUA para investimentos à sua vinculação à Otan, diz.

Um desastre militar, ele observa. Dos múltiplos pontos de vista, frisa o especialista em História da Rússia. A expectativa de que seria uma guerra definida como de curta duração fracassou, atira o pesquisador brasileiro.

O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, adotou uma decisão estratégica equivocada, pontua. A Ucrânia está em ruínas. Ossos sob escombros do conflito. O nacionalismo ucraniano radicalizou – se, crê.

Vladimir Putin e seu cachorro

A população da Ucrânia possui, hoje, ódio da Rússia e detesta Vladimir Putin, avalia. Quem pagará a reconstrução do País [de 44 milhões de habitantes] devastado pela guerra, questiona Daniel Aarão Reis Filho, escritor.

A contenda produz manifestações contrárias até na própria Rússia, com mais de 18 mil presos políticos, relata. Observação: um número nada inexpressivo. O desafio é a movimentação imediata, fuzila o pensador

A guerra Rússia e Ucrânia

O caminho é o estabelecimento de negociações de paz, com o cessar-fogo, a retirada das tropas da Federação Russa da Ucrânia, acredita o intelectual de esquerda. Uma tarefa para a opinião pública mundial.

As contribuições da UE, Otan e EUA à guerra

Daniel Aarão Reis Filho

Europa e EUA devem analisar quais foram as suas contribuições para a sinalização da Ucrânia, que tem uma longa, extensa fronteira com a Rússia, em aderir à Otan e à União Europeia, dispara Daniel Aarão Reis Filho.

Não é possível que da guerra saia apenas um lado vitorioso e o outro derrotado

Daniel Aarão Reis Filho

Os interesses dos interlocutores devem ser basicamente atendidos, propõe. Não é possível que da guerra saia apenas um lado vitorioso e o outro derrotado, insiste. O que alimentaria os ressentimentos, destaca.

O que poderá provocar um novo conflito. Registro: em curto, médio e longo prazos

Daniel Aarão Reis Filho

O que poderá provocar um novo conflito, diz. Registro: em curto, médio e longo prazos. Parem a guerra, grita. Há risco de que a guerra possa estender-se e virar conflagração geral, narra. “Com consequências inimagináveis”.

Volodymyr Zelenkyy – A guerra Rússia e Ucrânia

Democracia sitiada por Zelenskyy

11 partidos de esquerda e oposição fechados

Ultradireita e neonazistas continuam legais

Renato Dias

Classificado como o “Herói da Resistência da Democracia” pela União Europeia, Otan e EUA, o presidente da Ucrânia, país que conta com expressiva vanguarda armada de ideologia neonazista, Volodymyr Zelenskyy, estabeleceu a proibição de funcionamento de 11 partidos políticos. Siglas de esquerda. De oposição.

Qualquer atividade política que possa dividir a sociedade ou colabore com o inimigo não terá sucesso

Volodymyr Zelenskyy

Qualquer atividade política que possa dividir a sociedade ou colabore com o inimigo não terá sucesso, diz o líder ucraniano. Eles terão resposta dura, frisa. O Conselho Nacional de Segurança decidiu que, dada à guerra com a Federação Russa, ações de partidos políticos serão suspensas até o fim da lei marcial”, atira

Svoboda e o Pravyi Sektor estão livres para promoverem atividades sob a guerra

A lista dos 11 possui Oposição de Esquerda, União de Forças de Esquerda, Partido Socialista Progressivo da Ucrânia e Partido Socialista da Ucrânia. Legendas de ultradireita com ligação íntima com neonazistas, como Svoboda e o Pravyi Sektor, estão livres para promoverem atividade s sob a guerra

A esquerda no país sofre caçada implacável do Estado. Comunistas foram presos

Registro histórico. O Svoboda usa, como insígnia, o símbolo Wolfsangel, um gancho de lobo, em tradução livre, da Revista Fórum, invertido, associado ao nazismo e tem a sua origem no Partido Social-Nacional da Ucrânia. A esquerda no país sofre caçada implacável do Estado. Comunistas foram presos.

A guerra – Golpe de Estado civil e militar no ano quente de 2014 na Ucrânia

Maio de 2014. Massacre na Casa dos Sindicatos. Neonazistas em ascensão na Ucrânia, após o Euromaidan, golpe de Estado civil e militar que derrubou Viktor Yanukovych, atearam fogo em um prédio sede de organizações sindicais e do comitê regional do Partido Comunista da Ucrânia: 39 mortos. Comunista, Vadim Papura tinha 17 anos.

Viktor Yanukovytch sofreu um golpe de Estado civil e militar em 2014: guerra híbrida

 

Boaventura de Souza Santos, sociólogo português

‘Europa vê neonazistas como heróis’

Observação de Boaventura de Souza Santos

O pensador

Maior sociólogo do mundo

Renato Dias

Estupefato. Assim diz estar, hoje, o maior sociólogo do mundo, Boaventura de Souza Santos, professor doutor da Universidade de Coimbra, em Portugal, Europa, Velho Mundo

Ucrânia, hoje

O pesquisador observa que Otan, União Europeia, EUA e mídia ocidental corporativa transformam neonazistas que apoiam Volodymyr Zelenskyy em patriotas da Ucrânia.

É ingenuidade da Europa heroificar uma figura ligada ao que de pior a extrema-direita europeia, do continente, já produziu, desabafa o intelectual português, indignado.

Boaventura de Sousa Santos vê riscos para a Europa no seu apoio a Volodymyr Zelenskyy. Motivo: empoderar um político sustentado pelas milícias neonazistas, explica ele.

Stepan Bandera: nazista

É flertar com um possível cenário dramático que viabilizou o surgimento do nazismo e da Segunda Guerra Mundial, atira. Ano de 1939, com o término trágico, em agosto de 1945.

Adolf Hitler

Quais serão os ganhadores da crise, de 2022, questiona. Como em 1945, a crise na Europa trará um boom à economia dos EUA, prevê. À sua indústria militar, crê o cientista social.

Casa Branca, EUA

Neoconservadores dos EUA podem obter vitória depois dos fracassos, vê. A postura de Volodymyr Zelenskyy não me espantaria se fosse estimulada pelos neocons, metralha.

As mortes

Quem orienta-lhe a não se render agrava o sofrimento  humano, sabe que o tempo corre contra a Rússia e que esta é a oportunidade do xeque-mate final contra Vladimir Putin, frisa.

 

Joe Biden

Na contracorrente

O que pensa Bernie Sanders?

O senador dos EUA, Bernie Sanders

Senador dos EUA

 

Renato Dias

Os EUA usam e abusam da Doutrina Monroe, desestabilizam Estados – Nação, financiam a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, criada em 1949, e promovem a sua expansão militar para o Leste Europeu. A observação é do senador Bernie Sanders. A posição da Casa Branca é classificada pelo membro do Capitólio como ” hipócrita”.

 

Macro políticas de segurança nas fronteiras

Bernie Sanders

A Federação Russa tem interesse direto nas macropolíticas de segurança dos países em suas fronteiras, analisa. Progressista, ele aponta raízes complexas e históricas para a guerra. Do que classifica como “tensões”.  Invasão e intransigência não são os caminhos para a resolução do conflito, diz. “A Finlândia optou por não integrar a Otan e ser neutra”.

 

Bernie Sanders
explosivo
explosivo

 

“EUA querem criar novo

Afeganistão na Ucrânia”

Euler Ivo Vieira

É o que afirma o marxista Euler Ivo Vieira

Karl Marx

Renato Dias

O presidente dos Estados Unidos das Américas, Joe Biden, anuncia o envio de dólares e armas para a Ucrânia. Em guerra com a Rússia. A Casa Branca dá sinais que projeta transformar o território em um novo Afeganistão. Para Vladimir Putin. A análise geopolítica é de Euler Ivo Vieira, marxista.

Afeganistão: tragédia humanitária

A ideia é criar um pântano para o Kremlin. A sede do Poder em Moscou. A capital da Rússia. O financiamento das insurgências, até neonazistas adeptos de Stepan Bandera, constituem um estímulo ao nacionalismo para não celebrar um acordo de paz, atira. O que fará com que o conflito continue, afirma ele.

EUA

Os Estados Unidos dobram, hoje, a aposta, registra o velho ativista do ano de 1968. Na suposta derrota militar e política da Federação Russa, insiste. O quadro agrava – se, dispara. Até Volodymyr Zelenskyy encoraja – se e ameaça a Rússia, observa. Ela é a maior potência nuclear do Planeta Terra.

 

As guerras no Afeganistão

Renato Dias

Ucraniano, Leonid Brejnev, o secretário-geral do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, determinou, em 1979, a invasão de Cabul. A capital do Afeganistão. Para manter os seus aliados afegãos no poder político central do País.

Ronald Reagan: EUA [1981-1989]
O suposto guardião mundial da democracia universal, os Estados Unidos das Américas, sob a presidência da República de Ronald Reagan, ator de filmes de cowboy medíocre, financiaram os Mujahedins. A resistência à URSS. Os soviéticos, deixam o País em 1989.

Mikhail Gorbatchev
Mikhail Sergeivitch Gorbatchev

Os talibãs abrem o seu território para os adeptos da interpretação radical do Alcorão. Saudita, Osama bin Laden treina os seus homens da Al Qaeda. Eles explodem as Torres Gêmeas. Data registrada pela História Contemporânea: dia 11 de setembro de 2001.

Osama bin Laden

Uma ordem de George W. Bush, republicano. Esperança de paz, Barack Obama, democrata, mantém guerras no Afeganistão e no Iraque. Depois, promove golpe de Estado de 2014 na Ucrânia. Presidente eleito, Viktor Yanukovytch é deposto e vira exilado político na Rússia.

Barack Obama

Republicano, conservador, referência a Jair Messias Bolsonaro, Donald Trump assina acordo para a retirada das tropas de Cabul. Eleito, o democrata Joe Biden promove uma vexatória saída às pressas. Grupo radical islâmico, o Talibã volta ao Poder de Estado.

A tomada de Cabul pelo Talibã, em 2021, após 20 anos de invasão e guerra promovida pelos falcões dos EUA

 

EUA e Federação Russa

Relações à beira da ruptura

 

Renato Dias

Após o presidente da República dos Estados Unidos das Américas [EUA], Joe Biden, Democratas, chamar o inquilino do Kremlin, sede do Poder da Federação Russa, Vladimir Putin, de ‘criminoso de guerra e ditador assassino’, a Rússia diz que a relação entre as duas potências nucleares e militares estão à beira de uma ruptura. Declaração explosiva

Joe Biden

 

Embaixador dos EUA em Moscou

O Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa teria convocado o diplomata John Sullivan, embaixador dos EUA em Moscou, para entregar uma carta oficial de protesto às intervenções de Joe Biden. Indignas, resume o texto da chancelaria russa. “Ações hostis contra a Rússia serão respondidas de forma dura”, escreveram.

Vladimir Putin
Planeta Terra
Planeta Terra

Nova ordem mundial?

Ela nasce dia 24 de fevereiro de 2022

Frederico Vitor de Oliveira

Especial para o

Portal de Notícias

www.renatodias.online

 

Renato Dias

Não! O dia 24 de fevereiro de 2022 provou que não vivemos o fim da história, ao contrário do que preconizava o cientista político e economista americano, Francis Fukuyama. A Rússia, herdeira dos arsenais nucleares da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ressurgida de vários fracassos econômicos e políticos dos anos 1990, sob o tacão do ex-presidente Boris Yeltsin, há muito deixou claro que se opõe à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção às suas fronteiras.

Boris Yeltsin
Boris Yeltsin

A Federação Russa, governada desde o ano 2000 pelo ex-tenente-coronel da extinta KGB (atual FSB) Vladimir Putin, observou o que estava acontecendo na vizinha Ucrânia, uma república governada por oligarcas russofóbicos de extrema-direita e aliados de Washington. Mais: Kiev tem como mandatário um comediante, Volodymyr Zelenskyy, cujo principal projeto político para seu empobrecido país é de integrar a OTAN, a exemplo das ex-Repúblicas Soviéticas do Báltico (Estônio, Lituânia e Letônia) e dos ex-signatários do Pacto de Varsóvia (Bulgária, Romênia, Polônia, República Checa e Hungria dentre outros). A Revolução Ucraniana de 2014, também chamada ‘Revolução Laranja’, teve início em Kiev a partir de violentas manifestações de protesto, conhecidas como Euromaidan, contra o governo do presidente eleito, Viktor Yanukovych, um aliado de Putin e contrário à adesão da Ucrânia na OTAN e na União Europeia.

Vladimir Putin, ex-KGB, jovem

Os distúrbios, financiado por congressistas americanos e falcões da CIA, rapidamente se intensificaram, levando à deposição de Yanukovytch e à instalação, alguns dias mais tarde, de um governo interino, apoiado por grupos de extrema-direita e de inclinação nazifascistas, seguidores de Stepan Bandera, um colaboracionista dos nazistas quando da invasão das tropas de Hitler na União Soviética, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O presidente deposto refugiou-se na Rússia. Como punição, Putin ordenou que suas forças militares anexassem a Crimeia, Pensísula no Mar Negro, em que se situa a base naval russa de Sebastopol.

O início da guerra Rússia e Ucrânia

A Rússia começou sua operação militar do dia 24 de fevereiro de 2022, com mísseis balísticos (9K720 Iskander), de cruzeiro (3M-54 Kalibr) e ataques aéreos rápidos e precisos em aeródromos ucranianos, sistemas de radar, locais de abastecimento, nós de comunicação, quarteis-generais militares e outros alvos de importância de combate. Além disso, paraquedistas e forças especiais russas desembarcaram atrás das linhas ucranianas e em cima de objetivos importantes, todos combinados com artilharia e ataques com foguetes.

Ucrânia sob forte ataque

A Rússia destruiu todos os sistemas de defesa aérea ucranianos, exceto armas móveis disparados pelo ombro. Os militares russos também destruíram todos os drones ucranianos, ou pelo menos os sistemas de comando e controle. O Exército Russo derrubou todo o poder naval ucraniano, diga-se de passagem. O espaço de batalha eletrônico é totalmente controlado por operadores russos. A este respeito, as forças terrestres ucranianas estão cegas e cercadas. Foram superados pelos sistemas russos que são verdadeiramente de última geração.

Lênin e Leon Trotski

Mas alguém deve estar se perguntando: essa guerra está demorando. Resposta: é melhor se informar sobre o significado das operações profundas e do combate urbano. Os russos podem até escalar o conflito, mas o Kremlin sabe que, ao fazer isso, haverá um saldo muito elevado de baixas civis. Válido lembrar que o Exército Russo vem fazendo planos de “como” lutar na Ucrânia há mais de 300 anos. Isso é algo profundo no DNA militar da Rússia. Nas décadas de 1770-80, Catarina, a Grande, expulsou os turcos de grande parte do que hoje é a Ucrânia, e não apreendeu a Crimeia acidentalmente. Mais recentemente, a Ucrânia foi o local de grandes conflitos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Revolução Bolchevique (1917) e a Guerra Civil Russa e a Segunda Guerra Mundial. Então, no pós-guerra, a Ucrânia era uma pedra angular do estado soviético, repleta de ativos industriais e militares construídos pelos bolcheviques e totalmente coberta pelas doutrinas e planos de defesa de Moscou.

A indústria bélica dos EUA: maior produtora de armas do planeta

A conclusão aqui é que o Estado-Maior da Rússia é bastante capaz de planejar operações de combate dentro e ao redor da Ucrânia. Não é prudente subestimar os planejadores ou equipamentos russos. Não é sensato incorrer ao erro dos analistas militares do Pentágono — Quartel-General das Forças Armadas Americanas — e da OTAN. Duas gerações de líderes e formuladores de políticas dos Estados Unidos e da Europa esqueceram o sábio conselho do antigo chanceler de ferro da Alemanha, Otto von Bismarck, que certa vez brincou: “O segredo da política? Faça um bom tratado com a Rússia”.

Ucrânia, 2022

O Pentágono tem uma compreensão vaga acerca da Rússia e do poderio bélico de suas forças armadas. Não obstante, essa ignorância é incorporada em relação à sociedade russa. Os Estados Unidos simplesmente carecem dessas experiências históricas, culturais, doutrinárias e estratégicas em relação à potência euroasiática. Nenhum militar dos Estados Unidos, de general a soldado, jamais lutou na história moderna em defesa das fronteiras americanas. Os herdeiros do general George Washington, herói militar da independência americana (1776) e primeiro presidente eleito dos Estados Unidos, se especializaram em levar a guerra para longe de casa. Já a Rússia, não.

Afeganistão

A Operação Barbarossa, maior operação militar da história humana, levada à cabo pela máquina de guerra nazista de Hitler contra o território soviético, ainda é viva na memória do povo russo que perdeu 25 milhões de seus compatriotas na Segunda Guerra Mundial. As experiências de combate americanas são muito específicas e o registro militar é bastante decepcionante. Vietnã, Iraque e Afeganistão ilustram bem isso.

Mortos de civis no Afeganistão

As Forças Armadas Americanas, na visão do escritor nascido em Baku, capital do Azerbaijão, especialista em questões militares e navais russas, Andrei Martyanov, são tigres de papel projetadas para combater os países fracos e miseráveis do mundo periférico e subdesenvolvido (Iraque, Afeganistão e Líbia). Enquanto isso, a área de operações em que os russos estão lutando na Ucrânia, até a noite de sábado 05/03, é de aproximadamente do tamanho de um terço do território ucraniano, ou seja, 603.000 km2, um pouco menos das dimensões territoriais do Reino Unido ou do Estado de São Paulo.

Sanções econômicas sobre a Rússia

A devastação econômica que as sanções dos EUA e da Europa impõem à Rússia, a curto prazo podem causar sérios abalos em suas próprias economias. O valor do petróleo e do gás no mercado internacional continuam a aumentar e isso significa, como todos sabemos, a erradicação das indústrias da União Europeia — 40% do gás usado para gerar a energia que alimenta o monumental parque industrial alemão (maior economia europeia e quarta maior do mundo) vem da Rússia por meio do sistema Nord Stream 1 e 2.

A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo. É uma gigante em recursos estratégicos, como metais de terras raras e fertilizantes, dos quais a Rússia e a Bielorrússia representam quase 40% da oferta mundial. A Rússia é uma potência industrial e energética altamente sofisticada, cheia de pessoas bem-educadas. A potência euroasiática tem tudo, desde vastos campos de petróleo e gás até um programa espacial que passou os últimos doze anos levando astronautas americanos ao espaço — inclusive o primeiro e único astronauta brasileiro, o ministro de Ciência e Tecnologia do governo de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Pontes.

Fechar os bancos ou negociar com a Rússia? Moscou pode desligar o gás natural para a Europa. Expulsar a Rússia do sistema internacional de compensação de dinheiro SWIFT? Rússia e China têm um sistema alternativo, Plano B, por assim dizer. Ou a Rússia poderia exigir ouro para a venda de materiais vitais como titânio ou urânio. Isolar a Rússia diplomaticamente? A Rússia pode encerrar a permissão de sobrevoo de companhias aéreas ocidentais, essencialmente desligando grande parte do sistema de comércio aéreo internacional.

Em outras palavras estamos testemunhando fim da velha ordem mundial pós-Guerra Fria em que apenas uma potência (Estados Unidos) e seus vassalos ocidentais (Europa Ocidental) davam as cartas na mesa, para um mundo multipolar em que China e Rússia se consolidam como potências indispensáveis no concerto mundial das nações. Entramos em uma era em que uma superpotência do passado (Rússia), desafia a superpotência do presente (Estados Unidos) e consolida uma aliança estratégica com a superpotência do futuro (China).

Frederico Vitor Oliveira, Jornalista e historiador

 

A guerra Rússia e Ucrânia

 

Contra a guerra bárbara de Putin

Markus Sokol e Jean-Luc Mélenchon

Markus Sokol

É o horror. Não se sabe quantos milhares estão mortos e feridos, mas há mais de 3 milhões de fugitivos da Ucrânia em três semanas de invasão unilateral, ordenada por Vladimir Putin. Um dilúvio de fogo e bombas sufoca as cidades do segundo maior país da Europa. De norte a sul, de leste a oeste. Não é mais uma guerra localizada, é o maior conflito militar no coração da Europa desde a 2ª Guerra Mundial. É urgente estancar a escalada bélica, fazer Putin recuar, acabar com a guerra já.

Havana, hoje

Além dos ucranianos, cuja nação vem sendo destruída, o povo russo sofre com a inflação dos preços dos produtos básicos, em virtude das insanas sanções da União Europeia e dos Estados Unidos. Insanas porque a história ensina que, da Síria ao Irã, passando por Cuba e Venezuela, elas sempre prejudicam os povos. Mas os russos não estão quietos. Apesar da repressão brutal de Putin, milhares de pessoas foram presas por protestar contra a invasão da Ucrânia em dezenas de cidades.

Nicolás Maduro

No último dia 11, os 27 líderes da União Europeia se reuniram para aumentar as despesas militares nos próximos sete anos. Olaf Scholz, premiê socialdemocrata da Alemanha, já ampliara as suas em US$ 110 bilhões. Magdalena Andersson, primeira-ministra socialdemocrata da Suécia, disse que “queria investir em escolas e aposentadorias, mas devemos gastar mais com defesa”. Quem se beneficia com a escalada militar é a indústria de armamentos, os artífices da morte em massa. A União Europeia reduzirá em 60% a importação do gás canalizado russo. Quem lucra com isso é o gás americano, transportado nos “navios-bomba”, aqueles que mais poluem os oceanos. Além disso, a Otan encomendou mais 30 milionários caças F-35 “made in USA”.

Donald Trump

Nenhuma geopolítica, nem a de Putin nem a de Joe Biden, nenhum neonazismo ucraniano —ou o neoczarismo russo; ou ainda o golpismo orquestrado por Donald Trump no assalto ao Capitólio— pode justificar essa guerra por mercados e lucros. Não há lado bom nessa disputa intercapitalista. Não há um “campo progressista”. Há uma nação refém da disputa, a Ucrânia. Nasci na Polônia, perto da fronteira com a Ucrânia, e desde cedo acompanho o que se passa naquela parte do mundo. Também por isso digo: cabe aos ucranianos decidir, democrática e soberanamente, o seu destino. A autodeterminação não é um princípio vago. É um valor que diz respeito a todas as nações.

Vladimir Putin e Jair Bolsonaro, em Moscou _ O Globo

No Brasil, no primeiro dia da invasão, o “Inominável do Planalto” fez cálidos acenos a Putin. Mas seu vice, o estrelado general Hamilton Mourão, disse que sanções não bastam, que é preciso empregar a força bruta. Um e outro querem a guerra. E o povo brasileiro? O “Inominável” diz ter um “plano”: reduzir a dependência de fertilizantes importados (a Rússia é nosso principal fornecedor) —de 80% para 65%— em 30 anos. Trinta anos! O que se faz até lá? E o plantio das safras do próximo ano, quando acabarem os estoques nacionais de fertilizantes?

30

anos

A Guerra – grãos da Ucrânia

O Brasil depende de fertilizantes para ser o maior exportador mundial de proteína animal e grande agroexportador. No entanto, nenhum dos partidos da elite dá importância à guerra que está desordenando a já combalida economia brasileira. Nenhum deles cogita reconstruir o sistema Petrobras —que vem sendo desmantelado desde o governo Sarney e atingiu o paroxismo no mando antipopular do “Inominável”. Ao contrário, querem adaptar o porto de Santos (SP) para receber o gás liquefeito norte-americano.

Luiz Inácio Lula da Silva em dois momentos históricos

A invasão feroz da Ucrânia está na pauta da campanha presidencial, mesmo que a guerra —como queremos— acabe amanhã. Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, já disse em alto e bom som que é contra a guerra, é pela paz imediata. E os demais candidatos, têm algo a dizer? Fraternidade entre os povos, nenhuma intervenção, nenhuma anexação, nem Biden nem Otan, e sim autodeterminação. Que Putin retire suas tropas da Ucrânia. Que a voz dos povos que não querem guerras seja ouvida.

Vladimir Putin

Markus Sokol é economista

 

Julio Turra

Brasil diante da guerra

Julio Turra

Como não poderia deixar de ser, também no Brasil repercute a guerra deflagrada por Putin no coração da Europa, ao ordenar suas tropas a entrar em território da Ucrânia. Governo, partidos, organizações políticas, sindicais e populares tomaram posição a respeito da guerra em curso nos dias que se seguiram ao início da invasão. Na cúpula do governo, com Bolsonaro recém-chegado de sua viagem à Rússia, houve confusão.

General Hamilton Mourão Filho

O general Mourão, vice-presidente da República, foi o primeiro a falar e, dirigindo-se à Otan, pediu providências mais pesadas do que sanções econômicas contra a Rússia, saudoso, certamente, da tradição dos milicos brasileiros de alinhamento automático com os Estados Unidos. Mas tomou um puxão de orelha do “chefe” e sumiu do cenário. Bolsonaro que, tal como Trump e outros direitistas, admira o “perfil” do presidente russo, afirmou a “neutralidade” de seu governo, negando-se a condenar a invasão da Ucrânia, ainda que os diplomatas brasileiros votem resoluções nesse sentido na ONU.

Steve Bannon

Confusão também na base bolsonarista. O agronegócio está apavorado, não só com a falta de fertilizantes importados, mas com a crise econômica que vai se aprofundar com as sanções adotadas pelos EUA e União Europeia contra a Rússia. Entre os bolsominions “ideológicos” há divisão entre os que apoiam o direitista Zelensky (talvez a minoria), e os que seguem os conselhos de Steve Bannon (guru de Trump) e apoiam Putin contra o “globalismo”.

“Paz entre nós, guerra aos senhores”

Este verso da “Internacional” foi substituído por parte da chamada esquerda, no Brasil e outros países da região, por uma espécie de saudade da “guerra fria” que leva a posições como: “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, “se os EUA estão de um lado, estamos do outro”. Isso sem analisar a natureza das forças que estão em conflito, que a URSS não mais existe e sobre seus destroços se ergueram governos que defendem interesses de capitalistas mafiosos e reprimem o seu próprio povo, como é o caso de Putin.

Vladimir Putin

Tais setores substituem os interesses dos povos e a luta de classes por “campos” que opõem governos no tabuleiro da geopolítica. Por isso se alinham com um inexistente Putin “anti-imperialista”, apoiando a sua invasão da Ucrânia. Há os que dizem que é uma “guerra justa”, outros listam nas redes sociais todas as invasões feitas pelo imperialismo dos EUA – que são muitas como sabemos e denunciamos – como se elas justificassem Putin a fazer o mesmo. Mas na hora de dizer “Não à Guerra” travam a língua, pois isso exigiria a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia.

A Central Única dos Trabalhadores

A CUT tirou uma nota no dia do início da invasão russa intitulada “Não à Guerra na Ucrânia”, dizendo “condenar ações militares de quaisquer lados”. O PT, através da sua presidência, tirou uma nota pedindo “o fim das hostilidades”, retirando de circulação nota de sua bancada no Senado que se alinhava com Putin, substituindo-a pela “reafirmação” da posição da presidência. Lula falou contra a guerra, mas alimentou ilusões de que uma ONU “reformada” poderia resolver o conflito.

O que pode abrir uma saída para essa situação terrível é a luta contra a guerra ser abraçada pelos trabalhadores e povos de todo o mundo. É preciso reforçar o movimento que o povo russo já iniciou ao sair às ruas por “Não à Guerra”, desafiando a censura, a repressão e a violência do governo Putin. Essa é uma tarefa também aqui no Brasil. Os povos não estão nem do lado da OTAN, nem de Putin, e nada esperam da ONU, eles estão contra a guerra!

Julio Turra é sociólogo

 

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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