Um poema para Hugo
Ademir Hamu
Tão frágil
Profundo
Melancolicamente belo.
Hugo
Dos urros famintos das onças erradias.
Das noites turvas
Do céu sem lua,
E das terras bárbaras de gente forte.
Tão grande
Só
Como o único livro que escreveu.
Cansaço
Tédio
Enjoo
Tortura
Ideias sombrias,
Destilando amargor embebidos em fel.
A imaginação galopada
Arde-lhe cérebro e coração.
A pena nervosa
Fere languidamente o papel
Na escuridão nebulosa da noite.
Sua alma de ave
Deixou- se abater
Afeiçoada ao infinito.
Renunciava a toda sorte de pretensão
Partiu!
Como partem os pesarosos
E os desiludidos,
Cegos pela cortina do inconformismo,
Deslumbrando o diorama soberbo das visões estranhas.