Adeus de Marcos Araújo
Comunista fecha a sua banca de jornais e revistas
Sob a revolução da internet, a Pandemia e a crise
Renato Dias
Fundador do Grêmio Livre do Colégio Carlos Chagas, ele participou da campanha por Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Adepto das ideias de Karl Marx [1818-1883], esteve na vanguarda da criação da Frems. A Frente de Reorganização do Movimento Secundarista em Goiânia. Empreendedor, montou ainda uma histórica banca de jornal e revista, na capital. À Avenida Anhanguera, centro. Sob a ditadura civil e militar. É a saga de Marcos Araújo, velho ícone do PC do B.
Barbudo como o incendiário inglês Friedrich Engels, Marcão comercializava os veículos da Imprensa Alternativa ou também Nanica. As bancas viraram alvos de ações da direita explosiva. Tempos sombrios. Da Operação Cristal. Atentados orientados pelos generais do Exército Sylvio Frota e Antônio Bandeira. Um homem cult, de formação humanista, com solidez ideológica e cultural, torcedor do Goiás, tornou o espaço um ponto de encontro das esquerdas.
Ativo nas lutas de classes no Brasil e na América Latina, Marcos Araújo integrou o DCE da Universidade Católica, atual PUC Goiás, presidiu o PC do B, a sigla da foice e do martelo, exerceu a função pública de assessor especial do prefeito de Goiânia, de 2001 a 2004, Pedro Wilson Guimarães [PT]. Um revolucionário que conversava tanto com Darci Accorsi quanto com Iris Rezende, além de Marconi Perillo. O PC do B chegou a 101 anos no último dia 25 de março de 2023.
Com a Federação Brasil da Esperança [FBE], integrada por PT, PC do B e PV, além de uma ampla frente democrática, contribuiu para derrotar o então presidente da República Jair Messias Bolsonaro [PL]. O responsável por 700 mil mortes sob a Pandemia do Covid, o Auschwitz Yanomami, a queda no PIB, o descontrole da inflação, os atentados de 8 de janeiro de 2023. Mais: a hipertrofia do poder militar na esfera civil e o festival de escândalos de desvio de recursos do erário.
Com a revolução da internet, a informação no celular, em tempo real, dos cinco continentes em 193 países que integram a ONU, um mundo globalizado com 8 bilhões de habitantes, jornais e revistas de suporte impresso perderam espaço no mercado de comunicação social do século 21. O que dava lucro hoje gera prejuízo. O leitor da mídia tradicional envelheceu. Marcos Araújo decidiu fechar as portas de sua banca, no Goiânia Shopping. É o fim de uma era.