Pesadelos de Caiado
Raio X de uma Era de Crises
Gestão pífia, com falta de planejamento, agenda neoliberal, rejeição alta,
fábrica de dissidências e o crescimento de adversários na corrida eleitoral
Segundo turno à vista
Renato Dias
Retrato de um momento. É a definição básica, clássica, de uma pesquisa eleitoral. Conceito das Ciências Sociais e Políticas. O quadro no Brasil é de crise. Com alto grau de insatisfação do eleitor. O Estado de Goiás não é uma ilha isolada. A narrativa fundada em moralismo udenista não seduz mais corações e mentes. O espaço aos outsiders está fechado. Recall de realizações parece pesar mais que Lawfare. É o traduzem as pesquisas. No Brasil e Goiás
Sob a Pandemia do Coronavírus Covid 12, 25 mil mortos e um milhão e 45 mil contaminados. Com superlotação de UTIs e ausência de tratamento humanizado. A taxa de desemprego atingiu 12,4%. O mercado de trabalho informal explodiu. A informalidade, sem direitos trabalhistas, previdenciários e receita fixa, é de 41,3%. Dados do Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio. Oficiais. O legado de Ronaldo Caiado a 2022.
Estradas engolidas por buracos. Municípios devastados por temporais, altos índices de precipitação pluviométrica e enchentes. Como a Cidade de Goiás. Patrimônio histórico da humanidade. Nada de redução do ICMS. Com alta dos combustíveis, energia e gás de cozinha. A elevação do IPVA. A inflação, em Goiânia, capital do Estado, chegou a índices escatológicos. A fome e a miséria ocupam, em 2022, as ruas da Região Metropolitana.
O Governo do Estado de Goiás não efetuou o pagamento da reposição das perdas salariais com a inflação acumulada, na economia, nos exercícios financeiros de 2019, 2020 e 2021. Nem dá sinais evidentes para 2022. Mais: não quer pagar a data-base das categorias. Longe de estabelecer modernos planos de cargos e salários. Desgastes em efeito cascata. Além do fim e dos batismos de longevos programas sociais com aprovação.
A violência doméstica ou feminicídios, a morte de mulher por questão de gênero, coloca o Estado de Goiás em terceira posição no ranking nacional. Em 27 unidades da Federação. As estatísticas são alarmantes. O que mostra a ausência de Estado e de políticas públicas de proteção à mulher e à infância e à juventude. Inaceitável. Para o século 21. Um retrocesso civilizatório. Tempos sombrios.
A letalidade da ação policial em Goiás aparece em quarto lugar. Atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, que possuem Estado Paralelo controlado pelas milícias e o crime organizado. Levantamento estatístico aponta um crescimento de 18 pontos percentuais. Uma pesquisa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Sob o critério de mortes violentas, Goiás é o segundo nacional.
A área da cultura acabou submetida a um lento, gradual e seguro processo de desmonte dos mecanismos de fomento e das políticas públicas já existentes. A Pandemia do Coronavírus Covid 19 atingiu os bolsos de artistas, intelectuais, produtores de arte, além do fechamento dos cinemas. Assim como de livrarias e de postos de trabalho. Uma descontração perversa. Face neoliberal.
A política de Comunicação da Secom criou mecanismos explícitos de censura. Econômica é a principal. Veículos críticos à Era Ronaldo Caiado, atual inquilino da Casa Verde, não aparecem na lista dos que recebem publicidade estatal. Do Governo de Goiás, Saneago e Detran. A rejeição e o crescimento dos adversários registrados pelo Serpes, primeira rodada, mostram que a sua estratégia de comunicação e marketing errou.
A inflação, em Goiânia, capital do Estado de Goiás, em 2021, com 10,31%, ultrapassou a média nacional. Índices puxados pelos combustíveis de veículos, gás de cozinha e energia elétrica. É a desidratação do bolso do trabalhador. Com transferência de renda para o capital. É a maior taxa registrada nos últimos seis anos. Tragédia anunciada. As despesas crescentes apertam orçamentos familiar e individual e exigem mudanças de estilo de vida
O Brasil aparece, hoje, em último lugar na performance em competitividade e prosperidade em Educação. Registro: em um ranking extenso de 64 países A pesquisa é do IMD World Competitiveness Center. Organismo mundial. Números extraoficiais apontam um quadro com mais de 315 mil adultos analfabetos no Estado. O percentual de moradores em situação de rua elevou-se. A insegurança alimentar também.
Explosivo
Escândalos mancham gestão
Renato Dias
A celebração de um contrato com um escritório de advocacia provocou escândalo e demissões no Governo do Estado de Goiás. Eduardo Macedo e Robson Farias de Lima caíram da Agência Goiás Parcerias.
Ênio Caiado que ocupará a Goinfra acabou transferido para a Goiás Parcerias. Suspeitas provocaram a demissão de Marcos Cabral da presidência da Codego. Nova crise política e institucional no Governo do Estado.
Jorge Caiado, primo do governador do Estado, Ronaldo Caiado, acusou o titular da SSP, Rodney de Miranda. O acusado solicitou o afastamento do cargo. Para formular a sua defesa. Jurídica, política e institucional.
Presidente interina da Saneago e diretora de Gestão Corporativa da empresa de saneamento básico, Silvana Canuto foi afastada dos cargos após suspeitas de irregularidades investigadas pelo MP e PC.
Bate-boca
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do MDB, atacou a gestão de Ronaldo Caiado sob a Pandemia do Coronavírus Covid 19 e afirmou que o inquilino da Casa Verde possuía ‘Transtornos Psiquiátricos’.
Um festival de dissidências a caminho
Acúmulo de desgastes
Renato Dias
O governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado, acumula, hoje, um caminhão desgastes e, como a crônica de uma morte anunciada, deve celebrar a missa de sétimo dia de sua coalizão. Da base aliada.
O inquilino da Casa Verde rifou o atual vice-governador Lincoln Tejota, filho do ex-presidente e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sebastião Tejota. Ele é líder estadual da sigla, de centro, Cidadania.
Humilhação. É o que o ex-presidente da UDR submeteu o ex-ministro das Cidades Alexandre Baldy. Com a demissão do secretário da Cultura, Adriano Baldy. Além do diretor da Assembleia Joel Santana Braga
Não há espaço na chapa majoritária para Lissauer Vieira, do PSB. O presidente do Palácio Alfredo Nasser costura uma chapa competitiva para deputado federal. A legenda? Ah! O PSD, presidido por Vilmar Rocha.
Jorcelino Braga, presidente do Patriota, em Goiás, ex-secretário da Fazenda, rompeu com o Palácio das Esmeraldas e anuncia a pré-candidatura de Jânio Darrot. Ao Governo Estadual. Em 2 de outubro de 2022.
Presidente do PL, Flávio Canedo movimenta – se para filiar o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha. Um dissidente do MDB. Com o capital político de Magda Mofatto e Valdemar Costa Neto.
O PSL quer lançar na corrida ao Governo Estadual o deputado federal Vitor Hugo. Em tempo: um adepto das ideias negacionistas e conservadoras do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [PL].
Homem da Assembleia de Deus, presidente do Republicanos, sigla da Igreja Universal do Reino de Deus, o deputado federal João Campos exige uma vaga ao Senado da República. O cargo mais cobiçado, hoje.
Até Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston e do BC, sonha, acordado, com uma cadeira na Câmara Alta do Congresso Nacional, em Brasília [DF]. O lobo de Wall Street negocia dos três lados.
Não custa lembrar. O deputado estadual Major Araújo não pode nem escutar o nome do governador do Estado de Goiás, ex-senador da República, ex-deputado federal Ronaldo Caiado. Os dois não se bicam. Mal-estar.
O deputado federal José Nelto, líder da bancada federal, do Podemos, e o prefeito de Catalão, Adib Elias, ensaiam o desembarque do projeto de Ronaldo Caiado. O Podemos abriu as portas a Gustavo Mendanha.
O ex-senador e ex-secretário de Estado, empresário Wilder Morais, tenta driblar adversários para concorrer ao Senado. É a missão executada, hoje, por Luiz do Carmo. Dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
O deputado federal e delegado de Polícia Waldir Soares aparece em terceiro lugar na disputa eleitoral ao Senado. Atrás de Marconi Perillo e de Henrique Meirelles. Distantes da Praça Cívica. Centro do poder.
O senador Vanderlan Cardoso [PSD] teve uma sessão de cochichos com Marconi Perillo. Na pauta: cenários políticos no Brasil e em Goiás. O PSD é presidido por Vilmar Rocha, velho aliado de Marconi Perillo.
Flerte com campo progressista
Renato Dias
Luiz Inácio Lula da Silva, líder das pesquisas ao Palácio do Planalto, fixou o olhar no para-brisa, esqueceu o retrovisor e conversou com Aloysio Nunes, José Aníbal e até com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Cardeal tucano, Marconi Perillo é assediado, hoje, por Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, cotado para ocupar a vice e a um passo de filiar-se ao PSB.
O PSDB, em Goiás, em sua maioria de filiados, descarregou votos, nas prévias internas, no governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Com ideias modernas. Longe da velha política hegemônica no Brasil.
Presidente licenciado do PSDB Estadual, o advogado José Éliton acena à Federação de Centro-Esquerda. Com Luiz Inácio Lula da Silva. Um sinal de que a construção de um palanque único, em Goiás, é possível.
O senador José Aníbal [PSDB-SP] diz que João Dória ganhou as prévias,tem rejeição alta, está parado nas pesquisas, vê Lula querer construir base parlamentar sólida e aprova Geraldo Alckmin à vice. Bom nome, atira
Identidades programáticas: alianças
PT, PSB, frações do PSDB, PV, PC do B, Rede, PCO
Renato Dias
Nascido em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, em São Paulo, o PT abandonou, em 14 anos de poder, o programa original socialista por um reformismo fraco. Conceito formulado por André Singer [USP], sociólogo.
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva quer executar, hoje, um neokeynesianismo de centro-esquerda. Welfare State. Estado do Bem-Estar Social. Nada distante da socialdemocracia da fundação do PSDB.
O centro da tática, no Brasil, é derrotar Jair Bolsonaro. Assim como, em Goiás, sepultar agenda neoliberal e conservadora do atual governador do Estado, Ronaldo Caiado. A Pesquisa Serpes mostra o caminho.
Luiz Inácio Lula da Silva lidera, isolado, no Estado, a corrida. Não possui palanque com musculatura. Wolmir Amado amarga 0,4%. Marconi Perillo é o segundo à Casa Verde e o primeiro ao Senado. Henrique Meirelles, 2°.
Plataforma republicana
Tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Marconi Perillo foram alvos da Lawfare. Os dois querem programas sociais, papéis do Estado na Saúde, Educação e Cultura. Com MDB de adversário: Daniel Vilela e Michel Temer.
PT, PSB, frações do PSDB, PV, PC do B, Rede, PCO possuem identidades programáticas. Republicanas e não patrimonialistas. Com inclusão social, cidadania e democracia. Em tempos sombrios, alianças, em 2022.