Insanidade no funeral de Stálin

Insanidade no funeral de Stálin
Culto à personalidade
Fracassos dos socialismos realmente existentes
Choro, lamento e histeria na morte do ditador responsável pelo Holodomor, Processos de Moscou, Gulags, assassinato de Leon Trotski e massacre de Katyn
https://www.youtube.com/watch?v=JSvGX6syd_8
Renato Dias
O poder do culto à personalidade e a ilusão que a máquina de propaganda de um Estado Totalitário pode criar. É o que ‘Funeral’ apresenta ao espectador. Um documentário explosivo. Com imagens exclusivas. Das cerimônias de enterro de Josep Stálin. O ditador proprietário de um espesso bigode nascido em 1878, na Geórgia. Um ex-seminarista. Morto no dia 5 de março do ano de 1953. Registro: após exatos 30 anos de poder absoluto. Na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A URSS. O diretor é o cineasta russo Sergei Loznitsa. O realizador de ‘O Processo’. Produção cinematográfica que aborda os Processos de Moscou _ de 1934-1938.
Sem narração. O filme é fundado em imagens garimpadas em 250 horas de gravações. Nas 15 repúblicas da extinta URSS. Em tempo: produzidas por 200 cinegrafistas. Com lágrimas, choro compulsivo e lamento profundo nas ruas e avenidas. O tirano, bolchevique que assumiu o poder no PCURSS, apesar do Testamento do velho Vladimir Ilich Ulianov, Lenin, morto em 21 de janeiro de 1924, doente desde 1919, depois de levar um tiro de Fanny Kaplan, é responsável pelo Holodomor. De 1931 a 1933. Holodomor significa ‘morrer de inanição’. Com três milhões de mortos pela fome na Ucrânia. Além dos milhares de executados sob a farsa dos Processos de Moscou.

Assim como o Massacre de Katyn. Na Polônia. Decreto assinado em 5 de março de 1940. Por Josep Stálin: 22 mil oficiais poloneses mortos. O homem que mandou Ramon Mercader Del Rio matar Leon Trotski. Em 20 de agosto de 1940. No exílio. Cidade do México. O líder bolchevique que presidiu tanto o Soviete de Petrogrado quanto o Comitê Militar Revolucionário que tomou de assalto o Palácio de Inverno, em São Petersburgo, em 26 de novembro de 1917. A revolução socialista na Rússia. Uma insurreição de operários, camponeses, soldados e a inteligentsia de esquerda. A primeira no mundo. Pós _ derrota dos 72 dias da Comuna de Paris. No ano de 1871.

O diretor do Departamento de Documentário e Propaganda, da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, 14 países sob a hegemonia da Mãe-Rússia, em 1953, era Roman Carmen. As filmagens resultaram no filme ‘O Grande Adeus’. Realismo socialista. Exibido em sessão única. Para os membros do Comitê Central. A nomenklatura. Do partido único que capturara o Estado, a Economia, sufocara a sociedade civil, enviava aos Gulags os indesejáveis. Varlam Chalámov e Alexander Solzhenitsyn, dois deles que sobreviveram ao degredo. Sob temperaturas de 50 graus negativos. Inverno cruel. Mais: executava os dissidentes. Como Lev Kamenev e Grigory Zinoviev.
Sergei Loznitsa informa que as imagens integram o acervo do Arquivo Nacional Russo de Fotografias e Filmes. A instituição está instalada, hoje, em Krasnokosrki. Cidade perto de Moscou. A antiga capital e farol do socialismo realmente existente. Da Rússia vermelha. Em 2021, Tempo Presente, sob o novo czar, ex-KGB, Vladimir Putin. Com projeção de quase três décadas de poder. Sem narrações nem comentários, o recurso estético utilizado é o dos áudios das emissoras de rádio espalhadas pela URSS, em 1953, época da guerra fria [1945_1991]. Pós – segunda guerra mundial [1939-1945]. Surreais, assim define-as o cineasta. Tempos sombrios aqueles.
