Cidade

A arte do Brechó contra o consumo não sustentável

Economia criativa & colaborativa

A arte do Brechó contra o consumo não sustentável

Diversidade de modelos. Roupas de segunda-mão. Produtos de outlet. Confecção artesanal. De fundo de quintal. Tendências contemporâneas da modernidade. Linhagem da alta costura

 

Renato Dias

Diversidade de modelos. Roupas de segunda-mão. Produtos de outlet. Confecção artesanal. De fundo de quintal. Com tendências contemporâneas da modernidade. Uma linhagem da alta costura. Nada a dever à moda produzida na Europa, o Velho Mundo. Assim como a da fabricada em linha de montagem na América do Norte. Ingrediente indispensável. Uma radical preocupação com o meio ambiente. Contra a sua degradação. Com o olhar voltado às futuras gerações.  Um segmento expressivo da economia nacional e de Goiânia. A capital de Goiás fun­da­da em 1933 por Pedro Fundamental Ludovico Teixeira. A da reciclagem. É a negação icono­clasta do consumo desenfreado. É o que afirma Thaís Moreira. A empreendedora que lançou, no mercado, o Empório Armário. No turbulento ano de 2012. Pós-crise de 2008. A bolha imo­biliária e financeira que implodiu, como no crash de 1929, os EUA e se espraiou pelo mundo.

– Sustentabilidade.

Viagem de 5 anos

É o novo conceito que opera a microempresária Raquel Fideles, 52 anos. Uma viagem de cinco anos no rotulado ‘Brechó com Arte’.  Do setor terciário. O de serviços. Da economia verde e amarela. Em Tempos de Globalização. Ela informa, com exclusividade, comercializar, hoje, o que classifica de ‘produtos de desapego’. O que isso significa? Ah, sim!  As roupas que já foram usadas, em ótimo estado de conservação, sem defeitos, explica. Além de peças de antiquário, pontua a comerciante. Um símbolo dos novos tempos do capitalismo do século XXI, com ausência do Pleno Emprego, da reinvenção do Trabalho e da geração de renda para o exercício da cidadania. Inventiva & multifacetada, uma mulher ‘antenada’ no mundo dos negócios, a sua pequena confecção emprega mulheres da Terceira Idade, rejeitadas pelo mercado de trabalho formal.  Quem? A sua mãe, hoje com 74 anos, e uma tia, com 68 anos. Projeto é expandir, diz.

– É a economia criativa. Colaborativa. Três empresas funcionam, no mesmo espaço, do Brechó com Arte.

A economia criativa é a capacidade de produzir e inventar novas relações sociais e econômicas, produtos sustentáveis, com colaboração de terceiros. Para gerar trabalho, renda e preservar a natureza. Os ambientes social, econômico e a valorização da diversidade cultural.  O economista John Hownkis informa que é o exercício da imaginação para a criação de valor econômico. A criação, produção e distribuição de produtos e serviços, resume-a o pensador.   Trocando em miúdos: com a utilização do conhecimento, da criatividade e do capital inte­lec­tual. A criatividade como sustentáculo do novo modelo de business. É  a economia do século 21, acre­dita Raquel Fideles. Uma mulher bela, cult & descolada. Com sede e disposição ina­creditável para o  trabalho e o desejo de obter a independência econômica em formato original. Com o reaproveitamento de 98% do que seria descartado. Por pessoas ou até conglomerados.

 

– O princípio de Loja Colaborativa é estratégico.

Capital cultural de vantagens

A loja colaborativa possui um capital cultural de vantagens. Como? A redução dos custos com aluguel de espaços e lojas, de energia, água, impostos. Assim como permite o rodízio de funcionários. O que garante a qualidade de vida aos colaboradores. Sem a exploração brutal estabelecida pelo capitalismo contemporâneo. Em época de Modernidade Líquida. Além de garantir a flexibilidade de horário. Mais: a sua possibilidade de apresentar o seu produto para múltiplos clientes é ampliada de forma radical. Não custa lembrar: o consumidor, um cliente especial, plugado na pós-modernidade, é atraído por  três marcas estabelecidas no mesmo local. Com produtos e serviços únicos. Em modelo colaborativo. Thaís Moreira assina pelo Empório Armário. Raquel Fideles, pelo Brechó com Arte. Uma empresa que comercializa óculos com armações e lentes modernas também compõe o local. Um ponto da galera underground.

Thaís Moreira e Raquel Fideles informam que ocorrerá, dias 11 e 12 de outubro de 2019, neste sábado e domingo, um Encontro de Brechós do Brasil. Registro: com gastronomia refinada e música de qualidade. É a ocupação para revitalização do centro histórico de Goiânia.  Dois dias de sustentabilidade, cultura e diversidade, anuncia Raquel Fideles. A regra é desapegar, dispara. O local é o Edifício Parthenon Center. Onde? No Centro Cultural Octo Marques. É a 14ª edição do evento. Em tempo: realizado pelo Empório Armário. Dezenas de brechós trazem seu acervo para você mergulhar no universo de diversidade, preço justo, união e coletividade. O mote é a sustentabilidade, ocupação do centro, fortalecimento do pequeno empresário. Um segmento hegemonizado 99% por  mulheres. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser. A ideia é deixar de fortalecer a cadeia do fast-fashion, incentivar o reuso e ampliar a vida útil dos bens.

– No universo da moda não existe nada mais futurista e contemporâneo do que reusar.

Serviço

O que: 14° Encontro Nacional de Brechós

Onde: Edifício  Parthenon Center [Rua 4, Centro, Goiânia]

Quando: 11 e 12 de outubro [Neste sábado e no domingo]

Horário: Dia 11: das 11h às 19h –  Dia 12: das 11h às 18h

Entrada: Gratuita

Organização: Empório Armário

Endereço eletrônico: @emporioarmario_

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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