A tragédia dos Yanomami
Nacional

Auschwitz é Yanomami

 

Tragédia humanitária

Crônica de uma morte anunciada

 

Renato Dias 

Auschwitz é em Roraima [RR]. Na maior reserva indígena demarcada no Brasil. Uma tragédia humanitária. Mais: um genocídio contra os ‘indesejáveis’ por Jair Messias Bolsonaro [PL]. Uma de suas heranças malditas. Um quadro de desnutrição aguda, infecções respiratórias, malária, doenças diarreicas. Catástrofe. Escândalo mundial. É o raio X dos Yanomamis, hoje.

Fome, doenças, miséria, abandono

A área de garimpo pulou, hoje, de 1.200 para 3.272 hectares. Um posto local de saú­de, Unidade Básica de Saúde, chegou a ser destruído após um grave ataque. Uma menina Yanomami, de 12 anos de idade, foi estuprada, morta e o seu corpo franzino jogado no rio, em Aracaçá. Total falta de assistência sanitária [2016-2022]. Michel Temer e Jair Messias Bolsonaro.

A mulher acima não suportou e morreu

Assédio, exploração sexual infanto-juvenil, violência e mortes. É o cenário ocupado por grileiros, garimpeiros, pesca ilegal e até o narcotráfico. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigam, hoje, suspeitas de desvios de recursos do erário e de medicamentos que seriam destinados aos Yanomamis. A desintrusão é urgente.

Damares Alves

Levantamento estatístico do Ministério da Saúde aponta ainda que, em 2022, sob Jair Messias Bolsonaro, além de Damares Alves, ocorreram 570 mortes de crianças do Povo Yanomami. Por fome, desnutrição, malária e patologias provocadas por mercúrio. Trata-se de uma substância química tóxica usada no garimpo ilegal realizado na região.

Tristeza não tem fim

O sinal verde, de 2019 ao ano de 2022, para a operação de grileiros, com o crescimento vertiginoso do garimpo ilegal, que polui com mercúrio os rios, a pesca não autorizada e a extração de madei­ra produziu o caos. A penúria da etnia é inaceitável, diz o ministro do STF Gilmar Mendes. Mi­nistro da Justiça, Flávio Dino, abriu inquérito para apurar crime

A crueldade contra a inocência

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva [PT], in loco, decretou, dia 22 de janeiro de 2023, o Estado de Calamidade Pública no Território Indígena Yanomami. Já o Ministério da Saúde anuncia o decreto de crises sanitária e humanitária. A União liberou alimentação, remédios, equipes de saúde com ampla rede de infraestrutura.

Negacionista, Jair Messias Bolsonaro, de Miami, Estados Unidos das Américas [EUA], tenta des­ven­cilhar-se do escândalo mundial e vê uma suposta “Farsa das Esquerdas”. Trinta mil Yanomamis passaram fome no ano passado e 20 mil garimpeiros e agentes do agronegócio, assim como do crime organizado, teriam invadido a reserva.

Indivíduos podem ser processados, julgados e condenados, em 2023, pelo Tribunal Penal Internacional [TPI]. O Tribunal de Haia surgiu em 2002. Ele é fundado no Estatuto de Roma. Documento formulado em 1998. O TPI tem a anuência de 123 países. Os crimes julgados são de Lesa-Humanidade, Genocídio e de Guerra. As mortes dos Yanomamis podem responsabiliza-lo.

Tribunal Penal Internacional de Haia _ TPI

Jair Bolsonaro no Tribunal de Haia 

Políticas Públicas planejadas e calculadas para a destruição dos Povos Originários, dos Yanomamis, em particular, Amazônia Legal, para desobstruir os projetos de garimpo, da pesca predatória, da exportação ilegal de madeira. A observação é de Silvio Costa, um marxista, professor doutor em Sociologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. “Operações aprovadas por Jair Messias Bolsonaro, Ricardo Salles e Damares Alves”.

Silvio Costa

Crimes tipificados de genocídio e de Lesa-humanidade. É o que revela o intelectual público. Calamidade total, lamenta. Não é possível mais permitir a continuidade da devastação dos biomas, a poluição dos rios, registra. É indispensável a articulação dos Ministérios dos Povos Originários, do Meio Ambiente, da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos, atira. Punição aos responsáveis, sem anistia, ele dispara.

A escalada de mortes de membros dos Povos Originários Yanomamis, os discursos etnocêntricos, além da ausência deliberada de Políticas Públicas da União são provas robustas que podem levar o ex-inquilino do Palácio do Planalto Jair Messias Bolsonaro [PL] ao Tribunal Penal Internacional, de Haia, afirma o professor doutor da Faculdade de Ciências Sociais [UFG], especialista em Direitos Humanos, Carlos Ugo Santander.

Carlos Ugo Santander

 

É possível, sim, leva-los ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, afirma o professor doutor da Faculdade de História, da UFG, David Maciel. Pela crise Yanomami, declara. Em perspectiva de extermínio, destaca. A sua criminalização deve ocorrer também pela tentativa de golpe de Estado civil e militar no Brasil, armado, além de 700 mil mortes na Pandemia do Coronavírus Covid, no País, diz. É preciso extradita-lo, fuzila.

David Maciel, doutor em História, da UFG
David Maciel

Ao negar direitos aos Yanomamis, sob a sua gestão, de 2019 a 2022, o ex-presidente da Repú­blica Jair Messias Bolsonaro cometeu os crimes de Lesa-Humanidade e genocídio. O suficiente para ser processado, julgado, com direito à ampla defesa, contraditório, e condenado. Pelo Judiciário e TPI, crê o sociólogo e mestre em História, Paulo Henrique Costa Mattos, professor da Uni­versidade de Gurupi. Pesquisador da violência no campo.

Paulo Henrique Costa Mattos

Sociólogo, de São José dos Campos [SP], Guilherme Soares informa ao Portal de Notícias www.renatodias.online que o quadro dos Yanomamis é, hoje, de crime de Lesa-Humanidade. O que fere os direitos humanos, define-o. Atentado contra a vida, resume. Uma afronta contra os Povos Originários, diz. Jair Messias Bolsonaro deve, sim, ser processado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, recomenda.

Guilherme Soares

Graduado em Jornalismo pela UniAlfa, formado em História na Universidade Estadual de Goiás [UEG], especialista em Geopolítica Mundial, Frederico Vitor de Oliveira pontua que Jair Messias Bolsonaro deve parar no banco dos réus por crimes de responsabilidade de genocídio, além de Lesa-Humanidade e de violações dos direitos humanos, na Reserva Indígena Yanomami, na Raposa do Sol, em Roraima.

Frederico Vitor de Oliveira

Graduado e mestre em Sociologia, Fernando Silva propõe a extinção, o banimento, do garimpo no Brasil. Os brancos apesar de terem olhos não enxergam nada, o pesquisador cita o trecho de um livro. Povos Originários, Xerentes, Krahôs, Guarani Kaiowá, Yanomamis são alvos de violência na História, metralha. A crise humanitária é produto da Era Jair Messias Bolsonaro, crê. Crimes de Lesa-Humanidade, resume.

Fernando Silva

 

A Reserva Yanomami

Demarcada em 25 de maio do ano de 1992, com 9665 hectares, oito etnias, quase 30 mil habitantes, localizada no Norte, nos estados de Roraima e Amazonas, definida Região da Amazônia Legal, histórica Reserva Indígena Yanomami registra 3.272 hectares de terras devastadas, alto nível de poluição dos rios, que concentram mercúrio, responsável pela degradação da saúde de crianças, adultos e idosos. Mais:  conflitos armados já foram registrados na área. Como? Pelos grileiros de terras, devastadores, pescadores ilegais e até os narcotraficantes. Um caos total.

 

explosivo
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Veja

Ex-chefes de Estado já condenados 

 Charles Taylor_É o ex-presidente da Libéria. De 1997 a 2003. Indiciado em 2003 por crimes contra a Humanidade e de guerra sob a guerra civil em Serra Leoa. Com 120 mil mortos entre 1991 e 2001. Ele acabou preso em 2006, na Nigéria, acusado de ter fornecido armas e munições em troca de diamantes aos rebeldes de Serra Leoa. O julgamento, transferido de Freetown para Haia por razões de segurança ocorreu de junho de 2007 a março de 2011. No Tribunal Especial para Serra Leoa.

Laurent Gbagbo _ É o o ex-presidente da Costa do Marfim. Ele foi detido em abril de 2011. Depois transferido para Haia e detido na cidade. O Tribunal Penal Internacional [TPI] solicitou a sua prisão.  Acusado de ser “coautor indireto” de crimes contra a Humanidade cometidos por suas forças entre dezembro de 2010 e abril de 2011. Após as eleições presidenciais. Violência que deixou 3.000 mortos.

Slobodan Milosevic _É o ex-presidente da ex _ Iugoslavia. De 1997 a 2000. Indiciado em 1999 pelo Tribunal Penal Internacional e levado para Haia em junho de 2001. O primeiro chefe de Estado levado à justiça internacional. Morreu em sua cela em março de 2006. Crimes: genocídio, crimes contra a Humanidade e de guerra.

Khieu Samphan _ O ex-chefe de Estado da “Kampuchea Democrática”. Preso em 2007.  Acusado de genocídio, crimes contra a Humanidade e de guerra.

Omar Al – Bashir _ É o ex-presidente do Sudão.  Alvo de uma ordem de prisão desde março de 2009. Pelo TPI. Acusação de crimes contra a Humanidade, pela guerra em Darfur e de genocídio. O conflito em Darfur, que começou em 2003, deixou 300.000 mortos, segundo a ONU.

Auschwitz na História 

Auschuwitz

O campo de concentração de Auschwitz foi uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia. Operados por Adolf Hitler e colaboracionistas. A Polônia havia sido anexada pela Alemanha Nazista e uma parte pela URSS stalinista. É o maior símbolo do Holocausto. O extermínio de judeus. Sob a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945. Adolf Hitler construiu campos de concentração e um de extermínio na área A razão direta para sua construção teria sido às prisões em massa dos judeus. Veja: o mais vasto dos campos de concentração.

 

Silvio Costa

 

 Frederico Vitor de Oliveira

David Maciel

 

 

 

Para chorar com o repórter

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 20 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 20 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. 

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