José Anselmo dos Santos
Nacional

A morte do facínora

Cachorro, direito a enterro e luto

José Anselmo dos Santos

José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo

O marinheiro que delatou para a morte

Cabo Anselmo jovem

É enterrado sob nome falso de Alexandre da Silva Montenegro

Renato Dias

Codinome Clemente, o último comandante militar da ALN, a Ação Libertadora Nacional, já suspeitava que José Anselmo dos Santos, líder da revolta dos marinheiros em 1964, virara cachorro. Ativista de esquerda que muda de lado, colabora com a repressão da ditadura civil e militar e entrega militantes para a prisão ilegal, tortura, execução extrajudicial e desaparecimento. Desde o ano de 1971.

Sérgio Paranhos Fleury

Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz teria comparecido, em São Paulo, a um ponto [Reunião] com Cabo Anselmo. Homem treinado em Cuba. Por precaução, optou por segui – lo. Com os próprios olhos testemunhou a cena. O delegado do Deops [SP] Sérgio Paranhos Fleury dialogava com o seu agente infiltrado na luta armada. Logo, ele delata Paulo de Tarso Celestino e a sua namorada. A teatróloga Heleny Telles Guariba.

Paulo de Tarso Celestino
Paulo de Tarso Celestino

Nascido em Goiás, formado na Universidade de Brasília, o guerrilheiro da ALN era filho de Pedro Celestino, ex-deputado federal do MDB e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás [TCE-GO]. Zuleika Celestino, a sua mãe, morreu aos 97 anos de idade sem ter o direito universal a sepultar os restos mortais do filho liquidado na máquina de moer carne, da Casa dos Horrores, em Petrópolis [RJ]. Nem ao luto.

Edgar de Aquino Duarte, desaparecido político em 1971

José Anselmo dos Santos envia à morte Edgar Aquino Duarte. Mais: um ex-membro da Associação de Cabos, Marinheiros e Fuzileiros Navais. Em 3 de junho de 1971. O ex-militante depôs as armas para operar na Bolsa de Valores, do Estado de São Paulo. Ele hospeda o delator em seu apartamento. Sem saber que o ex-companheiro era um ‘agente duplo’ infiltrado de Sérgio Fleury. A sua morte, uma queima de arquivo

Soledad Viedma Barret

Seis mortos. Em Paulista, à Granja São Bento, Estado de Pernambuco. Como Soledad Viedma Barret, sua mulher que estava grávida, Jarbas Marques, Eudaldo Gomes Silva, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, Pauline Reitschul e José Manoel da Silva. Guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR. Dias 7 e 8 de janeiro. Ano de 1973.  Uma carnificina. Sem processo, julgamento muito menos condenação.

Massacre da Granja São Bento

Em 2012, José Anselmo dos Santos formulou um pedido de indenização à Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça.  A solicitação foi negada. Já em 2020, ele entrou com um novo processo com requerimento de reparação. Damares Alves negou a reivindicação. O agente duplo, um cachorro, morreu, aos 80, dia 15 de março, sepultado em Jundiaí, São Paulo. Um direito universal não permitido às suas vítimas. Os desaparecidos.

Com nome falso: Alexandre da Silva Montenegro

Documento de Ivan Seixas

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 20 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 20 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. 

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