Desilusão, poeira e fé
‘El Último País’, no Cine Cultura
Um filme que mostra Cuba, hoje. De Gretel Marín
Renato Dias
Desilusão radical, temperado com um ‘patriotismo empoeirado fomentado’ pelo Estado Nacional, com uma pitada de fios tênues de esperança. Os três eixos que movem o documentário ‘El Último País’. Uma viagem à Cuba. Pela capital Havana e às estradas, rodovias e ruas sem asfalto da pátria- mãe do socialismo realmente existente.
A realizadora Gretel Marín volta à ilha do Caribe, de 11 milhões de habitantes
Nascida em Cuba, radicada na França, com passagens tanto pela África quanto pelo Brasil, a realizadora Gretel Marín volta à ilha do Caribe, de 11 milhões de habitantes, para testemunhar as expectativas de mudanças, em 2015. Com o reatamento das relações com os Estados Unidos das Américas. Por Barack Obama e Raúl Castro. Depois, cancelado pelo pato republicano Donald Trump.
Lenta, segura e gradual. As reformas estão distantes
Lenta, segura e gradual. As reformas estão distantes. O Estado é controlado por apenas uma legenda, o Partido Comunista [PCC]. Não há eleições diretas para presidente da República, governadores, províncias, nem liberdade de imprensa. Cadeias mantém dezenas de presos políticos. Rebeldes. Sindicatos sob tutela estatal. O ensino possui doutrina ideológicas à guerra fria.
Com reduzidos investimentos, a internet é a nova febre. Selfies por atacado.
Com reduzidos investimentos, a internet é a nova febre. Selfies por atacado. Uma imagem de Fidel Castro Ruz, já na terceira idade, mostra uma Cuba ainda ancorada no século XX. Revolucionário em 1959, depois do longevo exercício do poder, 49 anos consecutivos, ele virou ditador que seduz mais os turistas do que a nova geração de crianças, jovens e adultos.
De 1959 a 2022, a população de Cuba aguarda os frutos da revolução
De 1959 a 2022, a população de Cuba aguarda os frutos da revolução de Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cinfuegos. Socialista pós-1961. Uma economia frágil, com subdesenvolvimento dos setores primário, secundário e terciário, atraso tecnológico, que hipertrofia o Estado e socializa a miséria. Um retrato fiel. Das duras condições de vida e trabalho em Cuba.
A construção de uma ponte que pudesse ligar Cuba à América do Norte e de lá à Europa esvaziaria o País
A construção de uma ponte que pudesse ligar Cuba à América do Norte e de lá à Europa esvaziaria o País, afirma um entrevistado à diretora de ‘El Último País’. Os trabalhadores da área de turismo e os médicos têm mais acesso às vantagens materiais. Não com desigualdade abissal. Direção é de Gretel Marín. Com Belém de Oliveira e Wadih Elkady, na produção-executiva. Rogério Sobreira, trilha musical.
Serviço
Direção _ Gretel Marín
Produção executiva _ Belém de Oliveira e Wadih Elkady
Trilha sonora _ Rogério Sobreira
Em cartaz no Cine Cultura _ 18h30