O duplo implante
O duplo implante
Francisco Celso Calmon
André Mendonça passa a perna na CCJ e após aprovação pelo plenário mostrou a sua verdadeira cara terrivelmente evangélica. Não esperou nenhum um dia para rasgar a fantasia usada na sabatina. “Um passo para um homem, um salto para os evangélicos”, que, segundo ele, agora estão representados no Supremo. O aprovado para o STF é um eficiente operador de um projeto de poder desse segmento religioso que diz representar. Eu achava que cristão não mentisse, ou não deveria de forma tão despudorada, dando um terrível mau exemplo. E o servidor público, detentor de fé soberana sobre o privado, pode mentir, ou ser falso? O comportamento na sabatina e o depois na sua manifestação pública são contraditórios. O segundo desmente o primeiro.
Quem é o verdadeiro André Mendonça? Qual irá para o STF? O representante dos evangélicos, segundo ele são 40% da população? E como será doravante a representação de cada ministro, um dos judeus, um dos católicos, e os agnósticos ou ateus…? Quem sabe se já não passou da hora o debate sobre poderes sem representação popular? Outra inquietação que me tomou foi saber nas cocheiras das informações de que foram votos da oposição que o levaram a ser aprovado. Os gravíssimos equívocos de Lula e Dilma nas indicações para o Supremo e demais tribunais parecem que fizeram escola e vão persistir. É chocante com o pouco caso (ou ingenuidade ou conciliação) com que as esquerdas tratam a composição do poder Judiciário. Depois lamentam quando o STF é parte dos golpes no país.
Enquanto a letargia da esquerda, a direita não dorme; segundo o jornal Metrópoles, “A senadora Eliziane Gama, relatora da sabatina de André Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, foi sugerida a Sergio Moro como possível vice em sua chapa ao Planalto. A recomendação foi feita em um jantar no último dia 23 em Brasília pelo líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente.” O vacilo da oposição, se que é que podemos denominar assim, poderá custar muita às causas dos direitos humanos, bem como quanto aos abusos da lava jato, ainda a serem julgadas pelo STF. André Mendonça parece que não só implantou cabelos, como implantou um chip de falsidade, e confirmou a sua alta periculosidade política.
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça
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