Documentário Não espere 24 horas abre feridas e é um soco no estômago do Brasil
Cartaz do documentário Não espere 24 horas
Renato Dias
Sob as ditaduras do Estado Novo [1937-1945] e a civil e militar, centenas de pessoas desapareceram. Por motivos políticos e ideológicos. Pós – Nova República 1985-1989, milhares desaparecem.Percentual alto para nunca mais ser visto. A invisibilidade é a marca dos que somem na frágil democracia no Brasil. É o que mostra o documentário Não espere 24 horas. Lançado no ano de 2021 no País. Uma chaga que destrói milhares e milhares de famílias. Ano a ano. Os índices são estarrecedores.
Desaparecidos políticos
Crianças, adolescentes, adultos e idosos compõem o mapa dos desaparecimentos. A violência doméstica, redes nacional e internacional de exploração sexual comercial, letalidade da Polícia Militar, da Polícia Civil, das milícias, do crime organizado, doenças mentais, transtornos psiquiátricos explicariam as estatísticas. É o que diz o professor doutor da Faculdade de Ciências Sociais, da UFG, Djaci de Oliveira. O sumiço deve ser registrado no máximo em três horas, alerta o pesquisador.
Djaci David de Oliveira
Dramas
Fabiane Esperidião da Silva, 13 anos, desapareceu em 1995. Ivanise Esperidião, sua mãe, não cruzou os braços. Longe de apagar a dor. De curar as chagas. Ela fundou as Mães da Sé. A ONG conseguiu levar de volta aos seus lares cinco mil indivíduos. As histórias nem sempre terminam com finais felizes. Djaci de Oliveira conta que a Política Nacional de Busca ao Desaparecido não mantém Procedimento Operacional Padrão e não está estabelecida nas 27 unidades da Federação e nos 5.570 municípios.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública registra que, no ano de 2018, 82.094 pessoas desapareceram. Em média, 40 mil crianças. São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados com os maiores índices absolutos. Mais: os números podem estar subestimados. Os cadastros nacionais para crianças e adultos não seriam atualizados. O que dificultaria a localização. A média é de oito desaparecimentos por hora. Quinze por dia apenas no Estado do Rio de Janeiro.
Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.