Francisco Celso Calmon
Opinião

Brasil é feminino

Brasil é feminino

Francisco Celso Calmon

O Brasil é feminino (53%), negro (56%) e dos trabalhadores (66%). Um Congresso que represente o Brasil real terá tanto ou mais legitimidade quanto for a sua composição. Mesmo alcançando essa legitimidade, não será historicamente legítimo se os indígenas não estiverem também representados. A quem cabe tornar isso realidade? Aos partidos, lançando candidatos percentualmente representativos do mosaico étnico-social da população.

Negros _ A revolta está próxima

Aos movimentos sociais e partidos fomentando na base social a consciência da importância, sobretudo da necessidade, de um Congresso espelho da maioria da sociedade. Somente um Congresso que reflita a composição da sociedade poderá demandar institucionalmente pelas necessidades e desejos do povo brasileiro. E sem o qual não haverá.

Congresso Nacional
Congresso Nacional

Lula capaz de revogar todos os malefícios que a política bolsonarista acarretou à nação. A militância progressista precisará reorientar o seu foco eleitoral, geralmente priorizando a eleição de governadores. Não que esta não continue importante, contudo, mais importante para a atual conjuntura será, juntamente com a eleição presidencial, a parlamentar – deputado federal e senador.

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva

Um Congresso com esse arco incorporará também os quesitos desigualdade social, gênero, emprego e renda, bem como a prática de discriminação contra indígenas, mulheres, negros, e pessoas LGBTQI+. Um Parlamento que faça cumprir o artigo terceiro (objetivos fundamentais) da Constituição federal. São eles:

I – Construir uma sociedade, livre, justa e solidária;

II – Garantir o desenvolvimento nacional;

III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

Trabalho análogo à escravidão no Brasil

Neste processo eleitoral, que já começou, a esquerda ao enfrentar o bolsonarismo deve fazê-lo sobretudo pelo viés ideológico. A pandemia mostrou a fragilidade, senão a falência, de um sistema voltado para produzir lucro, mas não para salvar, manter e dignificar a vida. Enquanto milhões morrem e outros estão sequelados, as empresas produtoras de vacina estão enchendo as burras.

Jair Messias Bolsonaro em 7 de setembro de 2021

A proporcionalidade da representação é importante e significativa para a luta pela hegemonia ideológica. Com um Congresso progressista e obediente à Carta Magna, o governo Lula será menos conciliador e sem necessidade de Meireles e Levis do mercado financeiro. Como a direita brasileira é por natureza golpista, a sustentabilidade da democracia e de um governo popular precisarão do empoderamento das classes trabalhadoras, desde a base, comitês do chão da terra, da fábrica, das escolas, dos serviços e comércio, até as entidades sociais – centrais sindicais, frentes Brasil Popular, Povo sem Medo etc, assumindo o protagonismo das demandas ao novo governo.

Henrique Meirelles

O que pode evitar a conciliação de classes de um novo governo, será a manutenção das ruas como palco de operações dos interesses dos trabalhadores. Se o movimento social e sindical se recolher após a vitória nas urnas, estará entregando a força de pressão aos adversários de classe. Há analistas prevendo desde já a derrota do Bolsonaro, e quero crer que estejam certos, contudo, pouco importa se o genocida já perdeu a eleição, porque temos que continuar a combater seu predatório governo e seus áulicos nazifascistas.

Desfile de blindados

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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