Quatro películas sob ameaça
Edição: Marcus Vinícius Beck
Texto e pesquisa: Renato Dias
Teasers: Divulgação
Cartazes: Divulgação
Filho de um italiano de olhos azuis, Augusto Marighella, que desembarcara no Brasil em 4 de novembro de 1907, e de uma negra da etnia Haussá, neta de escravos e nascida dias após a Abolição da Escravatura, Maria Rita, Carlos Marighella foi executado, a sangue frio, dia 4 de novembro de 1969, às 20h. À Alameda Casa Branca. São Paulo, Capital. Em emboscada montada pelo delegado do Dops [Departamento de Ordem Política e Social], Sérgio Paranhos Fleury. Dia em que o Corinthians derrotara o Santos e quebrava um longo jejum contra o rival do litoral. Órfão de pai ainda criança, homem de olhos azuis que brilhavam com as suas pupilas dilatadas pelo consumo obsessivo de cocaína, Fleury, o matador, usava drogas injetáveis, integrou o Esquadrão da Morte e morreu, de forma suspeita, em 1979. Afogado. Marighella, baseado na obra de Mário Magalhães, um best seller, jornalista trotskista na juventude, do jornal ‘O Trabalho’, sob a direção de Wagner Moura, com Lázaro Ramos no papel do protagonista, não tem calendário para estrear no Brasil. Muito menos em Goiânia [[GO]. Tempos sombrios. De Coronavírus Covid 19 temperados com o ‘tresloucado’ Jair Bolsonaro.
Veja o teaser do filme – ‘Marighella’
Codinome Clemente. De Isa Albuquerque. É a história explosiva do último comandante militar da Ação Libertadora Nacional, a ALN. Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Guerrilheiro urbano que disparou um tiro de raspão na orelha de Sérgio Paranhos Fleury e executou, em 1971, o presidente da Ultragás, Henning Albert Boilesen. Um dinamarquês radicado no Brasil, que promovia reuniões gastronômicas, ao lado do czar da Economia, Delfim Netto. Um gorducho de óculos fundo de garrafa da USP, Universidade de São Paulo. Com homens do Deus-Mercado. De múltiplas frações do capital. Para arrecadar recursos financeiros e injetar na Operação Bandeirante, a OBAN. Em 1969. Já nos anos de 1970 e 1971, até morrer, no DOI-CODI. Centro de repressão política e militar. O filme estreará primeiro, no exterior. A Ancine, da União, por motivos óbvios de censura política, não libera recursos financeiros previstos para sua distribuição nas salas de cinemas das 27 unidades da federação. Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército Brasileiro, venera a imagem de Carlos Alberto Brilhante Ustra. O Major Tibiriçá. Comandante do DOI-CODI de 1970 a 1974. Com uma pilha de denúncias e cadáveres.
Veja o teaser do filme ‘Codinome Clemente’
Libelu – Abaixo a ditadura. De Diógenes Muniz. O documentário conta a história da mais barulhenta organização de linhagem trotskista do Brasil. A tendência estudantil Liberdade e Luta. Originada da OSI, fundada em novembro de 1976, no litoral de São Paulo, sob a ditadura civil e militar. Adeptos das ideias de Liev Davidovich Bronstein. ‘Nom de guerre’ Leon Trotski, líder da Revolução Russa de 26 de outubro de 1917, ou 7 de novembro. Como aponta o novo calendário, morto em 21 de agosto de 1940, em um atentado político na Cidade do México, com um golpe de piolet, espécie de picareta, desferida por Ramón Mercader Del Río, agente da KGB, a mando de Josep Stálin e de Lavrent Beria. Depois de 20 anos de cadeia, no México, Ramón Mercader foi para a URSS e Cuba, sob a proteção de Fidel Castro. Ele morreu, em 1978. A Libelu reuniu mais de 1 mil e duzentos ativistas. Da revolução permanente. Como Josimar Melo, Ricardo Melo, Júlio Turra, Cleusa Turra, Paulo Moreira Leite, José Arbex Jr, Markus Sokol, polonês radicado no Brasil, filho legítimo de 1968, ex – membro da VAR-Palmares e membro do PT Nacional, em 2020. Além de Clayton Avelar, Evando Aureliano Peixoto, Eliezer Szturm, Everly Szturm, Ricardo Miranda, Altino Antônio de Barros Neto. É do balacobaco lambertista.
Veja o cartaz do filme
‘Libelu – Abaixo a ditadura’
Triste. Trágica. De cortar o coração. Alma Clandestina traz a história, entre documentário e ficção, da guerrilheira urbana da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares, ex- Colina, estudante de Medicina Maria Auxiliadora Lara Barcelos. A militante foi presa, torturada e trocada, em 1971, pelo embaixador da Suíça, no Brasil, Giovanni Enrico Bucher. Com mais 69 presos políticos. Direto para Santiago. Do Chile. Tempos de efervescência política e cultural na América Latina. Com a ‘transição do médico Salvador Allende’, ex-senador da República, para o socialismo. Uma experiência sabotada pelas classes médias fascistas, que inventaram os panelaços, hoje em moda no Brasil de Jair Bolsonaro, os caminhoneiros, que destruíram a economia do País, pelas frações da burguesia local e internacional, referendada pelas Forças Armadas, que deflagraram um golpe, financiado pelos EUA, como admite Henry Kissinger, em 11 de setembro de 1973. O Palácio de La Moeda, sede do Governo Federal, é bombardeado e destruído. Salvador Allende morre sob os escombros. Quatro mil mortos e desaparecidos. Milhares de exilados. O Chile adota o modelo da Escola de Chicago. Dos Chicago Boys. Quebrou!
Veja o teaser do filme ‘Alma Clandestina’
Galerias de fotografias
1 – Carlos Marighella
2 – Carlos Marighella
3 – Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz
3 – Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz
4 – Maria Auxiliadora Lara Barcellos
5 – Leon Trotski
6 – Libelu