7 de setembro: inimigos da democracia
Escalada do autocrata
7 de setembro: inimigos da democracia


O que pensa a Academia?
Renato Dias
De linhagem marxista, o professor doutor da Faculdade de História, instituição da Universidade Federal de Goiás [UFG], David Maciel, relata, com exclusividade, que a frágil democracia no Brasil vive um processo de acelerada deterioração desde o golpe do ano de 2016. Sob uma ofensiva contra os direitos, à renda dos trabalhadores urbanos e rurais e o desmonte da capacidade regulatória do Estado, diz. “Com a aplicação de uma versão extrema do neoliberalismo”.

Frações burguesas promoveram a deslegitimação e desarticulação das instituições republicanas, ataca. Ao ponto de estas mostrarem-se incapazes de barrar a ameaça de corte fascista do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro [Sem partido], destaca. Os inquéritos do STF e os manifestos e editoriais indignados de mídia não irão além de um jogo de morde e assopra, ironiza. O que permite a continuidade das ameaças e da ‘passagem da boiada’, dispara.

Professor doutor da Universidade Estadual de Londrina [UEL], Estado do Paraná, André Tsutomu Otta, ex – preso político torturado sob a ditadura civil e militar, guerrilheiro da ALN e do Molipo, lembra o filósofo, historiador e economista Karl Marx e atira que a história se repete como tragédia e depois como farsa. Assim como em 1964, com novos golpes em 1968, 1969, 1977 e em 2016, analisa. A democracia de fancaria perderá a virgindade após dois estupros, crê.

Alcilene Cavalcante, professora doutora da UFG, pontua que a tentativa de um golpe possa partir das PMs e não das Forças Armadas. A insubordinação do coronel Aleksander Lacerda [SP] é a ponta do iceberg, desabafa. As PMs há décadas dão sinais de seu desprezo pelos civis, cidadãos, basta examinar os dados de violência policial, a repressão às manifestações sociais, examina. Candelária, Carandiru, motins no Ceará, recorda-se. A democracia no Brasil está nua, revela

Professor da Universidade Estadual de Goiás [UEG], historiador e cineasta Marcelo Benfica Marinho afirma que o Estado de Golpe, sob Jair Messias Bolsonaro, é permanente. O inquilino do Palácio do Planalto teme a queda, a derrota nas urnas eletrônicas de outubro de 2022, a ameaça de prisão e o Tribunal de Haia, afirma. O 7 de setembro é um risco, analisa. Uma quartelada, estilo Capitólio, está no horizonte, vê. Não sairá, porém, vitoriosa, projeta o escritor.

Fernando Casadei Salles, professor doutor da Universidade de Sorocaba [SP], observa a execução do modelo boliviano de golpe. O que afastou Evo Morales, do MAS, do Poder. Com a suposta neutralidade das Forças Armadas[Exército, Marinha e Aeronáutica] e a radicalização do denominado trabalho sujo pelas PMs, PCs, registra. É uma possibilidade, avalia. O que pode não ocorrer por falta de suporte político, econômico, social e da opinião pública nacional e mundial.
Lenine Bueno
Apenas a mobilização permanente barrará as ações golpistas. É o que calcula o professor de Arquitetura e Urbanismo Lenine Bueno, exilado político sob a ditadura civil e militar. Como no impeachment, em 2016, sem ocupar as ruas, a máquina do Estado prevalecerá, lamenta. É buscar o estabelecimento das maiorias e mostrar, antes da batalha, o significado do exército. A perda das ruas abre caminho à hegemonia da extrema direita, frisa o membro da geração 1968.

Historiador e sociólogo, autor de 13 livros, o professor da Universidade de Gurupi [Unig], instalada no Estado do Tocantins, Paulo Henrique Costa Mattos descarta o risco de golpe fundado em um anticomunismo que classifica como delirante. Psicopatia, alega. Doentio, reflete. Forças Armadas, PMs e PCs não embarcarão na aventura tresloucada, profetiza. O seu isolamento se agravará mais, relata. O impeachment é o seu novo fantasma, alerta o pensador.

A tensão política mostra o temor da iminente derrota de Jair Messias Bolsonaro nas eleições, diz o professor doutor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Carlos Ugo Santander. A narrativa de combate ao suposto comunismo é apenas a criação de um inimigo artificial e esconde o maior inimigo do País, a incompetência do Palácio do Planalto. Bravata, resume. O que afeta a democracia, opina. É o pior presidente da América Latina, diagnostica Pesquisa Ipsos, informa.
Daniel Aarão Reis Filho
O pesquisador de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense [UFF], historiador Daniel Aarão Reis Filho insiste que, para além das bravatas de sempre, é preciso prestar atenção, porém, nas manifestações das direitas autoritárias programadas para o próximo dia 7 de setembro de 2021. O ideal é convocar manifestações de rua, assim como organizar fóruns cívicos massivos pela democracia para dissuadir e lutar contra eventuais golpes, ele sugere.
Saiba mais
Democracia de baixa intensidade
sob ameaça de um golpe no Brasil
Renato Dias
A democracia está, em setembro de 2021, ameaçada sim, admite o historiador marxista de Brasília, capital do República, Clayton de Souza Avelar [DF]. A tática, hoje, é evitar a deflagração do golpe de Estado civil e militar armado, explica. A extrema-direita usa as Forças Armadas, as milícias urbanas, como as existentes no Rio de Janeiro, além das rurais, do latifúndio, diz. O caminho é mobilizar o contraponto político no dia 7 de setembro, sublinha o pesquisador.
_De volta às ruas.

Com justiça de transição tardia e incompleta, a democracia no Brasil continua permanentemente em perigo, afirma Jair Krishke [RS]. Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, sediado em Porto Alegre, ele denuncia a ‘transação pelo alto’. Com a derrota da emenda das diretas já, a instalação do colégio eleitoral e a eleição do confiável à caserna Tancredo Neves, critica. Não há democracia sólida, frisa. Um espirro pode transformar-se em pneumonia, fuzila.
_ Entulho autoritário, PM e as cenário político de águas turvas.

Com vocação bonapartista, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, preocupa – se com a deflagração de um golpe de Estado por dia, o que cria clima de instabilidade nas PMs, avalia o sociólogo Julio Turra [SP]. As Forças Armadas constituem-se em uma incógnita, dispara. Governadores dos Estados e Rodrigo Pacheco tentam contemporizar, o impeachment é bloqueado por Arthur Lira e Luiz Inácio Lula da Silva somente pensa em alianças, lamenta.
_ Sete de setembro será o termômetro.

O Brasil está sob um Estado de Exceção há 5 anos, desde o golpe do impeachment sem motivo determinado, dispara o economista Markus Sokol [SP]. Depois da posse de Jair Messias Bolsononaro houve uma escalada de tipo bonapartista, autoritária, para se sobrepor às instituições, frisa. O que explora a frágil oposição institucional, critica. O comandante da PM Aleksander Lacerda deveria estar preso e submetido à investigação para determinar uma punição, reclama.
_ O general Eduardo Pazzuelo antes, não foi punido e o STF calou-se. É fundamenta revogar o artigo 142 da Constituição que consagra a tutela militar sob a República. Fora Jair Messias Bolsonaro, os seus generais e oficiais policiais.

O deputado federal Rubens Otoni [PT-GO] revela que está em movimento aberto uma operação de radicalização do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. Como forma de encobrir os erros do seu governo pífio, ataca. Para tentar fidelizar os seus apoiadores fanáticos, resume. Não acredito em fragilização da democracia, insiste. É possível até fortalecê-la, acredita. Com ação unitária que normalmente não ocorreria com forças políticas distintas, afirma.
_ O momento é de denunciar as ações extremas do atual inquilino do Palácio do Planalto e unir ao máximo as forças democráticas em defesa da Constituição.

7 de setembro
Sociólogo vê affair com fardados

Renato Dias
O atual inquilino do Palácio do Planalto, Jair Messias Bolsonaro [Sem partido], tem um longo ‘affair’ com os militares. Tanto das Forças Armadas quanto das PMs e PCs, afirma o sociólogo Fernando Silva. O pesquisador da UFG lembra – se que até o ex-presidente da República, ditador, general do Exército Brasileiro, Ernesto Geisel, o definiu como um ‘mau militar’.
_ Registros da História.

Capitão reformado, o atual presidente do Brasil [2019-2022] mobiliza uma troupe de alucinados ‘evangélicos’ e de ‘motoqueiros da liberdade’ para marchar contra o Superior Tribunal Federal [STF], alerta. A ideia é fechar as suas portas, atira. O circo está armado e ele lançará todas as suas ferramentas para causar alvoroço de instabilidade no cenário político, calcula.

_ O quadro é de instabilidade e de radical polarização política, ideológica e de antecipação da campanha eleitoral
Um motim na Polícia Militar ou na Polícia Civil não pode ser descartado, diagnostica Fernando Silva. Movimento por vítimas e disputa de narrativas, questiona. Ele recorda – se do teórico nazista alemão Carl Schmitt, autor de Conceito do Político – Teoria do _Partisan. O conceito de um inimigo que precisamos deter e eliminar se amplia, teme o cientista social.
_ O mundo está de olhos abertos ao Brasil.

Reflexões à esquerda
Capitães do mato?
A visão de Martiniano Cavalcante

Renato Dias
Após as classificadas jornadas de junho de 2013, as classes dominantes, no Brasil, começaram a articular o projeto de um regime político autoritário e restritivo de direitos. É o que analisa o teórico marxista, temperado em 40 anos de luta de classes, Martiniano Cavalcante. Apesar de ter se refestelado em lucros e privilégios sob 13 anos de governos petistas, em tempos de crescimento e de boom econômico, eles não assumiram parte dos sacrifícios, em épocas de vacas magras que se anunciavam para a economia mundial, explica. O dirigente socialista diz que, para impedir que os explorados se metessem a dar pitacos sobre a distribuição de ganhos e perdas da economia nacional e vampirizar ainda mais as veias esquálidas dos miseráveis, seria necessário um regime político duro, informa ao Portal de Notícias www.renatodias.online

Capaz até de distribuir cacete, porrada e bombas, sem dó nem piedade, como à época da ditadura civil e militar, tempos sombrios da história do Brasil Republicano, examina. A deposição de Dilma Rousseff, em 2016, a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, a demonização do PT e das esquerdas eram imagens públicas, visíveis, do roteiro, reclama o quadro rojo. O pano de fundo escondia a aliança entre a mídia, o capital financeiro nacional e internacional, o agronegócio, o sistema de justiça, as forças das armas, as oligarquias regionais, dominantes do parlamento via-centrão, narra. O engenheiro civil Martiniano Cavalcante inclui ao bloco de poder da direita brasileira a fanfarra do ridículo, a classe média abastada, com o mantra do corrupto cínico que jura amar a pátria e abominar as mamatas, ironiza o band leader gauche.

Apesar do impeachment sem crise de responsabilidade, o encarceramento de Lula, o andar de cima não ganhou nas urnas a eleição de 2018, analisa, Para evitar o vexame ou por afinidade, abriram a porteira a Jair Messias Bolsonaro, à cleptocracia neopentecostal, às milícias, conta. Os novos sócios do butim assumiram o comando e meteram o pé na bunda de Sérgio Moro e a Lava-jato, registra. Depois chutaram os conglomerados da mídia, aliaram-se à nova direita neonazista internacional e estremeceram relações com os banqueiros com o clientelismo eleitoral, atira. Restaram no comando generais e corruptos, o Centrão com um pé no barco e o outro fora, milicianos do mundo do crime, do direito, da fé monetizada, da segurança privada, do médio empresariado marginal, do agronegócio e das polícias paramilitares, ele denuncia.

Com nova base de apoio, o golpe de Estado em 2021 passou a ter outro sentido, crê. Deixou de ser a tomada de poder pela classe dominante e pela direita política legitimada institucionalmente, para tornar-se a ameaça de um arrastão de marginais, que pegaram embalo no golpismo da elite, para tentar um verdadeiro ‘golpe baixo’, acredita. O Brasil deixou de ser um país viável a amadores, resume. Eles arreganham os dentes e ameaçam fazer um arrastão no 7 de setembro, sintetiza. Com corporações das PMs que já amargaram demissões e cana por motins e greves armadas, recorda-se. Se fizerem mesmo estripulias fascistoides no dia do ‘golpe’ com hora marcada e anunciada, terminarão na cadeia e acabarão fortalecendo a repulsa popular e o levante democrático que está latente contra o mitômano e sua trupe, metralha.
Opinião
Um 7 de setembro quente?
Betty Almeida
Pesquisadora e escritora
Especial para www.renatodias.online

Candidatos a cargos eletivos têm projetos políticos, têm programas. Podem ser bons ou ruins, podem ser favoráveis às classes dominantes ou aos trabalhadores. Mas candidatos a governos e parlamentos têm propostas. Este não é o caso de Jair Messias Bolsonaro. Para ele, a presidência da república é o Éden do privilégio e da boa vida. É a cornucópia inesgotável do cartão corporativo. Do leite condensado.

Em troca, basta cumprir a agenda dos grandes patrões e do capital financeiro internacional. Tarefa fácil com um Congresso Nacional renovado por hordas de antipetistas e anticomunistas primários. Com o apoio de militares e polícias também militares comprado com salários e vantagens escandalosas. Registro: quando lembramos que o primeiro ato do presidente foi retirar R$ 8,00 do salário mínimo dos trabalhadores brasileiros.

No cenário delineado desde o início pela extinção dos Ministérios do Trabalho, da Cultura, do Planejamento, o balanço do governo são as reformas que retiram direitos de trabalhadores, deterioram o serviço público, a destruição da economia, a entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro, o extermínio da população indígena, a devastação do ambiente. Sua política para a pandemia foi incitar a população a trabalhar sem proteção, empurrá-la para o contágio, para alcançar uma suposta imunidade de rebanho. Sem se preocupar com quem morreria.

Jair Bolsonaro aproveitou para tentar obter benefícios com a produção de medicamentos sem eficácia. A produção de vacinas no País foi boicotada. A compra de vacinas postergada e permeada de negociatas e tentativas de superfaturar preços e chegaram, afinal, tardiamente. Com tristes recordes de infecções e mortes. A sua preocupação sempre foi juntar apoiadores em aglomerações, motociatas, distribuir cargos com salários astronômicos entre militares e distribuir dinheiro a parlamentares venais para construir seu apoio, que agora já não pode vir mais de uma população desiludida e sacrificada.
Agosto de 2021, com a CPI da pandemia pondo a nu a incompetência e corrupção do governo, com a prisão de parlamentares que ultrapassaram o limite do admissível, com o descontrole do presidente, pedindo o impeachment de um ministro da Suprema Corte do país, tornou-se o cenário das ameaças de Bolsonaro encurralado. Essas ameaças não são apenas bravata e fanfarronice. Podem concretizar-se, com a presença de milicianos armados, dispostos a provocar um confronto. Policiais, nas últimas manifestações em Brasília, agiram cortesmente ao pedir para manifestantes abrirem suas mochilas.
A polícia brasileira, tradicionalmente, reprimiu, com maior ou menor brutalidade, manifestações populares. Agora, impedirá a ação dos apoiadores do presidente? Tomará armas de milicianos? Agirá para evitar um confronto? Muitos cidadãos, mesmo doutrinados pelo anticomunismo primário e pelo antipetismo de algumas igrejas, poderiam simplesmente querer manifestar-se, como aconteceu na votação do impeachment de Dilma Roussef.

Naquele dia, a Esplanada dos Ministérios foi dividida por uma cerca que separou dois campos, oposição e apoio ao impeachment. O país era governado por Dilma Rousseff, o Distrito Federal por Armando Rollemberg. Hoje, o presidente é Jair Bolsonaro, o governador do DF é Ibaneis Rocha, que talvez não tenham a mesma consideração com seus opositores e nem a mesma preocupação com a paz e tranquilidade pública.

Mas será um confronto nas ruas o ingrediente certo para o fortalecimento das pretensões autoritárias de Jair Bolsonaro? Será ele apoiado por parlamentares e militares, ao promover arruaças, violência e invasão de sedes de instituições republicanas? Um governo corrupto, criminoso e abertamente incitador de violência será apoiado pelo povo brasileiro?

Uma invasão do STF e do Congresso, nos moldes da invasão do Capitólio depois da derrota eleitoral de Donald Trump pode ser o sonho de Jair Bolsonaro e seus filhos-asseclas para o 7 de setembro. Com sindicatos enfraquecidos, partidos de oposição debilitados e pandemia, não haverá uma grande multidão na Praça dos Três Poderes para defender as instituições. Mas se não houver oposição na rua, será o triunfo dos apoiadores diretos de Bolsonaro, da milícia, da extrema-direita fascista.

Haverá, sim, por todo o país, milhares de manifestantes decididos, civilizada e organizadamente, a não aceitar provocações, mas dispostos a defender as instituições e a república. A herança da luta contra a ditadura, de que tantos participaram, a energia da juventude, a convicção de que a passividade não é a atitude possível neste momento, impulsionarão as fileiras da oposição responsável a fazer ouvir sua voz contra o fascismo de Jair Bolsonaro.


Sem risco de ruptura
Frederico Vitor de Oliveira descarta aventura golpista

Renato Dias
Graduado em História e Jornalismo, especialista em Geopolítica, expert em Questões Militares, Frederico Vitor de Oliveira informa que não há, hoje, no Brasil, em agosto e setembro de 2021, ambiente, capilaridade social e política para aventura golpista e ruptura institucional.
_ É a espetacularização do desespero.

Tempo Presente
O pesquisador da História do Tempo Presente afirma a www.renatodias.online que a manifestação programada pelo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, para 7 de setembro de 2021 é uma tática para mobilizar o núcleo duro e a ala fanática dos seus apoiadores
_ Um percentual que diminuiu desde 2018.

O Supremo Tribunal Federal [STF], o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, governadores de Estado, prefeitos municipais, conglomerados de comunicação, Mercado e as esquerdas estão unificadas em defesa da Constituição Federal de 1988, explica.
_ Não há riscos. Apenas ameaças. Bravatas.
