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A história – De Dom Pedro CasaldáligaO homem que é um Santo

A história – De Dom Pedro Casaldáliga

O homem que é um Santo

Dom Pedro Casaldáliga, 91 anos

Um tapa na sua cara. De um integrante das Forças Armadas. Sob a ditadura civil e militar. Bra­sil. Tempos sombrios aqueles. Anos de chumbo. Ameaças. Agentes rondando a sua casa

 

A sua viagem à África acentuou sua visão sobre a perversidade do capitalismo tar­dio, depen­dente e integrado de forma subalterna ao centro global do poder econômico & político

Janelas

O Pai dos desvalidos, na Espanha

Ana Helena Tavares

 

Com a bênção do Vaticano, chegou ao Brasil em 1968. Uma nação incendiada

Ana Helena Tavares

 

Capital agrário, agronegócio, os reais inva­sores das terras indígenas, quilombolas e povos ribeirinhos, não lhes deram sossego

Ana Helena Tavares

E X C L U S I V O

 

Renato Dias

Da Editoria do DM Revista

Um tapa na sua cara. De um integrante das Forças Armadas. Sob a ditadura civil e militar. Bra­sil. Tempos sombrios aqueles. Anos de chumbo. Ameaças. Agentes rondando a sua casa. Nada seria o suficiente para calar o ser humano que nasceu em 16 de fevereiro de 1928. Na cidade de Balsareny. Da província de Barcelona. Uma comunidade autônoma da Catalunha.  Espanha. Velho Mundo. Com as ideias na cabeça de Saint Antônio Maria Claret, fundador da Congregação dos Claretianos, da qual faz parte; Mahatma Gandhi; Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote; e Paulo Freire, ele fez a opção preferencial pelos pobres. É uma das his­tó­rias do homem que é um Santo. Isso mesmo. Dom Pedro Casaldáliga. Hoje com 91 anos de idade.

1968

Dom Pedro Casaldáliga e Lula

Formado no seminário da Igreja Católica Apostólica Romana, exerceu as suas atividades eclesiásticas na Espanha, Guiné Equatorial, na África, e depois na prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso. Centro-Oeste. Do País de dimensões continentais. Com a bênção do Vaticano, chegou ao Brasil no ano de 1968. Uma nação incendiada. Por revoltas estudantis. A deflagração da luta armada. Prisões ilegais, torturas, execuções extrajudiciais e desapare­cimentos forçados. O Ato Institucional Número 5 é assinado em 13 de dezembro. Zuenir Ventura diz que se trata de ‘um ano que não terminou’. Os ecos da ‘revolução que faltou ao encontro’, como aponta Daniel Aarão Reis Filho, ainda fazem barulho. Mais de 50 anos depois.

Dom Pedro Casaldáliga e Dom Paulo Evaristo Arns

Sacerdote, nas terras de Francisco Franco, o ditador que chegou ao poder após a derrota, no fu­zil, dos republicanos na Guerra Civil Espanhola, que ocorreu de 1936 a 1939, a última batalha das utopias, protagonizou ações sociais e políticas que permitiram rotulá-lo de ‘O pai dos des­va­­­lidos’. As direitas, que recusavam a inclinação eclesiástica aos excluídos da riqueza pro­du­zida pelos trabalhadores, o chamavam de ‘O Padre dos Malandros’. Pedro Casaldáliga andava sempre com as pessoas que viviam à margem da sociedade. Dos de cima. Dos endi­nhei­rados. A sua viagem à África acentuou sua visão sobre a perversidade do capitalismo tar­dio, depen­dente e integrado de forma subalterna ao ‘centro global do poder econômico & político’.

É caçado

Nem mesmo com a redemocratização do Brasil, com a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, por Ulysses Guimarães, o capital agrário, o agronegócio, os inva­sores das terras dos indígenas, quilombolas e povos ribeirinhos, lhes deram sossego. Homem-coragem, não temia enfrentá-los. A sua arma, a palavra. De um Deus que quer o paraíso na Terra. Com as reformas agrária e urbana. Demarcações de terras aos originários. Respeito aos herdeiros dos escravos. Com quem o Brasil possui histórica dívida social a pagar e distribuição de renda & poder. Mais: sem a violação dos direitos humanos. Consagrados na Carta da ONU, de 1948. Pós-atrocidades da Segunda Guerra Mundial: do nazismo, do fascismo e do stalinismo

Insubmisso, Dom Pedro Casaldáliga, pasmem!, jamais chegou a ser submetido ao silêncio obsequioso ou teria sido punido por suas atividades pastorais e políticas. Não existe nenhum documento do Vaticano que o tenha

Dom Pedro Casaldáliga, Hoje

algum dia punido oficialmente. Analista de cenário, ele teria profetizado a chegada de Jorge Bergoglio, o argentino torcedor do San Lorenzo, Francis­co, ao papado, Registro: mais de 20 anos antes. Exclusivas, as revelações compõem a obra da jornalista do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa dominada pelo Poder Paralelo ao Estado, refém das milícias, um verdadeiro antro de corrupção, com Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Moreira Franco, de desvio de recursos do erário para os bolsos privados.

Registro

Ana Helena Tavares recorreu à estratégia de financiamento coletivo da obra. O valor captado é público e pode ser consultado através do site Kickante. Entre 15 de novembro de 2018 e 15 de dezembro do mesmo ano foram obtidos R$ 17, 945,00. Quase 600 pessoas contribuíram e 718 exemplares foram vendidos antecipadamente pelo site, informa a autora de Um Bispo Contra Todas as Cercas – A Vida e as Causas de Dom Pedro Casaldáliga. De 2019. Mais leitores  efetuaram depósito em conta. O que totalizou R$ 20.925,00. Com 930 exemplares vendidos antecipadamente, revela. O valor arrecadado foi repassado para a Editora Gramma, que imprimiu mais 200 exemplares, observa ela. Além dos encomendados, para distribuição em livrarias, relata. A primeira tiragem é de 1.130 exemplares, diz a bela  escritora gauche e cult.

Saiba mais

Cronologia

1928

Nasce Pedro Casaldáliga

1968

Religioso chega ao Brasil

13

De dezembro de 68: AI-5

1979

Anistia aos presos políticos

1980

Atentado à OAB

1988         

Morre Chico Mendes

 

2016

Golpe depõe Dilma

91

Anos têm o católico

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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