Peru sangra, hoje
Mais de 60 mortos em protestos
Protestos por Constituinte, liberdade a Pedro Castillo e saída de Dina Boluarte
Renato Dias
A saída do presidente eleito do Peru, em 2022, o esquerdista Pedro Castillo, produziu um vácuo de poder e permitiu às direitas, em suas versões mais radicais, a reprimirem os protestos populares, com um saldo trágico de mais de 60 mortos. É o que revela com exclusividade, hoje, ao Portal de Notícias www.renatodias.online o cientista social e político peruano, além de professor doutor da Faculdade de Ciências Sociais [FCS], da Universidade Federal de Goiás [UFG], Carlos Ugo Santander. Uma crise explosiva, fuzila.
Pedro Castillo tentou deflagrar um golpe de Estado civil e militar, o que se constitui em um erro, relata. Mais a vice-presidente Dina Boluarte assumiu o poder, pontua. Para a sua sobrevivência política, ela optou pela aliança com a extrema-direita, relata. Já no exercício do poder, as forças políticas conservadoras contra-atacaram, sublinha. Com uma alta dose de violência e letalidade na repressão. É o que resume o pesquisador das graves violações dos direitos humanos na América Latina e no Caribe [Alac].
O aparelho de segurança do Estado é, sim, o responsável pelas dezenas de mortos e até centenas de feridos. É o que anuncia Carlos Ugo Santander. Veja: Pedro Castillo está hoje preso, em Lima, capital. Dina Boluarte quer antecipar as eleições à Presidência da República e ao Congresso Nacional, dispara. O clima é de tensão social e política, alerta. Com projetos de poder ainda em disputa. A extrema-direita quer nomear e exercer com absoluto controle a Justiça Eleitoral do Peru, explica. A estratégia é impedir a derrota, crê.
Nas urnas, registra. O docente aponta para a inexistência de iniciativa de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Livre, Democrática e Soberana, para garantir o Estado Democrático de Direito, ela lamenta. Não custa lembrar: a Constituição Federal em vigência no País é datada do ano de 1993, sob um regime de exceção, violento, autoritário, com o ditador Alberto Fujimori na presidência da República. O ex-chefe de Estado foi condenado, extraditado do Japão e preso. Até hoje. Desde o ano de 2007.
Para compreender
A Justiça de Transição no Peru
Renato Dias
Ex-presidente da República do Peru, Alberto Fujimori foi Alberto Fujimori cumpre, desde o ano de 2007, sentença de 25 anos de prisão. Condenado por um de seus crimes. A morte de 25 pessoas, civis, em dois massacres realizados por um comando do Exército. A sangue frio.
As bandeiras dos manifestantes
O que eles querem no Peru
Renato Dias
A renúncia imediata de Dina Boluarte, a vice que assumiu a presidência da República. Mais: a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Livre, Democrática e Soberana para elaborar uma nova Carta Magna, Constituição Federal. Assim como a libertação de Pedro Castillo, um esquerdista preso. É o que defendem, hoje, os milhões de manifestantes no Peru. Violência estatal policial já matou mais de 60 ativistas.
Crime de genocídio no País
Os Movimentos de Defesa dos Direitos Humanos no País e a Anistia Internacional já acusam as autoridades de recorrer às armas de fogo e até com helicópteros para despejar bombas nos manifestantes civis. Crime de genocídio, como tipifica o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Em tempo: a Procuradoria do Peru investiga, hoje, a presidente da República, Dina Boluarte, como a responsável pelos ataques.
Carlos Ugo Santander
Las diferencias entre el estallido peruano y el chileno de 2019