Bethânia: subversiva e comunista
Registros do Dops
Nossa Senhora, o palco, a diva da música popular brasileira
Renato Dias
_Não me arrependo de nada do que fiz
Nascida em Salvador, na Bahia, a Terra de Todos os Santos, com a carreira iniciada aos 17 anos, impulsionada por Nara Leão, a musa da bossa nova, a cantora de MPB Maria Bethânia, de inconfundível voz rouca, teve os seus passos sob uma constante vigilância e monitoramento. Por agentes do Dops. Um dos órgãos de repressão política do Estado. Sob a ditadura civil e militar. Em 1965, 1966 e 1968, o ano que não terminou.
_ Dops: subversiva. Versos comunistas
Caetano Veloso, seu irmão, e Gilberto Gil, cantores e compositores, dois ícones do Tropicalismo, foram presos, tiveram os seus longos cabelos raspados e exilados, em 1969, em Londres, Inglaterra. Logo depois, de madrugada, Maria Bethânia também acabou levada à prisão e solta. Com uma exigência. A de retornar toda quarta-feira ao local. Durante 365 dias consecutivos. Ah! Motivo: um livro de Reynaldo Jardim.
_ O palco é um espaço divino
Para andar descalça, fuzila. Já as minhas opiniões políticas estão nas músicas e nos shows, metralha. Com Nossa Senhora de padroeira, ela diz que a sua voz é um dom de Deus. Caetano Veloso seria o mestre do seu barco. Um gênio, define – o. Um irmão de feitura de santo, crê. Com a linguagem da cultura afro-brasileira. Madeixas longas, grisalhas, dedos inundados por anéis, diz que a Mangueira é sua Escola de Samba.
Trecho da letra de Carcará