Vala de Perus As ossadas ‘falam’. Não existem crimes perfeitos
30 anos depois
Vala de Perus
As ossadas ‘falam’. Não
existem crimes perfeitos
Livro-reportagem, com pegada de thriller político e estilo de romance histórico, de autoria do jornalista Camilo Vannuchi, é uma ferida aberta que não cicatriza. Mesmo 30 anos depois

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Frases
Vala de Perus reabre as feridas abertas dos crimes da ditadura civil e militar
Camilo Vannuchi
Os Esquadrões da Morte possuíam salvo-conduto para matar negros, pobres e favelados
Camilo Vannuchi
Os mortos são mais do que 434. Pelo menos oito mil indígenas e quase dois mil camponeses
Camilo Vannuchi
Não houve uma ditabanda
Camilo Vannuchi
Vala de Perus: Uma Biografia faz um paralelo com a atualidade
Camilo Vannuchi
As ossadas estão na Unifesp
Camilo Vannuchi
Renato Dias
De dez até, quem sabe, 42. É o número de corpos de guerrilheiros desaparecidos políticos que podem ser identificados oriundos da Vala Clandestina, do Cemitério de Perus, São Paulo. Fosso com 30 m de comprimento, 50 cm de largura, com 2,70 m de profundidade. Descoberta em 4 de setembro de 1990. Cinco anos após a instalação da chamada Nova República [?]. Trinta anos depois. Em 2020. Investigação iniciada à época pelo repórter Caco Barcelos e revelada com exclusividade ao jornalista por um funcionário público municipal com peso de consciência.
Trinta anos depois, o repórter investigativo, Camilo Vannuchi, traz informações exclusivas das múltiplas e entrecruzadas histórias. Crimes de lesa-humanidade. Imprescritíveis. Como estabelece o Direito Internacional. Com estilo autoral. Um ‘mix’ de livro-reportagem, com pegada de thriller político e estilo de romance histórico. Como o de Leonardo Padura, cubano, em sua obra seminal ‘O homem que Amava os Cachorros’. Vítimas da ditadura civil e militar [1964-1985]. Noite que durou 21 anos. Tempos Sombrios. Sob a tutela da Autocracia Burguesa.

Cinco casos de desaparecimentos forçados foram desvendados. Com a identificação dos corpos. A entrega das ossadas. Aos familiares. Flávio Carvalho Molina, ativista do Molipo. Dissidência da ALN. A Ação Libertadora Nacional. O Grupo dos 28, Primavera ou Outono fora criado no ano de 1970. Em Havana, Cuba. Ele foi executado extrajudicialmente. Em 6 de novembro de 1971. Frederico Eduardo Mayr morreu em 23 de fevereiro de 1972. Um quadro também do Molipo. Dimas Casemiro, Movimento Revolucionário Tiradentes cai em 17 de abril de 1971.

Denis Casemiro, Vanguarda Popular Revolucionária, fuzilado dia 18 de maio de 1971. Desaparecido em 20 de maio de 1971, O sumiço, em 20 de janeiro de 1971, de Aluisio Palhano, dirigente da Vanguarda Popular Revolucionária [VPR], foi elucidado em 2018. Explosivas, a histórias compõem os capítulos do livro Vala de Perus: Uma Biografia, 336 páginas, R$ 60,00, publicado pela Alameda Editorial, site: www.alamedaeditorial.com.br. O prefácio é de Caco Barcelos, da TV Globo. O livro é dedicado a Paulo Vannuchi, ex- ALN, seu pai, ex-ministro da SEDH

Mulher, nordestina, assistente social, à esquerda no PT, Luiza Erundina tinha sido eleita vereadora, em São Paulo, no ano de 1982. Quadro anos depois, deputada estadual em 1986. Já em 1988, derrota a Articulação dos 113, de Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu de Oliveira e Silva, que bancaram e perderam com Plínio Arruda Sampaio, na convenção do PT, e ganha as eleições para a Prefeitura Municipal de São Paulo. Uma revolução. Paulo Salim Maluf, prefeito da Capital que construíra o Cemitério de Perus, em março de 1971, amarga a derrota eleitoral.

Prefeita de São Paulo, Luiz Erundina é peça-chave nas investigações. Da Vala de Perus. Assim como a Unicamp. Com o médico-legista Fortunato Badan Palhares. Profissional que acabaria processado por suposta negligência. Com os 1.049 sacos plásticos que contém as ossadas de mortos pela ditadura civil e militar, por agentes do Estado, Forças Armadas, Deops, DOI-CODI e de negros, pobres, favelados pelo Esquadrão da Morte, liderado pelo delegado de Polícia, com os olhos esbugalhados e as veias abertas pelo consumo de cocaína, Sérgio Paranhos Fleury.
Violência do Tempo Presente
A violência contra negros, pobres e favelados é uma herança da Casa Grande e Senzala. A Vala Clandestina, diz Camilo Vannuchi, era o depósito dos restos mortais das vítimas da violência do Estado. Políticas de Estado que persistem até, hoje. Em 2020. Sob a presidência da República de Jair Messias Bolsonaro. Jornalista, Bruno Paes Manso aponta a existência de uma República de Milícias. ‘Cadê o Amarildo?’, pedreiro desaparecido no Rio de Janeiro, recorda-se o autor. Vala de Perus: uma Biografia é uma referência para o Tempo Presente e mais do que urgente.
_ Necessária!
Serviço
Lançamento
Livro: Vala de Perus: Uma Biografia
Dados: 336 páginas
Valor: R$ 60,00
Publicação: Alameda Editorial
Site: www.alamedaeditorial.com.br
Prefácio: é de Caco Barcelos, da TV Globo
Livro é dedicado: a Paulo Vannuchi
Números
Saiba mais
1.049
Número de
sacos achados
na Vala
Clandestina
5
Número de
militantes
identificados
pelos peritos
42
Número de
desaparecidos
que podem ser
encontrados
1971
O ano da
abertura
do Cemitério
de Perus [SP]
1990
4 de setembro.
A abertura
da Vala
Clandestina