Confissão de culpa, pedido de clemência e súplica por anistia
Renato Dias
O ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro admitiu a existência da minuta do golpe de Estado civil e militar com os decretos do Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem, a GLO, em um comício realizado na Avenida Paulista, em São Paulo.
O documento foi encontrado em Brasília [DF], capital da República, na sede do PL, sigla do capitão reformado do Exército Brasileiro, pela Polícia Federal. Mais: sob a Operação Tempos Veritatis executada com a autorização do Supremo Tribunal Federal.
A minuta previa a intervenção autoritária no TSE. Com o cancelamento das eleições de outubro de 2022. Observação: apenas o pleito ao Palácio do Planalto. O eleito nas urnas eletrônicas, Luiz Inácio Lula da Silva, seria afastado do cargo de forma sumária.
O presidente da corte eleitoral, Alexandre de Moraes, deveria ser preso. Investigações apontam ainda que o ministro do STF cairia na malha fina dos Kids Pretos. Uma unidade especial do Exército Brasileiro com sede em Goiânia. A Capital do Estado de Goiás.
Levantamento realizado pelo Monitor do Debate Político, da Universidade de São Paulo, mostra que o ato de Jair Messias Bolsonaro reuniu, em 25 de fevereiro de 2024, uma multidão com 185 mil pessoas Cálculo coordenado por Pablo Ortellado.
Acuado, alvo de uma série de operações da PF e na mira de inquéritos do STF, condenado pelo TSE, já inelegível por oito anos, teve a solidariedade de quatro de 27 governadores. De religiosos, apenas Silas Malafaia, Magno Malta e Marco Feliciano.
Com o alto risco de espalhar radioatividade, Jair Messias Bolsonaro atraiu somente os deputados federais Alexandre Ramagem [RJ], Carlos Jordy [RJ], Nikolas Ferreira [MG], Gustavo Gayer [GO]. Ricardo Nunes [MDB] é suspeito de usar recursos públicos no ato.
Homens e mulheres de camisa amarela circulavam com bandeiras de Israel. País em guerra. Eles escutavam, em uma cena hilária e anacrônica, música de Geraldo Vandré. Cantor e compositor perseguido e exilado durante a ditadura civil e militar.
Personagens das Forças Armadas, PRF, Abin, PMs, PCs, não apareceram na Avenida Paulista. Nada do agro e do PIB da Faria Lima. Nem Carlos Bolsonaro. Muito menos Jair Renan Bolsonaro. Michele Bolsonaro orou e até chorou. O arrebatamento flopou.
O que é o arrebatamento neopentecostal?
O arrebatamento ocorrerá após Jesus voltar para buscar os salvos, nos últimos tempos [João 14:2-3]. Jesus dará a ordem, uma trombeta soará, ele descerá à terra, os mortos ressuscitarão e depois os vivos serão arrebatados [1 Tessalonicenses 4:16-17]. Ninguém sabe a data e poderá ser a qualquer momento.
Veja: Jair Messias Bolsonaro permaneceu calado, dia 22 de fevereiro de 2024, na PF. Um paradoxo. Para quem discursou por 25 minutos três dias depois. Em nome de suposta pacificação. A história mostra que a impunidade é, sim, a antessala da tragédia.
Palanques, orações, discursos, confissão, pedido e súplica, em campanha eleitoral extemporânea, não alteram as implicações jurídicas na tentativa de abolição do Estado de Direito, Abin paralela, desvio de bens da União e mortes na Pandemia. É o seu fim?
O Brasil enfrenta processos de mudanças. O ano de 2002 é um marco. Além de 2013. Velhas siglas ficam anêmicas. Como PSDB e MDB. O PTB morre. Generais perdem exércitos: FHC, José Serra, Roberto Freire, Michel Temer, além de Ciro Gomes.
Ele possui capilaridade, não está morto, respira na UTI com a ajuda de aparelhos. É o recado da Avenida Paulista. A polarização continua. Em 2024. Como um acúmulo de forças. Na disputa pela hegemonia. Até 2026. Não existe mais atalho pelo meio.