O sepultamento de um filho
A inversão da lógica do relógio da História
Renato Dias
O corpo jaz no caixão. Uma bandeira do Vila Nova Futebol Clube, o maior do Centro-Oeste do Brasil, a encobri-lo. Uma antiga estrela do PT vermelha e branca, fabricada na década de 1980, do século 20, a emoldurar a imagem fúnebre. Estudante de História, portador de Autismo, sobreviveu 24 anos. O pai, inconsolável, Marcus Vinicius de Faria Felipe, jornalista, derrubava lágrimas. A mãe, administradora e assessora parlamentar, Leila Cristina havia sido devorada pela tragédia. A morte do doce Luiz Felipe de Assis Faria.
Inerte, ele era o alvo do pranto. O motivo da dor que corroía – lhe a alma. Luto inesperado. Graduada, mestre e doutora em História, a professora Maria Helena de Brito parecia encolher-se na fragilidade. Na 3ª idade, Guilherme de Oliveira Brito, portador de diabetes, depressão, TOC, hipertensão, jornalista, historiador e intelectual orgânico pregou uma peça na História e partiu primeiro do que a sua mãe. A quem dedicou – lhe atenção integral desde o início da Pandemia. A doença que ceifou 700 mil vidas no Brasil.
Guilherme de Oliveira Silva Brito e Luiz Felipe de Assis Faria morreram no mesmo dia: 7de abril de 2022. Os dois acalentavam sonhos. Primeiro, o da volta do ex-operário metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. Para reconstruir um Estado-Nação devastado pela escalada fascista, regressiva, autoritária. Segundo, testemunhar a ascensão do Tigrão à Série A do futebol brasileiro. Sinais de que a vida é um sopro. Não conseguiram ver o projetado. Aos 60 anos de idade e aos 24 anos de vida, respectivamente. O luto consome-nos.
Missa de 7º dia
A missa de sétimo dia em memória de Guilherme de Oliveira Brito é, hoje, 13 de abril, às 19h, na Paróquia Mãe de Misericórdia, Rua 106 A, Setor Sul, a ser celebrada pelo padre César Garcia. Próxima tanto da Praça do Ratinho quanto do Colégio Externato São José. Uma celebração religiosa em intenção do estudante de História Luiz Felipe de Assis Faria ocorrerá, hoje, às 19h30, no Salão Paroquial Padre Cesário, à Avenida Dom Fernando, Chácara do Governador. Após o Parque das Laranjeiras. Lágrimas aos dois.
