Política

Renato Dias 

Marielle Franco saiu da Casa das Pretas, dia 14 de março de 2018, às 21h, em um carro dirigido pelo motorista Anderson Gomes. A assessora parlamentar Fernanda Gonçalves Chaves estava ao seu lado. Já às 21h30, no Estácio, um Cobalt sob o controle de Élcio de Queiroz, ex-PM, emparelhou-se com o seu veículo, Ronnie Lessa disparou 14 vezes com uma submetralhadora alemã. Quatro tiros acertaram-na. Três, o auxiliar. Apenas uma sobrevivente. Estilhaços caíram na cabeça do parceiro do matador de aluguel.

Mais: é uma cadeia organizada para matar pessoas, observa a jornalista Flávia Oliveira. Veja: a analista aponta a existência de uma organização criminosa. Para definir os alvos, alugar um carro, descaracterizar o veículo, obter o acesso a poderosos equipamentos bélicos, além de esconder as armas usadas na operação macabra, assim como destruir o automóvel. Uma linha de montagem. É a indústria da morte no Brasil em pleno século 21. Tempos sombrios. O poder paralelo ao do Estado. Das Milícias. O que é trágico.

Sete mortes. Um banho de sangue. Após o duplo homicídio de Marielle Franco e de Anderson Gomes, mais cinco compõem a escalada da violência. Vereadora do Psol, legenda de esquerda fundada em 2004, graduada em Ciências Sociais [PUC-RJ], mestre em Administração Pública na Universidade Federal Fluminense [UFF], ela atuava no Complexo de Favelas, defendia negros, mulheres LGBTsQUIAP, os direitos humanos, atacava a violência policial. Em um Estado com alta letalidade da PM-RJ.

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As investigações indicam à eventual queima de arquivo para a execução a sangue frio de Lucas do Prado Nascimento da Silva. O seu apelido era “Todynho”. Cronologia especial: o assassinato ocorreu no dia 3 de abril de 2018. Local: à Avenida Brasil, em Bangu, Rio de Janeiro. Vinte dias depois das mortes no Estácio. Já Adriano da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime, ex-capitão do Bope, 9 de fevereiro de 2020, morto em um imóvel rural na Bahia por uma Força-Tarefa do Bope Estadual e da PM do Rio de Janeiro 

Luiz Carlos Felipe Martins, o “Orelha”, morreu em 20 de março do ano de 2021, Realengo, zona oeste, do Rio de Janeiro. No mesmo ano, cidade e Estado, exatos oito meses de diferença, de Edimilson do Nascimento da Silva, rotulado de Macalé, cai no dia cinza de 6 de novembro de 2021, em cinematográfica emboscada. Onde?  À Avenida Santa Cruz, na Zona Oeste, em Bangu, no violento Rio de Janeiro. Hélio de Paulo Ferreira, o Senhor das Armas, é executado: 28 de fevereiro de 2023, rua Aratiro ou Morte, Anil, Zona Oeste.

Com aposentadoria de sargento reformado, Ronnie Lessa teria acumulado patrimônio ilegal em seu nome, da mulher, irmão e de supostos laranjas de R$ 7 milhões. Imóveis, lotes, lancha, armas, dinheiro. Eles já foram bloqueados. Para indenizar os familiares das vítimas. Preso, o ex-bombeiro Maxwell Simões, envolvido no esquema, teria uma casa de luxo no Condomínio, avaliada em R$ 2 mi, uma lancha, corrente de ouro. Efeito dominó. Uma a uma. As peças caem. Para esconder o mandante. Não há crime perfeito.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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