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O fantasma da extrema direita

Renato Dias 

A crise de hegemonia, hoje, das forças políticas, sob 40 anos de democracia no Brasil, entre os anos de 1985 a 2025, é uma das explicações para o crescimento da extrema direita no País, analisa o professor doutor da Unesp Alberto Aggio. Com exclusividade a www.renatodias.online

Uma divisão observada já desde a Nova República, aponta. Os vitoriosos na transição da ditadura civil e militar à democracia optam pela dispersão, se enfraquecem, o PT consolida o seu projeto nacional e ganha cinco eleições à presidência da República, ele pontua.

PT e aliados encontram-se em uma crise de direção política para a sociedade, afirma o pesquisador. Segmentos do mundo social à época da modernização acelerada sob a ditadura e mesmo na redemocratização, não dão mais apoio ao seu programa, informa o escritor.

O PT está, hoje, sem aliados estratégicos com capilaridade social e política no espectro da centro-esquerda, a legenda o via como rivais, assim como enfrenta mudanças no capitalismo, no mundo do trabalho, com a inédita diversificação de sua base, ele dá o seu diagnóstico.

Argentina, Itália, EUA e Polônia, hoje, não poderiam ainda ser classificados como autocracias, revela. Democracias eleitorais ou liberais em um processo interno de erosão de suas instituições, explica. Hungria e El Salvador seriam os casos mais avançados, acredita.

Alberto Aggio lembra que a transição da ditadura à democracia foi negociada, sem punição aos acusados de crimes no Estado Autoritário. “Os acusados pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 violaram a Constituição de 1988 e precisam ser condenados”.

Jair Messias Bolsonaro [PL], os que o cercavam e seus adeptos políticos que atacaram as sedes dos três poderes da República na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 devem ser julgados, condenados e cumprirem penas privativas de liberdade, propõe.

Em tempo: o intelectual público admite que a desigualdade econômica, social e educacional no Brasil é  expressiva. Ele insiste também ser possível superá-la. Com a retomada do desenvolvimento econômico sustentável, proteção social e lógica de médio e longo prazos, sugere.

O caminho para enfrentar a extrema direita é cultivar os valores e ideais da democracia, metralha Alberto Aggio. Sem intolerância religiosa, com Estado Laico e um aparelho de repressão fundado no Estado Democrático de Direito, analisa. Diálogo e unidade dos democratas, diz.

O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto mostra uma crise de hegemonia, relata o pensador do Tempo Presente. Os seus estertores, sublinha. Isolamento político, registra. É uma liderança política que fará 80 anos e está em declínio, dispara o docente.

Professor doutor de História da Unesp, Alberto Aggio
Professor doutor de História da Unesp, Alberto Aggio
Professor doutor de História da Unesp, Alberto Aggio

O sindicalismo enfrenta, hoje, uma crise global, com mudanças no mundo do trabalho e das organizações,  destaca. Já a do movimento estudantil possui uma amplitude maior, avalia. O ensino superior privado avançou com impactos, vê. É outro tempo, outro mundo, frisa.

Em Brasília [DF], capital da República, o Congresso Nacional foi invadido pelo Transformismo Negativo, ataca. O que importa é a lógica dos interesses dos chefes partidários, desabafa. Negócios privados, lamenta. Distante da lógica republicana, ele critica. Com acidez.

Amanhã vai ser outro dia _ Chico Buarque

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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