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Política

PSTU quer polo e faz plenária dia 7

Ato

Brasil precisa de alternativa

Socialista e Revolucionária

O fato político mais importante em nosso país no último período é a retomada das mobilizações populares. É o reflexo das revoltas populares que vimos no Chile a partir de 2019, nos EUA em 2020, no Paraguai, no Peru e na Colômbia, para falarmos apenas de alguns países das Américas. Centenas de milhares de pessoas, com a juventude à frente, estão saindo às ruas em inúmeras cidades do país, exigindo vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600, emprego e direitos e, acima de tudo, dando vazão ao grito de “Fora, Bolsonaro!”, colocando na ordem do dia a luta para botar pra fora já o genocida e todo seu governo.

Fora, Jair Messias Bolsonaro

Por outro lado, esse cenário também reafirma a necessidade e a importância de uma alternativa socialista à barbárie promovida pelo capitalismo. Para enriquecer um punhado de banqueiros e grandes empresários nacionais e estrangeiros, este sistema impõe a trabalhadores e pobres genocídio, desemprego, precarização do trabalho e baixos salários; violência e opressão racistas, machistas, xenófobas, lgbtifóbicas; destruição do meio ambiente e ataques aos povos da floresta; corrupção, rapina, espoliação; e ataques à soberania dos países mais pobres.

Negros _ A revolta está próxima

Fazer corpo mole na luta pelo “Fora Bolsonaro” hoje, esperando derrotá-lo com as eleições de 2022 como vemos setores da esquerda brasileira fazer, é uma política criminosa, pois ignora a tragédia que ele impõe à população agora. É também perigosa, porque subestima o perigo que representa um governo que trabalha todos os dias para implantar uma ditadura no país. Colocar para fora Bolsonaro e seu governo é o desafio mais urgente que a classe trabalhadora tem neste momento e, portanto, que suas organizações também têm. Por isso, é necessário seguir fortalecendo uma ampla unidade de ação na luta para continuar ocupando as ruas, mas não só. Já passou da hora de a direção das grandes centrais sindicais e dos partidos de oposição se lançarem a construir uma greve geral, parar o país, as fábricas e as grandes empresas, fazer doer no bolso dos patrões para forçá-los a retirar a sustentação que ainda dão a Bolsonaro.

Jair Messias Bolsonaro em 7 de setembro de 2021

Os mais de 4 milhões de mortos e as centenas de milhões que perderam o emprego e, com ele, a fonte do sustento de suas famílias são apenas as duas expressões mais visíveis dessa catástrofe que atinge hoje toda a humanidade: a pandemia de COVID-19 e a brutal crise da economia. A pandemia e a crise econômica aprofundam e aceleram todas as mazelas que já afligiam a vida dos trabalhadores e do povo pobre. Aprofundam e ampliam a precarização do trabalho, a fome e toda sorte de discriminação e violência, sem falar na destruição da natureza.

A tragédia das mortes sob a Pandemia, no Brasil

Nada disso é resultado inevitável da doença causada pelo Coronavírus, da ausência de recursos econômicos para assegurar condições dignas de vida às pessoas ou de ação da própria natureza. A origem de todas essas mazelas é o sistema em que vivemos, o capitalismo, que não hesita em jogar à morte milhões de seres humanos para garantir superlucros aos grandes laboratórios farmacêuticos e aos que ganham dinheiro com serviços privados de saúde. Não hesita em privar centenas de milhões de pessoas de emprego, direitos e socorro emergencial aos que necessitam diante da crise, para assegurar os ganhos astronômicos dos bancos e das grandes empresas. Não hesita em manter um padrão de produção e consumo que aumenta de modo infinito a fortuna das grandes corporações econômicas, ainda que isso leve à destruição do planeta em que vivemos.

Desemprego

Nesse sistema, cuja base é a propriedade privada dos grandes meios de produção e troca, o que importa é concentrar cada vez mais a riqueza nas mãos de poucos, negando à classe trabalhadora e ao povo pobre – a ampla maioria da população – condições mínimas de vida digna. Situação ainda mais insuportável é imposta aos setores oprimidos da nossa classe, negros e negras, mulheres, imigrantes, povos originários, pessoas LGBTI, que estão sujeitas a todo tipo de discriminação e violência. As instituições do Estado não protegem a população, mas sim os interesses dos ricos. Em nosso país, vivemos tudo isso de forma concentrada: pela espoliação do país, praticada pelas multinacionais e pelo sistema financeiro internacional; pela ganância e covardia da burguesia e das elites do país; e pelo caráter genocida e antitrabalhador do governo Bolsonaro, que encarna como nenhum outro a verdadeira natureza do capitalismo.

General Hamilton Mourão Filho

Por isso, ao mesmo tempo que lutam neste momento – por vacinas para todas e todos, auxílio emergencial para quem precisa, emprego e direitos para nossa classe e para colocar para fora Bolsonaro e Mourão –, os trabalhadores e a juventude do nosso país não podem perder de vista a necessidade de acabar com o capitalismo. Mais do que nunca, é necessário levantar bem alto a bandeira do socialismo e da revolução. De fato, já vivemos no Brasil uma antecipação da campanha eleitoral do ano que vem. As várias candidaturas apresentadas representam, cada uma delas, alternativas políticas para governar o país. Bolsonaro está em franca campanha para reeleição. Setores do empresariado buscam viabilizar uma “via de centro” ou “terceira via”. Na outra ponta, a direção do PT apresenta Lula como a candidatura de uma frente ampla com a burguesia contra Bolsonaro em 2022.

Estrela do PT

Sabemos que Lula e Bolsonaro não são a mesma coisa. Bolsonaro defende a implantação de uma ditadura no país e trabalha para isso o tempo todo, e não se pode subestimar a importância de derrotá-lo. Mas isso não nos desobriga de constatar que nenhuma dessas alternativas atende aos interesses da classe trabalhadora, porque todas elas mantêm o sistema capitalista e, com ele, toda exploração e opressão contra a classe trabalhadora e o povo pobre, porque é da natureza desse sistema. Para governar o país, não serve o mesmo critério de unidade ampla que é necessário para a luta contra Bolsonaro. É fundamental o critério da independência de classe. E não é por capricho, é por necessidade.

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva

Sabemos que para mudar de verdade o país e a vida do povo é necessário adotar medidas que começam com a simples revogação das reformas trabalhista e da Previdência; a garantia de salário mínimo digno (Dieese); a garantia de direitos e emprego digno a todas e todos, acabando com a “uberização” do trabalho. A redução da jornada de trabalho e investimento para garantir o emprego para todas e todos; a reestatização do que foi privatizado; a suspensão do pagamento da dívida pública aos bancos para que haja recursos para saúde, educação, moradia, transporte. O fim da agressão sistemática aos povos indígenas, às comunidades quilombolas e camponesas e à destruição da natureza para favorecer grandes empresários do agronegócio, da mineração e da energia; a realização de uma reforma agrária que assegure terra e condições de produção aos camponeses pobres; o fim do genocídio praticado pelas forças policiais contra a juventude negra e pobre da periferia dos centros urbanos, a desmilitarização das PMs; etc.  Como um governo de aliança com banqueiros e grandes empresários tomará qualquer uma dessas medidas se todas elas atacam diretamente os interesses desses mesmos capitalistas?

Índios sob ameaça

Se já não tomaria medidas básicas como essas, um governo junto com a burguesia jamais adotaria medidas ainda mais profundas, que atacassem diretamente a grande propriedade para tornar coletiva (da população) a propriedade da terra, dos bancos, das fábricas e das grandes empresas. E essas medidas são imprescindíveis para acabar com a destruição da natureza promovida hoje pelo capitalismo e para colocar os recursos e a riqueza do país a serviço da garantia de vida digna à população, e não de lucro para multinacionais, banqueiros e grandes empresários.

Alvorada _ Dilma Rousseff

Um governo de conciliação de classes, como vimos nos mais de 13 anos que o PT governou junto com os mesmos empresários e políticos com quem pretende se aliar agora de novo, é incapaz de aplicar um programa que mude de verdade o país e a vida do povo. Ao manter o sistema capitalista, mesmo as concessões feitas aos setores mais pobres não serviram para acabar com a pobreza, mas só para eternizá-la, mantendo-a em limites que evitem uma convulsão social que ameace a dominação burguesa sobre o país. As direções do PSOL e do PCdoB, ao apoiar o projeto petista, acabam, na prática, abandonando também a luta contra o capitalismo. Deixando de lado o critério da independência de classe, fazem o mesmo com a luta pela construção de uma alternativa socialista e revolucionária para o país. Assumem como horizonte da sua luta o que é possível fazer por meio das eleições, que são controladas pelos donos do dinheiro, como não pode deixar de ser no capitalismo.

Bandeira do Psol

Sabemos que enquanto a classe trabalhadora não estiver pronta para disputar o poder pela luta direta, a disputa eleitoral pode e deve ser utilizada, seja para disputar a consciência e o voto da população para uma alternativa socialista e revolucionária, seja para combater as falsas promessas e ilusões que a burguesia e os conciliadores difundem. Mas a experiência já demonstrou à exaustão que eleições não são um caminho para mudar, e sim para “legitimar” o sistema. Para mudar a vida do povo, não basta mudar o governo atual: é preciso mudar todo o sistema, acabar com o controle da burguesia e do imperialismo sobre o nosso país, acabar com o capitalismo. Não atingiremos esse objetivo com as eleições. Para isso, é preciso fortalecer a luta, elevar a consciência, avançar a organização independente da classe trabalhadora, da juventude e dos setores mais marginalizados e oprimidos da população. Para acabar com o controle que essa classe dominante tem sobre o país, é necessário fazer uma revolução dos “de baixo” para derrubar os “de cima”, uma revolução socialista para jogar por terra as instituições deste Estado que aí está e mantém o povo subjugado pelos bancos e pelos grandes empresários. É preciso fazer isso para que classe trabalhadora e o povo pobre possam assumir o controle do poder político e governar o país: um governo socialista, da classe trabalhadora e do povo pobre.

Trabalho análogo à escravidão no Brasil

Só assim nosso povo poderá viver em uma sociedade que acabe com toda forma de exploração e opressão, onde os recursos naturais do país e a riqueza produzida pelo trabalho do povo sejam todas utilizadas para garantir vida digna a todas e todos, onde seja assegurada a preservação do meio ambiente. Uma sociedade que ponha fim em toda forma de opressão e discriminação, como o racismo, o machismo, a lgbtifobia, a xenofobia etc. Uma sociedade que respeite os direitos dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, assegurando demarcação, titulação e posse de suas terras e respeitando sua cultura e seu modo de vida. Uma sociedade que acabe com toda a violência contra os setores mais desprotegidos e que assegure a todas e todos não apenas condições materiais para uma vida digna, mas também acesso ao conhecimento, à cultura, ao lazer e a toda liberdade necessária para sua realização plena como seres humanos. O socialismo que defendemos rejeita o autoritarismo burocrático da experiência stalinista. Nele, o poder deve ser exercido com democracia operária, pela auto-organização da própria classe e da juventude (como em conselhos populares, por exemplo) de modo que sejam os trabalhadores e o povo que decidam de forma efetiva o que fazer e como fazer no país.

Josep Stálin _ 1878-1953

Aquelas e aqueles que assinam este manifesto o fazem por entender a importância e a urgência de construir essa alternativa Socialista e Revolucionária para o nosso país. E chamam a organizar um Polo que aglutine todas as forças que se comprometam com essa construção por compreender a necessidade de unir todas as forças, de todas e todos que querem, de forma honesta, acabar com as mazelas que o capitalismo impõe à nossa classe e à juventude e que defendem um futuro socialista e comunista para a humanidade. Esse é o objetivo deste manifesto. Dirigimos esse chamado a todo o ativismo das lutas dos trabalhadores e da juventude, aos que estão nas ruas lutando para colocar pra fora Bolsonaro e Mourão; que estão na luta por condições dignas de vida e trabalho, contra o racismo, o machismo, a xenofobia e a lgbtifobia; em defesa dos povos indígenas, dos quilombolas e do meio ambiente. É um chamado aos movimentos e às organizações, inclusive os que não têm caráter partidário, que lutam pela transformação da sociedade injusta e desigual na qual vivemos. É um chamado também aos ativistas que militam nas organizações sindicais, nos movimentos sociais e nos partidos políticos, mas não concordam com o limite da institucionalidade burguesa que seus dirigentes impõem a estas organizações.

Rubens Donizzeti

A alternativa que precisamos construir não pode ser simplesmente para as eleições. Não pode ter a perspectiva da conciliação de classes, do salvador da pátria, da manutenção e da defesa da ordem vigente. Nós estamos propondo outro caminho: construir um Polo por uma Alternativa Socialista e Revolucionária para o nosso país. Convidamos a todas e todos que concordam com a proposta que apresentamos aqui a assinarem conosco este manifesto e a juntarem-se a nós na construção dessa alternativa política para o nosso país – processo no qual debateremos, de forma coletiva, o próprio manifesto e um programa socialista para o Brasil.

José Maria de Almeida

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 20 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 20 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. 

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