Rosemar Cardoso Maciel
Política

Uma árvore do MST a Honestino

Ato será sábado, 6 de agosto,9h

38 anos de histórias nas lutas dos trabalhadores

Assentamento em Palmeiras de Goiás

Honestino Monteiro Guimarães – UNE

 

Renato Dias

Adepto das ideias de Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Ilich Ulianov [Lênin] e de Ernesto Guevara de La Serna, o engenheiro elétrico, sindicalista, membro da Frente Brasil Esperança, Rosemar Cardoso Maciel, participa, sábado, 6 de agosto de 2022, de ato do MST, Assentamento de Palmeiras de Goiás. Com Valdir Misnerovicz [PT].

Uma casa de madeira, alimentos orgânicos e vida em comum

Rosemar Cardoso Maciel

Ernesto Che Guevara

Produtor agroecológico, um homem que constrói uma casa de madeira próximo de Bela Vista, revela que irá plantar uma árvore que possui longa vida em memória de Honestino Monteiro Guimarães. Nascido em Itaberaí [GO]. Ex-presidente da UNE, preso, assassinado e que teve o corpo desaparecido. Desde outubro de 1973.

Lula, Alckmin, Denise Carvalho, Valdir Misnerovicz e Mauro Rubem

Rosemar Cardoso Maciel 

Valdir do MST

Rosemar Cardoso Maciel defende a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin. Assim como o nome de Denise Carvalho ao Senado. Com Valdir Misnerovicz a deputado federal. Mauro Rubem de Menezes para Assembleia Legislativa. Poeta, ele afirma adorar Pablo Neruda e Carlos Drummond de Andrade. “Ícones”.

É indispensável derrotar Jair Messias Bolsonaro já no primeiro turno

Rosemar Cardoso Maciel

Jair Messias Bolsonaro – O Estado de S. Paulo

 

Dica de leitura

Paixão de Honestino, de Betty Almeida

Novo Canto de Amor a Stalingrado

Pablo Neruda

Escrevi sobre a água e sobre o tempo,

descrevi o luto e seu metal acobreado, 

escrevi sobre o céu e a maçã,

agora escrevo sobre Stalingrado.

As noivas já guardam no seu lenço

raios de meu amor enamorado,

meu coração agora está no solo,

na fumaça e na luz de Stalingrado.

Já toquei com as mãos a camisa

do crepúsculo azul e derrotado:

agora toco a própria luz da vida

nascendo com o sol de Stalingrado.

Sinto que o velho-jovem transitório

de pluma, como os cisnes adornado,

despe a roupagem de seu mal notório

por meu grito de amor a Stalingrado.

Ponho minh`alma onde quero.

E não me nutro de papel cansado

temperado de tinta e de tinteiro.

Nasci para cantar a Stalingrado.

Minha voz esteve com teus inúmeros mortos

contra teus próprios muros esmagados,

minha voz soou como o sino e o vento

vendo-te morrer, Stalingrado.

Agora americanos combatentes

brancos e escuros como a romã,

matam no deserto a serpente.

Já não estás a sós, Stalingrado.

França volta às velhas barricadas

com pavilhão de fúria hasteado

sobre as lágrimas recém derramadas.

Já não estás a sós, Stalingrado.

E os grandes leões da Inglaterra

voando sobre o mar de furacões

cravam as garras na parda terra.

Já não estás a sós, Stalingrado.

Hoje abaixo de suas montanhas de escarmento

não estão apenas os teus enterrados:

tremendo está a carne de teus mortos

que tocaram tua frente, Stalingrado.

Teu aço azul de orgulho construído,

seu cabelo de planetas coroados,

teu baluarte de pães divididos,

tua fronteira sombria, Stalingrado.

Tua Pátria de louros e martírios,

o sangue no teu esplendor nevado,

o olhar de Stálin sobre a neve

tingida com teu sangue, Stalingrado.

As condecorações que teus mortos

colocaram sobre o peito transpassado

da terra, o estremecimento

da morte e da vida, Stalingrado.

O sal profundo que de novo traz

ao coração do homem estremecido

com a rama de vermelhos capitães

saídos de teu sangue, Stalingrado.

A esperança que se rompe em seus jardins

como a flor da árvore esperada,

a página gravada de fuzis,

as letras de sua luz, Stalingrado.

A torre que concebes nas alturas,

os altares de pedra ensanguentados,

os defensores de tua idade madura,

os filhos de tua pele, Stalingrado.

As águias ardentes de tuas pedras,

os metais por tua alma amamentados,

os adeus de lágrimas imensas

e as ondas de amor, Stalingrado.

Os ossos dos assassinos feridos,

os invasores de pálpebras fechadas

e os conquistadores fugitivos

atrás de sua centelha, Stalingrado.

Os que humilharam a curva do Arco

e as águas do Sena transpuseram

com o consentimento do escravo,

se detiveram em Stalingrado.

Os que a bela Praga sobre lágrimas,

sobre o emudecido e o traído,

passaram pisoteando suas feridas,

morreram em Stalingrado.

Os que na gruta grega esculpiram

a estalactite de cristal quebrado

em seu clássico azul escasso,

agora onde estão, Stalingrado?

Os que a Espanha incediaram e dividiram

deixando o coração encarcerado

dessa mãe de ensinos e guerreiros,

se puseram a seus pés, Stalingrado.

Os que na Holanda, água e tulipas

salpicaram no lodo ensanguentado

e derramaram o açoite e a espada,

agora dormem em Stalingrado.

Os que na branca noite da Noruega

Um uivo de chacal soltaram

incendiando esta gelada primavera,

emudeceram em Stalingrado.

Horror a ti pelo que o ar traz,

o que se há de cantar e o cantado,

horror por tuas mães e teus filhos

e teus netos, Stalingrado.

Horror ao combatente da névoa,

horror ao comissário e ao soldado,

horror ao céu por traz da tua lua,

horror ao sol de Stalingrado.

Guarda-me um pedaço de violenta espuma,

guarda-me um rifle, guarda-me um arado,

e que o coloquem em minha sepultura

com uma espiga vermelha de teu estado,

para que saibam, se há alguma dúvida,

que morri amando-te e que me tens amado,

e se não estive combatendo em tua cintura

deixo em tua honra esta granada escura,

este canto de amor a Stalingrado.

Stalingrado

Carlos Drummond de Andrade

Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!

O mundo não acabou, pois que entre as ruínas

outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,

e o hálito selvagem da liberdade

dilata os seus peitos, Stalingrado,

seus peitos que estalam e caem,

enquanto outros, vingadores, se elevam.

A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.

Os telegramas de Moscou repetem Homero.

Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo

que nós, na escuridão, ignorávamos.

Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,

na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,

no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,

na tua fria vontade de resistir.

Saber que resistes.

Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.

Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.

Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.

Saber que vigias, Stalingrado,

sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes

dá um enorme alento à alma desesperada

e ao coração que duvida.

Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!

As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.

Débeis em face do teu pavoroso poder,

mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,

as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,

aprendem contigo o gesto de fogo.

Também elas podem esperar.

Stalingrado, quantas esperanças!

Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!

Que felicidade brota de tuas casas!

De umas apenas resta a escada cheia de corpos;

de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.

Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas fábricas,

todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,

mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,

ó minha louca Stalingrado!

A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,

apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,

caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,

sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?

Uma criatura que não quer morrer e combate,

contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,

contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,

contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,

e vence.

As cidades podem vencer, Stalingrado!

Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga.

Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.

Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,

a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem

Rosemar Cardoso Maciel

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 20 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 20 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. 

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