Agenda neoliberal de El Loco
Renato Dias
Com uma plataforma não republicana e patrimonialista, temperadas com ideias xenófobas, misóginas e de extrema-direita, o presidente da Argentina, Javier Milei, afunda o País em aguda crise econômica.
É o que aponta levantamento estatístico do Observatório da Dívida Social da Argentina. Os indicadores sociais e políticos, hoje, são estarrecedores. Veja: a maior dos últimos 20 anos. Já a de 2004 dava sinais de saída.
Personagem de televisão, economista que se autodeclara ultraliberal, usa os cabelos desgrenhados, conversa com cachorro no além, ele está a caminho de completar seis meses como inquilino da Casa Rosada.
Da janela, Javier Milei vê o crescimento explosivo, hoje, da insatisfação popular em relação à ortodoxia neoliberal das medidas adotadas em sua administração nas áreas de economia, social e na gestão pública.
A Argentina está à beira do caos. É o que mostram os números. O Dragão da inflação anuncia um índice estratosférico de 254,2%. Um mecanismo de transferência de renda do bolso dos trabalhadores para o capital.
A Taxa de Pobreza aumenta em escalada vertiginosa. O patamar é de 57,4%. O que corresponde à pornográfica presença de 27 milhões de habitantes na faixa econômica, social e cultural referida. Uma tragédia.
Para piorar o cenário político e o ambiente econômico e o humor político do Congresso Nacional e das ruas na Argentina, a projeção é de um encolhimento de 2,8% do PIB, a soma das riquezas produzidas, em 2024.
O desemprego registra sinais de alerta em 7,2%. Da população economicamente ativa. A dívida externa monumental atinge US$ 300 bilhões. Dados do Banco Mundial e do velho Fundo Monetário Internacional.
“El loco”, Javier Milei rompeu com os Brics, distancia-se do Sul Global, não acena ao Brasil, faz grosseria com Joe Biden para aproximar de Donald Trump e começa, de leve, a pisar o reino da impopularidade.
Suposto outsider em aliança com oligarcas da velha política e da economia, ele possui minoria no Congresso Nacional, abusa da repressão policial para conter os protestos e fica cada vez mais acuado. O que virá?
Perto da instabilidade política
O que pensa David Maciel
A instabilidade política deverá se aprofundar na Argentina nos próximos meses. Ácida, a previsão é de David Maciel. Professor doutor de História Contemporânea, da Faculdade de História, Universidade Federal de Goiás.
O programa de governo de Javier Milei não traz solução para a grave crise econômica do País, observa. Mais: o neoliberalismo extremado jamais produz um crescimento sustentável, sublinha o pesquisador.
Veja: o seu receituário econômico eleva a precarização no mundo do trabalho, contrai o consumo, promove a pilhagem sobre os bens e serviços públicos, explica o adepto das ideias de Karl Marx [1818-1883].
O analista do Tempo Presente afirma que a aplicação integral de sua agenda somente será possível com a instalação de uma ditadura civil e militar na Argentina. “Em condições democráticas não conseguirá.”
Sob Javier Milei, a Argentina já se tornou a ponta de lança da extrema-direita, assim como do neoliberalismo radical na América Latina, alerta, hoje, David Maciel ao Portal de Notícias www.renatodias.online