Assim desapareceu Edmur Péricles Camargo
Assim desapareceu Edmur Péricles Camargo
História
16 de junho de 1971
Multinacional da repressão política e militar
Renato Dias
Em um veículo dirigido pelo motorista da Embaixada da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, diplomata nascido em 13 de abril de 1913, em Milão, Itália, é capturado no dia 7 de dezembro do ano de 1970, à Rua Conde de Baependi, Rio de Janeiro. Não era sequestro, que tipficado como um crime comum. Tratava – se de ‘inventiva operação revolucionária’. Executada por guerrilheiros urbanos da VPR. A Vanguarda Popular Revolucionária. Para exigir a libertação de setenta presos políticos. Sob a ditadura civil e militar. Um deles, Edmur Péricles Camargo. De 57 anos de idade. Tensas, as negociações duraram 40 dias. Coordenadas por Carlos Lamarca. O capitão da guerrilha. Morto em 17 de setembro de 1971, esquálido, faminto, no sertão baiano.
Quatro diplomatas foram capturados no Brasil. Pela esquerda em armas. O primeiro, Charles Burke Elbrick, dos Estados Unidos das Américas, em 4 de setembro de 1969. O segundo, o Cônsul do Japão, Nobuo Okuchi, em 11 de março de 1970. O terceiro, Ehrenfried von Holeben, da Alemanha, em 11 de junho de 1970, época de Copa do Mundo, realizada no México. O quarto e último, Giovanni Enrich Bucher, representante da Suíça. Os 70 presos políticos, em uma lista ecumênica, de múltiplos partidos e organizações clandestinas, desembarcam em Santiago. A capital do Chile. Sob a atmosfera política e ideológica da via pacífica ao socialista do médico marxista, Salvador Allende, eleito presidente da República, em 1970. Um governo de unidade popular.
Com cartas endereçadas ao ex-presidente da República João Belchior Marques Goulart, um nacional-estatista, em sua versão trabalhista, herdeiro de Getúlio Vargas, Pai dos Pobres, deposto em 2 de abril de 1964, por um golpe de Estado civil e militar, Edmur Péricles Camargo embarca, dia 16 de junho de 1971, de Santiago com destino a Montevidéu. Com escala no Aeroporto de Ezeiza. Em Buenos Aires. O seu passaporte traz o seu nome falso. Enrique Villaça. Para escapar da repressão política e militar. Voo 135. A Policia Federal da Argentina invade o avião e o prende. Sequestra-o. O ativista do Marx, Mao, Marighella e Guevara [M3G], é enviado ao Brasil. Operação clandestina. É morto e desaparecido. Pela ‘Multinacional do Terror para o Cone Sul’.
Documentos confidenciais, sob o título Doc Aditar, relatam que o adido militar do Brasil em Buenos Aires, a charmosa capital da Argentina, Alberto Conrado Avegno, monitorava os passos do revolucionário do M3G. Desde o embarque no vôo 135 da Lan Chile, em Pudahuel, Santiago. Edmur Péricles Camargo, em um avião da Força Aérea Brasileira, retorna, sequestrado, por agentes do Estado, ao Brasil. Ele desce no Rio de Janeiro. Para nunca mais ser visto. Ação que ocorre antes da fundação, no Chile, com o general-presidente da República, Augusto Pinochet, como anfitrião, em novembro de 1975, da ‘Operação Condor’. Transnacional da repressão aos dissidentes: do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Bolívia. Sob ditaduras à época.
Cone – Sul
Festival de golpes de Estado
Renato Dias
Fardados e civis, com um golpe de Estado, dias 31 de março, 1° e 2 de abril de 1964, depõem o presidente da República, João Belchior Marques Goulart, e instalam uma ditadura de 21 anos.
Juan Maria Bordaberry dá um golpe de Estado civil e militar no Uruguai em 27 de junho de 1973. O regime civil e militar acaba no ano turbulento de 1985.Com justiça de transição incompleta.
Mercado, FA, classes médias fascistas, com suporte do Brasil e EUA derrubam, em 11 de setembro de 1973, Salvador Allende. Augusto Pinochet permanece no poder até o ano de 1990.
Viúva de Juan Domingos Perón, Maria Estela Martínez de Perón é deposta em 24 de março de 1976. A Junta de Reconstrução Nacional faz execuções milhares de extrajudiciais de dissidentes
Alfredo Stroessner, pedófilo, com um harém de meninas, tomara de assalto o poder e instalara uma ditadura civil e militar em 4 de maio de 1954, no Paraguai. Com mortos e desaparecidos.
A Bolívia sofreu três golpes de Estado. De Renê Barrientos, 4 de novembro de 1964. Hugo Banzer assume a presidência em agosto de 1971. Já Luiz García Meza, no dia 17 de julho de 1980.