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A construção do golpe

Conspiração das direitas

Cronologia de 2018 a 8 de janeiro de 2023

Chico Buarque
Infográfico Estadão

Renato Dias

À época ainda inquilino do Palácio do Planalto, Jair Messias Bolsonaro [PL] já sabia. A Pandemia, crise econômica aguda, escândalos de corrupção, ataques à frágil democracia e o isolamento internacional trariam, em outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. Apenas um golpe de Estado civil e militar o livraria da prisão.

Jair Messias Bolsonaro

O medo de se foder marca a reunião de 5 de julho de 2022. Meses antes das eleições. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional [GSI], general Augusto Heleno, nutrido pela autoconfiança e a crença na impunidade no Brasil, prega virar a mesa e ter que agir. Com a anuência do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Eduardo Villas Boas - imagem
Eduardo Villas Boas

O pontapé ao projeto do suposto Messias teria sido o tuíte, em 4 de abril de 2018, do general Eduardo Villas Boas. Um recado ostensivo ao STF. O que impede o Habeas Corpus a Luiz Inácio Lula da Silva. O líder das pesquisas. Sergio Moro opera. Com o auxílio do TRF-4. O ato de 6 de setembro, em Juiz de Fora [MG], consolida a operação.

Sergio Moro

A privatização selvagem, com o desmonte brutal das leis trabalhistas, o sucateamento do ensino público, os sucessivos cortes no SUS, a liberação por atacado das armas, além da escalada de violência contra o STF, o Ministério Público, sob o romance e a subida ao altar com o Centrão são impressões digitais do homem de dez dedos.

Congresso Nacional
Congresso Nacional

Um orçamento bilionário secreto para o vil e ávido Congresso Nacional. Indicação e recondução do engavetador-mor Augusto Aras. Próteses penianas de 10 centímetros, lagosta, camarão, uísque, leite condensado, promoções, aposentadorias gordas, seis mil cargos políticos aos militares. Benefícios públicos aos neopentecostais, Record, SBT.

12 de dezembro em Brasília _ uol

Silvinei Vasques [PRF] inicia a tentativa de golpe de Estado civil e militar no Nordeste. Nove estados sob controle vermelho. Abin vigia 64 mil pessoas. Gabinete do Ódio espalha Fake News e distorce a realidade. Mauro Cid financia acampamentos. Kids pretos infiltram-se. Caos em Brasília em 12 de dezembro. Bomba no Aeroporto dia 24.

Steve Bannon

Ele alterna acusações sem provas ao sólido sistema eleitoral eletrônico, uma orientação de Steve Bannon, o guru de Donald Trump, ideólogo do 6 de janeiro no Capitólio, com a demora acentuada em aceitar o resultado das urnas e incitação aos acampamentos nos quartéis. Com suporte parlamentar e do agronegócio a festa da Selma é organizada.

Ministro do STF, Alexandre de Moraes

A ruptura com o Estado de Direito previa ações táticas do Comando de Operações Terrestres e do Comando de Operações Especiais. O que incluiria o fechamento do TSE, a prisão do seu presidente Alexandre de Moraes, o cancelamento das eleições sob alegação de fraude e a decretação de Estado de Sítio e ainda a edição de GLO.

Joe Biden

Jair Messias Bolsonaro não teria o apoio dos EUA, nem da Europa, muito menos dos Brics e do Mercosul. Distante da Guerra Fria, ele enfrentaria as resistências do STF, Congresso Nacional e da maioria dos 27 governadores. Cenário adverso aos de 1937, 1954, 1964 e 2016. Tempos sombrios. Em que ocorreram golpes de Estado. No Brasil.

Minutas de um eventual golpe de Estado civil e militar foram encontrados em Brasília. Até um texto que parecia um discurso a ser lido à Nação após a consumação da ruptura institucional acabou descoberto. O documento estava guardado na sede do Partido Liberal. Com expressões usadas por Jair Messias Bolsonaro. Sem assinatura.

Jair Messias Bolsonaro foge para os EUA em 30 de dezembro. Com joias ao mercado e cartões fraudados. Veja: Luiz Inácio Lula da Silva não é morto em 1° de janeiro. Sete dias depois, a intentona das direitas. Sem o amparo do Executivo, que reage. Com o endurecimento do Judiciário. O Congresso Nacional não se verga. O golpe fracassa.

Frederico Vitor de Oliveira [GO], jornalista e historiador

O nó da justiça

O ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro [PL] deve ser tratado com o rigor da lei no inquérito que apura a tentativa de subverter a ordem política do Brasil, atira o professor doutor de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás [UFG], Carlos Ugo Santander. Processo pedagógico, diz.

As operações da Polícia Federal Vigilância Aproximada e Tempus Veritatis reforçam a necessidade de as esquerdas, hoje, no Brasil, apontarem para a centralidade da democracia. É o que observa Fernando Casadei Salles [SP], professor doutor aposentado da Universidade de Sorocaba.

As conspirações contra a democracia, a tentativa de golpe de Estado e os crimes de corrupção praticados por Jair Messias Bolsonaro e aliados devem resultar em prisão, defende o professor mestre de História e Sociologia da Universidade de Gurupi [TO], Paulo Henrique Costa Mattos.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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