Euler Ivo Vieira
Política

O meu sonho no PC do B

O meu sonho no PC do B

Euler Ivo Vieira aponta os rumos para a revolução socialista brasileira

Euler Ivo Vieira

Eu também tenho um sonho. Que um dia o PCdoB decida querer o poder político e a  busca-lo como primeiro passo  para se construir o socialismo no Brasil, e contribuir assim pelo socialismo e o comunismo em todo o mundo. Que um dia o PCdoB venha abandonar sua velha política reformista, que se arrasta há muitas décadas, de buscar um capitalismo mais palatável para o Brasil, como se o socialismo fosse uma etapa superior do capitalismo.

Ou como se o socialismo só viesse depois de um grande desenvolvimento capitalista nacional, cada vez mais inviabilizado pelo capital financeiro internacional e suas ações na política colonial que exercem sobre nosso pais. De nada adianta esconder a estratégia e tática reformista, sob o manto da correlação desfavorável de forças. Até mesmo porque em qualquer etapa do capitalismo, a força majoritária e preponderante, será sempre a força do poder burguês, democrático ou não, dependente ou não.

A foice e o martelo

Uma tática revolucionária é aquela que serve à uma estratégia revolucionária que visa levar as massas para a buscar do poder político pela revolução. Como consequência, essa tática vai colocar o centro de nossas ações diárias, não nas eleições parlamentares em qualquer esfera, ou nossa participação nos governos democráticos capitalistas, mas no aproveitamento do momento democrático e a se voltar para a organização e mobilização das grandes massas dos operários e demais assalariados e despossuídos, para ações de massas coletivas e radicalizadas, e ajuda-los a saber que sua miséria é sua mais valia que foi enriquecer ainda mais  os capitalistas.

Trabalho análogo à escravidão no Brasil

Massas operárias e assalariadas, que precisam ser despertadas para o socialismo e a revolução, para sua tarefa histórica da liquidação da propriedade privada dos meios de produção. E que para tanto precisam se preparar para tomar o poder político, agindo diretamente, em grandes ações radicalizadas de massas, nos embates diários das classes em luta e não se limitarem a votar em um número insignificante de parlamentares comunistas, para um parlamento largamente burguês.

Ainda que isso seja necessário não poderá continuar mais a ser o centro de nossa atividade, se adotarmos uma tática revolucionária e não apenas reformista. Toda tática estará sempre limitada, em todo momento, pela correlação de forças das classes em luta. Porém, se revolucionária estará sempre a rompê-la em algum ponto, em direção à estratégia revolucionária, na acumulação de forças das grandes massas para a tomada do poder político, para o projeto socialista no Brasil.

Em meu sonho o PCdoB é de fato, o Partido da classe operaria brasileira. Tem uma linha de classe e não preponderantemente identitária. É da classe operaria, não apenas porque declara que sua bandeira geral é a emancipação humana, que coincidentemente é também a estratégia da classe operaria e sua maior realização, mas também porque organizará os operários em partido político, implantará nas fábricas grandes e pequenas, suas organizações leninistas de base partidárias, onde receberão o estudo e a consciência marxista leninista e farão grandes lutas de massas, coletivas e diárias.

Massacre da Lapa – PC do B, em 16 de dezembro de 1976

Também sonho que nosso PCdoB faça uma grande revolução interna para se modificar, para quebrar essa letargia reformista que se arrasta desde há tempos. E que, tendo uma maioria operária em suas bases, venha também a tê-la nas suas direções, inclusive no seu Comitê Central. Uma maioria de origem operária e assalariada, de experiência revolucionária e de provada consciência e projeto marxista leninista, dedicada a tudo fazer para tomar o poder político para os comunistas e grandes massas no Brasil. Sonho que o PCdoB venha a adotar uma linha de classes na sua construção.

E que nas suas relações com as massas em geral, adote o lema de “Servir ao Povo”, e também a prática da linha de massas nas suas ações de convivência e mobilização popular. “É preciso sonhar, com a condição de acreditar em nosso sonho”. Eu acredito nesse meu sonho, embora saiba ser muito difícil, inclusive pela força do costume. Mas acredito que essa mudança virá, porque tem o caráter de vida ou morte para um partido que se diz comunista. Se for, isso se fará. Por isso continuo militando no PCdoB, apesar de tudo.

Karl Marx

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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