É preciso falar sobre o Messias
Renato Dias
Primeiro, Fabrício Queiróz, o então faz tudo do deputado federal do baixo clero Jair Messias Bolsonaro e operador das receitas do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro, deposita R$ 89 mil nas contas de Michelle Bolsonaro. Em 23 operações. As investigações não prosperaram. Nada.
Segundo, o Clã Bolsonaro, integrado por Jair Messias Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Jair Renan e as suas duas ex-mulheres, teria já adquirido 107 imóveis. Registro: com 51 em dinheiro vivo. Veja: a evolução patrimonial é para lá de estratosférica no Brasil.
Terceiro, mãe e filho movimentaram meio mi de reais. Carlos Bolsonaro e a segunda mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Em suas contas bancárias. Depósitos em R$. Sem origem identificada. [Laboratório de Tecnologia de Combate à de Lavagem de Dinheiro e à Corrupção do MP].
Ex-assessor do então deputado federal Jair Messias Bolsonaro, que obteve, nas urnas, sete mandatos consecutivos, de 1990 a 2014, no Rio. Jorge Luiz Fernandes, militar reformado, um tutor e chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, teria recebido 688 depósitos em sua conta corrente.
Até a mulher do chefe de gabinete, Regina Célia Cabral Fernandes, contratada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com um salário especial de R$ 7 mil e 400, teria efetuado transferência de receitas do erário para o esquema rotulado de rachadinhas do clã. É o que aponta o Ministério Público [RJ].
Quarto, Flávio Bolsonaro é acusado de operar R$ 3 milhões em espécie para pagar despesas pessoais, servidores e impostos. A conta bancária de sua loja de chocolates registrou alto volume de depósitos em cash, dinheiro vivo. Detalhe: sem identificação. Ex-deputado estadual, ele é, hoje, senador.
Quinto, já o deputado federal Eduardo Bolsonaro [PL-SP] admite ter realizado pagamentos parciais em dinheiro vivo, em espécie. Motivo: para comprar apartamento em Copacabana, no Rio. No ano de 2011. A declaração foi dada por ele em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.
Sexto, a ex-mulher de Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, comprou uma mansão em Brasília [DF], a capital da República, por supostos R$ 2,9 milhões. Veja: o corretor da venda seria Geraldo Antônio Machado. Depois, ela informou o pagamento de apenas R$ 829 mil.
Sétimo, dinheiro vivo para ocultar a sua origem era usado para o pagamento das despesas da primeira-dama Michelle Bolsonaro. É o que revela investigação da PF. Áudios obtidos com apreensão do celular do ajudante de ordens Mauro César Barbosa Cid, tenente coronel, comprovam os crimes.
A conta-gotas, investigação da PF detectou sete depósitos a Michelle Bolsonaro. Em dinheiro vivo. Cash. Sem a identificação da sua origem. Operações fracionadas. Em caixas eletrônicos. Com os comprovantes. Sucessivos e em minutos. A suspeita é de desvio de R$ do Palácio do Planalto.
Crimes de peculato, além de lavagem de dinheiro, assim como associação criminosa. Mais: recursos financeiros obtidos em atos ilegais, com ocultação de sua origem, injeta-lo no mercado para legaliza-lo é ilicitude. Até Mauro César Barbosa Cid alertou – a para o risco. Estranha obsessão do clã.