Paulo Moreira Leite
Internacional

Lição ao império

 

Mortos de civis no Afeganistão

Afeganistão, uma lição ao império

Paulo Moreira Leite

Jornalistas Pelas Democracia

Numa operação alimentada pela imensa comoção interna produzida pelo atentado de 11 de setembro de 2001, as tropas estadunidenses e de um reduzido conjunto de aliados começaram a desembarcar no Afeganistão meses depois do ataque às Torres Gêmeas de Nova York.  Vinte anos depois, o balanço mostra uma tragédia anunciada, que só contribuiu para agravar o atraso social e a pobreza do país. Parte superior do formulário. Num processo que lembra a guerra do Vietnã, a operação encerra-se sob o repúdio geral da própria população dos Estados Unidos – mais 70% dos eleitores pedem a retirada das tropas do país.

Ataque às torres gêmeas, em 2001

Outros dados também são significativos. O número oficial de mortos pela guerra é calculado em 174.000, com índices de fatalidade em prejuízo da população local – conforme levantamento da Universidade de Brown, perto de 90% das vítimas fatais eram afegãs. A devastação produzida pela guerra provocou o deslocamento de 5,7 milhões de refugiados, forçados a mudar-se por falta de emprego ou casa, em geral nem uma coisa nem outra.

Caricatura de Joe Biden

Quanto à política local, a presença de novos colonizadores cumpriu um papel previsível: só   ajudou a reforçar esquemas corruptos de dominação política. A intervenção norte-americana em nada contribuiu para a necessária evolução democrática do país, com um receio particular pelos direitos das mulheres, que ali enfrentam um dos regimes mais opressivos do planeta. Haverá muito a ser feito depois da partida dos invasores, portanto.

 

 

Ensaio para uma aventura ainda mais terrível, custosa e devastadora – a invasão do Iraque -, a operação no Afeganistão custou 486 bilhões de dólares, encerrando-se com uma lição sempre atual da diplomacia. Por mais poderosos que sejam seus exércitos, nenhum império tem o direito de desprezar a autonomia de povos e países – e assim as tropas estadunidenses vão embora do Afeganistão sem deixar nenhum saldo aproveitável após vinte anos de ocupação. Uma vergonha, quando se compara um PIB per capta de U$ 65.297, para os EUA, contra U$ 507 para os afegãos. Alguma dúvida?

Paulo Moreira Leite

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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