Democracia sitiada?
Lutas de classes
Democracia sitiada?
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Frederico Vitor de Oliveira
Paulo Henrique Costa Mattos
Silvio Costa
Jardel Sebba
Altino Barros
Renato Dias
A democracia no Brasil sofre, hoje, tensões, ameaças de atores autoritários, alerta o professor doutor da Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Federal de Goiás, Carlos Ugo Santander. O pesquisador detecta uma hipertrofia das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A capital da República. O centro do poder político no País. É possível que o general do Exército Brasileiro, Eduardo Pazuello, ex – ministro da Saúde, pare na cadeia, ele afirma.
O cientista político Itami Campos, professor aposentado da UFG, frisa com exclusividade a www.renatodias.online que estaria, em 2021, em movimento, uma articulação de ‘direita’, alimentada pelo ‘bolsonarismo’, que dissemina ódio à qualquer tendência progressista. Com ataques sistemáticos aos poderes constituídos da República, sublinha. O intelectual se refere à Justiça e ao Legislativo. Uma operação que busca o suporte de setores militares, informa.
A sempre incompleta democracia no Brasil é atacada, hoje, por cupins. É o que resume o procurador do Estado de São Paulo aposentado José Damião de Lima Trindade. Ela começou, em 1988, como uma democracia política ‘trêmula’, sob a vigilância militar inscrita na própria Constituição Federal recém-promulgada, explica. O operador do Direito insiste que se tratava ainda de uma democracia social apenas projetada. Sem meios para sair do papel, lembra.
Um maremoto de emendas constitucionais, as denominadas PECs, cortariam as asas da frágil democracia social e os pés da democracia política, denuncia o jurista. Uma operação devagar e determinada, como a executada por cupins, atira. Em tom de ironia política e ideológica. As classes dominantes não suportam a ideia de repartir o pão, ele desabafa. Indignado. Assim como a ideia de os trabalhadores chegarem um dia a tornarem-se soberanos e autônomos, diz.
_ Jair Messias Bolsonaro é um fanfarrão violento.
O advogado José Damião de Lima Trindade dispara que o atual presidente da República é um instrumento para acelerar a trajetória regressiva. Para completar a obra demolidora dos cupins, metralha. O edifício inteiro, corroído por dentro, pode, sim, desmoronar, reclama. Os maiores interessados na sua preservação, os trabalhadores, os intelectuais, os amantes da liberdade e da solidariedade social, parecem que não se deram conta, reage o pesquisador.
_ Por acreditar que se salvarão nas próximas eleições.
A suposta democracia brasileira foi celebrada com um acordo entre a direita pró-imperialista e a direita protonacionalista [nazista] que era representada pela caserna, define o professor da Universidade Estadual de Londrina, André Tsutomu Ota. Sempre a espada de Dâmocles esteve pendente, analisa. Como não olhávamos para cima, achávamos que vivíamos em uma democracia jovem e com percalços, avalia. Logo veio o golpe que não precisou ser violento, frisa.
_ Com um recado: o jogo acabou. Somos donos da bola. Se quiserem jogar devem seguir nossas regras.
Doutor da Universidade Federal de Jataí, o marxista-leninista renovado Fernando Santos avalia que a frágil democracia no País, historicamente, é golpeada em momentos nas quais a sociedade civil constrói as possibilidades para ‘saltos progressistas’. Assim foi em março e abril de 1964, contra João Belchior Marques Goulart, com o golpe empresarial-militar, bem como em 2016, com o golpe midiático-jurídico-parlamentar que depôs Dilma Rousseff, sintetiza.
_ A autocracia burguesa não tem pudores e utiliza múltiplos mecanismos ou subterfúgios para manter as rédeas do Estado capitalista.
Assim como também tanto o seu padrão de acumulação quanto o seu papel subalterno em relação às economias centrais, do sistema mundial capitalista de poder, observa. Jair Messias Bolsonaro promove, hoje, um genocídio da sua população, a barbárie, dilapida o patrimônio público nacional sob a mira de um generalato da caserna, das forças públicas de segurança, com tendência revanchista, ignóbil e entreguista, dispara Fernando Santos.
O jornalista político Marcos Cipriano diz não ver fragilidade na democracia brasileira. O que há é um estresse provocado pela chegada ao poder de um grupo conservador, minoritário, desprovido de valores universais, analisa. O periodista conceituado no Centro-Oeste e no Brasil reflete, hoje, que um percentual dos ‘neoextremistas’ pensa que a direita nasceu em 2018. Eles desconhecem que o Brasil já possuiu uma direita mais competente e inteligente, conta.
_ Basta somente lembrarmos de Magalhães Pinto, Aureliano Chaves, Golbery do Couto e Silva, Afonso Arinos de Melo Franco, Carlos Lacerda.
Repórter investigativo e analítico, dotado de raro talento, Marcos Cipriano, da BandNews, detecta que existem personagens que caçam um minuto de fama nas redes sociais. Não há dúvida de que há dois cenários distintos: um com Luiz Inácio Lula da Silva inelegível e outro com Lula ficha limpa, acredita. As elites dominantes pariram Jair Messias Bolsonaro, por revanchismo dos governos de esquerda, crê. O feitiço virou contra o feiticeiro, ele ironiza.
O Brasil, em dois anos, regrediu vinte anos, resume o analista de cenários históricos, econômicos, políticos e sociais. Avanços e conquistas sociais históricas, como a universalização do ensino superior, a construção de habitação popular para famílias de baixa renda e a adoção da sustentabilidade ambiental sofreram elevados retrocessos, admite. Sem precedentes na história, atira. “Caminhamos a passos largos para nos consolidarmos como pária internacional”, frisa.
O historiador Paulo Winicius Maskote crê que o Brasil nunca teve democracia efetiva. Já que as eleições são marcadas pelo financiamento empresarial, ressalta. Sob a tutela do Deus Mercado, destaca. Do capital financeiro, agronegócio, indústria e conglomerados da área de serviços, vocifera. As classes subalternas não têm a chance de decidir os rumos do país e de distribuir riquezas, desabafa. Escalada autoritária e de restrição às liberdades democráticas, narra.
_ Com a criminalização da luta social, o armamento das milícias, fascismo e projeto de golpe em andamento.
A luta em defesa da democracia é permanente, diz o deputado federal Rubens Otoni Gomide. A cada instante seremos chamados a afirmar o que está escrito na Constituição Cidadã, acredita. Os ataques aos poderes constituídos, a apologia ao autoritarismo e os transtornos psicológicos que tem sido demonstrados por Jair Bolsonaro sob a Pandemia confirmam essa necessidade, dispara. Fortalecer a democracia, hoje, no Brasil passa por salvar vidas, esclarece.
_ Com vacina, emprego e Auxílio Emergencial.
Graduado em Letras, pesquisador de Hegel, editor do Jornal de Deboche, intelectual orgânico, Itamar Borges conta que o protagonismo do general Eduardo Villas Boas é expressão da visão hegemônica nas Forças Armadas. Concepção estratégica que se solidifica com a ditadura civil e militar. “Soberania e defesa nacionais com integração geopolítica e militar subordinadas ao complexo militar dos EUA e alinhamento à sua política à América Latina desde Harry Truman”
_ O que corresponde em termos de alta oficialidade ao que há de mais despreparado intelectual e politicamente dentre das Armas, sendo Eduardo Villas Boas a encarnação em pessoa dessa decadência.
Já os protestos pelo fechamento do STF constituem intimidação fascista e comandos diretos dados por Jair Bolsonaro a seus militantes, avalia. Manifestação de manutenção constante do vínculo entre ele e o seu núcleo duro, metralha. O que exige manutenção diária, insiste. Daniel Silveira deve perder o mandato no Congresso Nacional, defende. A destilação de ódio nas redes sociais é produto genuíno e continuado sob a forma mais agressiva e direta, observa.
_ Do que foi curtido no alambique da Lava Jato.
O tsunami de ‘fake news’ é consequência das tecnologias digitais, ausência de cultura popular para o uso de dados e consulta de informações, de falta de checagem de fontes, diz. “ As prisões de ativistas, ilegais e intimidatórias”. A nomeação de 11 mil militares no Governo Federal se provou simples canal à carreiristas e oportunistas para o desmonte das estruturas sociais do Estado, relata . O efeito Luiz Inácio Lula da Silva mudou o cenário político e eleitoral, adianta.
O capitão da Reserva do Exército Brasileiro [EB] Jair Bolsonaro planeja, sim, executar uma aventura golpista, denuncia o historiador, jornalista e especialista em geopolítica, Frederico Vitor de Oliveira. Uma cruzada autocrática, com 300 mil mortos, 25 milhões de desempregados e desalentados, a queda de 4,1% do PIB, as altas do dólar, euro e libra, o retorno da inflação, a volta do Brasil ao Mapa da Fome da ONU não obteria capilaridade social e política, diz
Historiador, Reinaldo Pantaleão vê movimentação para a tentativa de deflagração de um golpe. A luta pela defesa do Estado Democrático de Direito é estratégica, revela. A democracia no Brasil corre riscos, denuncia Altino Antônio de Barros Neto, ex – presidente da Feteg. A possibilidade é real, anota. Arquiteto e urbanista, especialista em Planejamento Urbano, Guilherme Freitas Souza não acredita na desestabilização das instituições. “Elas são sólidas”.
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_ Agora, estão fazendo de tudo para coloca – la na berlinda.
O mundo e o Brasil enfrentam grave crise, admite o médico Jardel Sebba. Ex – presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, ex-prefeito de Catalão, ex-deputado estadual por quatro mandatos consecutivos, ex-secretário de Estado. Jair Bolsonaro desrespeita protocolos da OMS, o STF hipertrofia o seu protagonismo, Sérgio Moro é um canastrão e a anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva, de forma monocrática, constitui um erro, declara.
Graduado e mestre em História, com especialização em Cuba, o professor universitário do Estado do Tocantins, Paulo Henrique Costa Mattos, marxista consagrado, aponta inseguranças política e institucional, no Brasil. O País está à beira do abismo na economia, sublinha. Até com alto índice de trabalho escravo, critica. Sob a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, relata. Com 100 milhões de pessoas em um quadro de insegurança alimentar, ele ataca.
Graduado e mestre em Serviço Social, doutor em Ciências da Religião, o escritor Antônio Lopes recupera as ideias de Eduardo Galeano, uruguaio, de uma vila açoitada pelo poder de mando e desmando de coronéis. Mais: condena o que define como economia tocada pelo capital transnacional, de produção poluente e expropriadora dos recursos naturais. O jornalista cita Celso Furtado. Cujo lucro ou mais-valia é apropriado além-fronteiras, registra.
_ Povo de paz, cristão, alegre e acolhedor roubado na sua cidadania.
Afanado em direitos, analfabeto funcional instalado no contrato de trabalho estranhado, ele teoriza. Com alicerce político fincado na areia movediça do golpismo, recorre ao icônico Caio Prado Júnior. A história conta os sucessivos atos institucionais a favor da elite, metralha o pesquisador. Um franco – atirador. Livre pensador, ele explica a sua visão de mundo. Antônio Lopes faz referência ao pensamento da filósofa da Universidade de São Paulo, Marilena Chauí.
A democracia no Brasil, hoje, não é uma dádiva, observa o doutor em Ciências Políticas da PUC de Goiás, Silvio Costa. Intelectual especialista em Comuna de Paris [1871] e que lançará a terceira edição, revista e ampliada, em 2021, Anita Garibaldi, de seu livro sobre o tema. Trata – se de uma conquista, contra a ditadura civil e militar [1964 – 1985]e pela redemocratização, recorda- se. Com mobilizações pela Anistia, Diretas já e por uma Constituinte, pontua.
Emendas constitucionais
Sob Fernando Collor, FHC, Michel Temer e Jair Bolsonaro, com os suportes dos monopólios de mídia, PECs atacam a Carta Magna de 5 de outubro de 1988, atira. Jair Bolsonaro é genocida e mensageiro da morte, diagnostica. Com desvios e processos de corrupção, destaca. Se eles são tão fortes, porque não decretaram até hoje o golpe, questiona o cientista social. Silvio Costa mostra os exemplos da Bolívia e Argentina, com os golpes e a volta das esquerdas ao poder.
Silvio Costa