Plutocracia e midas do enxofre

Francisco Celso Calmon

A hipocrisia de uma direita que se diz democrática e diligencia pela exclusão de um partido e do seu líder da disputa eleitoral, salvo se fizer pacto de conciliação de classes favorável à classe dominante. Que democracia é esta que a direita apregoa exclusivismo e desagregação? Que democracia é esta que só vale quando está a serviços dos seus interesses? Uma democracia que convive com a dor da fome, não é legítima, é espúria e desumana! O povo tem direito e obrigação de se insurgir e revolucionar essa plutocracia, que empobrece o povo e enriquece sempre mais os muitos ricos; mesmo em tempos de pandemia e desaceleração econômica, os laboratórios de remédios e vacinas faturam sobre os deletérios efeitos do coronavírus.

Não há o que esperar dessa elite da economia mundial, que, mesmo na trágica situação internacional, vai passear, dar uma voltinha, no macrocosmo. E o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central aumentam o seu patrimônio em suas offshores em paraíso fiscal.  Enquanto isso o sistema vai destruindo o planeta. No capitalismo não há saída para a humanidade. O sistema destruiu o metabolismo universal da natureza.

No Capital, Marx resumiu a mensagem de que “todo progresso na agricultura capitalista é um progresso na arte, não apenas de roubar o trabalhador, mas de roubar o solo; todo progresso em aumentar a fertilidade do solo por um certo tempo é um progresso na direção de arruinar as fontes mais duradouras dessa fertilidade” e que, “a produção capitalista, portanto, apenas desenvolve as técnicas e o grau de combinação do processo social de produção ao minar simultaneamente as fontes originais de toda a riqueza — o solo e o trabalhador”.*

“Do ponto de vista de uma formação socioeconômica mais elevada, a propriedade privada de indivíduos particulares na Terra parecerá tão absurda quanto a propriedade privada de um ser humano por outros seres humanos. Nem uma sociedade inteira, uma nação ou todas as sociedades simultaneamente, são proprietárias da terra. Eles são simplesmente seus administradores, seus beneficiários, e tem que entregá-la em estado melhorado para gerações seguintes como boni patres familias [bons chefes de família]” *.

O que a direita brasileira planeja para o futuro, uma vez que o Partido dos Trabalhadores terá vida longa? Bem como seu líder maior, Lula, que ainda viverá muitos anos com qualidade de vida. Continuará a intentar contra a democracia, através da guerra híbrida, produzir novos golpes? A democracia dos fariseus não é governo (Kracia) do povo (demos), e, sim, uma plutocracia (governo dos ricos). A elite do poder dominante é tão reacionária e conservadora que, mesmo quando um governo popular favorece aos seus ganhos, ela golpeia, como tentou com o Lula e depois conseguiu com a Dilma.

São negacionistas da ciência e da realidade, mas são assertivistas da prevalência da economia sobre a vida humana. O maior motivo que está por trás do negacionismo, é a defesa a qualquer custo da economia funcionar, mesmo sob cadáveres, isto porque é um governo incapaz de taxar as grades fortunas, lucros e dividendos, com um imposto de pandemia, e bancar o povo trabalhar até que a imunidade produzida pela vacina atinja cem por cento da população. Quando o dono da Havan com desdém ironiza o que é para ele uma multa de 2.5 de milhões de reais quando fatura 30 milhões por mês, e mesmo na CPI do Senado continuou a defender o kit medicamentoso, desqualificado pela ciência, e diante da pergunta do porquê o atestado de óbito da sua mãe não constar como causa a covid-19, respondeu que era leigo e não sabia explicar, contudo, para receitar remédio não se julga leigo.

Mesmo sabendo que incorre em crime de curandeirismo, charlatanismo, usa o poder econômico das empresas para manter seu proselitismo a favor da abertura da economia e fechamento da vida. Argumenta quanto ao direito à prescrição “off label” dos médicos. Ocorre que a autonomia médica é circunscrita à moldura científica. Não pode ultrapassar, salvo, por conta e risco e responder pelas consequências em juízo, como ocorre quando fazem eutanásia sem autorização judicial. Já imaginou se leigos começarem a dar consultas jurídicas, contábeis, econômicas, odontológicas, psiquiátricas, e por aí vai, aonde chegarão os embusteiros e os prejuízos aos incautos?

Jair Messias Bolsonaro é o político mais desclassificado do planeta,  continua a mentir e soltar impropérios de descaso com a trágica situação nacional. “Quando alguém invadir sua casa, dá tiro de feijão”, ironiza o presidente genocida e prevaricador sobre a insegurança alimentar de 112 milhões de brasileiros”. Não é ideogicamente correto deixar Bolsonaro e sua curriola no poder à espera de sua máxima desidratação eleitoral. É maldade com o povo, que mais sofre com esse desgoverno, e será o registro de impunidade, mais uma vez, para a nossa história. O exemplo será, que, apesar de toda a destruição e maldade causadas à nação brasileira, as instituições consideradas democráticas não foram capazes de proteger a população e o Estado democrático de direito.

Bolsonaro é o midas do enxofre, tudo que fala ou toca vira matéria putrefata, é preciso ser extraído à fórceps do governo (impeachment ou TSE cassar a chapa ou ainda declarar a sua inelegibilidade para 2022). O presidente da Câmara extravagou em seu direito de analisar os pedidos e aceitar ou não, com fundamentação técnica e política, porém, não pode ficar com seu traseiro sobre os mais de 150 pedidos. Ele é somente o porteiro, que recebe os pedidos, analisa se tem fundamento e aceita ou refuta, passa à comissão especial e posteriormente ao Plenário, porém, ficar com eles engavetados é um acinte aos postulantes e um obstáculo à função do Senado, que é o de julgar. Não somos chocadeira da terceira via, eles que a gerem, mas isso não respalda qualquer idiossincrasia à necessidade do impeachment e à legitimidade da candidatura do Lula. Depois que o PSDB participou do golpe de 2016, perdeu o rumo e a credibilidade, e a direita não tem mais partido e nome capaz de aglutinar uma candidatura competitiva. Que façam autocrítica e corrijam seus erros e encontrem novo rumo, especialmente desidratando a candidatura de Bolsonaro e agregando ao seu capital eleitoral.

A manifestação de 2 de outubro foi vitoriosa em seu propósito de unidade no Fora  Bolsonaro/impeachment já, contudo, ocorreram alguns desencontros como o de combinar algumas coisas, como o de ir todos ou não ir nenhum presidenciável às manifestações. Vaia ou aplauso faz parte de qualquer manifestação democrática, especialmente quando se colhe o que plantou, contudo, é hora de refrear o animus em benefício da unidade maior pelo impeachment do genocida prevaricador. Neste contexto a CPI ainda pode gerar combustível aditivado para ganhar a maioria da Câmara Federal pela abertura do impedimento do presidente, bem como o resumo de revelações que indignem a todo cidadão de bem. Para tanto, é mister fechar o foco e ser menos reality show. Neste sentido, o canal pororoca estará realizando uma live com o jurista Eugênio Aragão e o desembargador Paulo Calmon na próxima quinta-feira, dia 7, às 20:00 horas, com título: Saldo da CPI. Vamos em frente e 15 de novembro será um novo dia, oxalá com boas novas quanto ao destronamento da famiglia bolsonarista.

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