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Histórias da ditadura

1964-1985

A Internacional
Bella Ciao

Textos e edição: Renato Dias

Fotografias: Carlos Mendes

Vídeo: Lucas Ribeiro

Infográficos: Eric Damasceno Kaji

Ex-governador do Rio Grande do Sul [1958-1962] e do Rio de Janeiro [1983-1986 e 1991-1994], o engenheiro Leonel de Moura Brizola propôs em reunião nacional, a portas fechadas, a fusão do PDT com o PT e que abriria mão da presidência da sigla. É o que revela com exclusividade ao Portal de Notícias renatodias.online Isaura Lemos, testemunha viva do fórum. Ela era à época deputada estadual trabalhista em Goiás.

Euler Ivo Vieira

A revelação explosiva foi feita pela atual líder comunista em um sarau realizado na sua casa, organizado pelo ex-vereador de Goiânia Euler Ivo Vieira, seu marido. Com as participações de Tarzan de Castro, Juarez Ferraz da Maia, Neso Natal, Erotides Borges oriundos da luta armada contra a ditadura civil e militar no Brasil. Assim como de João Silva Neto e de Valterli Guedes, que integraram a resistência democrática pós 1964.

Já o ex-deputado estadual, exilado ainda na França, Tarzan de Castro informa ter sido frequentador, no exílio, no Uruguai, no Cone-Sul, da casa de Leonel Brizola, ao lado de Neiva Moreira. Além de ser o responsável pela montagem da campanha do pedetista, em Goiás, para as eleições à presidência da República, no ano turbulento de 1989. A primeira depois da redemocratização. O último pleito havia ocorrido em 1960.

Ex-líder estudantil, um carbonário próximo do advogado Francisco Julião [PE], ícone das Ligas Camponesas, Tarzan de Castro era um ativista político e revolucionário com passagens tanto pelo PC do B quanto na Ala Vermelha. Preso político torturado, ele contou, em detalhes, a sua fuga espetacular, cinematográfica, promovida da Fortaleza de Lajes, no Rio de Janeiro. Em tempo: com James Allen Luz e até Gerson Parreira.

explosivo

Neso Natal é, hoje, o único sobrevivente do Assalto ao Tiro de Guerra. Uma unidade do Exército Brasileiro instalada em Anápolis, Estado de Goiás. A operação organizada pelo PC do B ocorreu em 16 de novembro de 1964. Sete meses após o golpe de Estado civil e militar que depôs o presidente da República João Goulart. Saldo: 63 fuzis e farta munição. A ideia era fazer uma revolução como na Rússia e em Cuba, conta.

Exilado na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [URSS], o comunista retornou ao Brasil, acabou preso, torturado e deslocado para o Cepaigo. Veja: o militante, um antigo defensor da Ditadura do Proletariado, obteve os cuidados especiais de João Silva Neto, dirigente do PCB, o Partidão, sigla de Luiz Carlos Prestes, também trancafiado e com mandato de vereador cassado e expulso do curso de Direito pelo vil Decreto 477.

Guerrilheiro urbano da VAR-Palmares, a mesma organização política de Dilma Rousseff, Erotides Borges, companheiro em 1968 e 1969 do desaparecido político, em 1970, Marcos Antônio Dias Batista, 15 anos, voluntário na atividade de solidariedade no trabalho na Nicarágua, adepto do socialismo em Cuba, focou sua longeva história de 44 anos de construção do PT e quer superação das divergências pela unidade da esquerda.

Erotides Borges e Tarzan de Castro

Euler Ivo Vieira expôs como conseguiu ludibriar os agentes do Departamento de Ordem Política e Social [Dops], em São Paulo, os diálogos com os advogados de presos políticos Modesto da Silveira [RJ] e Rômulo Gonçalves [GO], o treinamento de guerrilha executado na China, o trabalho no Sertão da Bahia e as lutas no Acre, as conversas com o jornalista Batista Custódio para divulgar o Tribuna Operária, em Goiás.

A cantora Maíra

Com uma mesa de frios, garrafas de vinho tinto, copos de Coca Cola zero açúcar, a transmissão, escondida, em um celular, do jogo do Vila Nova Futebol Clube, o maior do Centro-Oeste do Brasil, o encontro cult e gauche encerrou-se com uma apresentação especial da cantora Maíra. Em repertório eclético, que incluiu Zé Ramalho, Noel Rosa e a argentina Mercedes Sosa. Lágrimas escaparam. Dos olhos de Euler Ivo Vieira.

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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