Markus Sokol
Internacional

8 de março: Putin ameaça a existência da Ucrânia

8 de março: Putin ameaça

a existência da Ucrânia

Markus Sokol

Nesta hora grave, quando o mundo é impactado pela guerra na Europa, berço da classe trabalhadora, e envolvendo os EUA, por ora por meio de agentes interpostos (governos da União Europeia, colar de bases da Otan voltadas ao Leste – Rússia, China etc. -, e geograficamente por detrás da Ucrânia), agora ainda mais com sanções desprezíveis que recairão sobre o povo russo, neste momento terrível, quero reagir ao discurso bárbaro de Vladimir Putin nos jornais de hoje [OESP, NYT, AFP e, para os incrédulos, também em órgãos russos de língua inglesa, francesa e alemã] – uma fala pior que a do deputado paulista Mamãe Falei [“as ucranianas são baratas”].

Arthur do Val – Mamãe Falei

Putin jogou, e tem ainda mais, obuses, projéteis e mísseis, bem mais agravantes e humilhantes às mulheres e homens ucranianas e ucranianos, do que os trocados do idiota misógino Mamãe Falei, o qual é tão imbecil quanto os bolso-putinistas do Palácio do Planalto, os ex-bolsominions hoje bidenistas no mesmo Palácio do Planalto (do general Mourão a outros, não “menos votados”, por que nunca foram votados), e também conhecidos golpistas até “votados” quando Lula estava preso, quando o PT e outros setores populares estavam sendo perseguidos e ofendidos.

Luiz Inácio Lula da Silva em dois momentos históricos

Pois Putin, a propósito deste próximo dia 8 de Março, Dia da Mulher na Federação Russa, companheiras e companheiros, saiu-se com esta ameaça à simples existência da Ucrânia. “Em reunião com funcionárias da companhia Aeroflot, no Dia da Mulher russo, disse que ‘a liderança atual da Ucrânia precisa entender que se continuarem a fazer o que estão fazendo (sic), colocarão a existência do Estado ucraniano em risco. Se isso acontecer, a culpa será deles (!)’.”

Vladimir Ilich Ulianov – Lênin

Esta fala retoma o eixo do discurso fanatizador de Putin no último dia 21, quando negou a existência da nação ucraniana, “criada por erro de Lenin e do Partido Comunista”, ao anunciar o envio das tropas russas para dentro da Ucrânia. A verdade histórica é que a entrada soberana da Ucrânia na União das Republicas Socialistas Soviéticas, nos anos 20, após a revolução de 1917, não foi a criação, mas a coroação da libertação da Ucrânia, em luta secular pelo direito a existência como nação, negada pela “prisão dos povos” (o Império Russo tzarista), assim qualificada pela opinião progressista à época.

Volodymyr Zelenslyy

Putin faz uma ameaça bárbara como essa, como tinha traços bárbaros o regime do Império Russo cuja nostalgia ele excita. As manchetes da imprensa falam de que cogita do fim da Ucrânia, e não é em relação à supostas “republicas independentes” no Donbass, na fronteira russo-ucraniana, não, nem do regime de Zelenski que é o que é, não, é do “fim do Estado ucraniano” mesmo que ele está falando. Putin faz essa ameaça insuportável de escalada sem-fim, quando o povo russo sabe bem, como sabem os povos da Europa, e em certa medida os povos do mundo, que numa guerra são as mulheres quem mais sofrem pelos encargos que se lhes acumulam em jornadas triplas ou quádruplas de trabalho: doméstico, familiar, público e privado.

Vladimir Putin e Jair Bolsonaro, em Moscou _ O Globo

Mas Putin não pode e não vai vencer essa parada bárbara. A começar do fato da resistência na própria Rússia, com dezenas de milhares em manifestações contra a guerra em São Petersburgo e Moscou – 8 mil presos -, de manifestos de milhares de cientistas, de mais um milhão de adesões em um abaixo-assinado contra a guerra etc. Lembrando as manifestações de massa, independentes de governos na Europa, como os 250 mil alemães por “Não à guerra” no domingo passado, mobilizados pela central sindical DGB (revoltada com a decisão do premiê social-democrata Scholtz de rearmar a Bundeswehr, o exército alemão, com 110 bilhões de euros nos próximos anos).

Neste dia 8 de março, em todo o planeta, vai ecoar o “Não à Guerra na Ucrânia”. Mulheres e homens da classe trabalhadora unidas e unidos, conforme a origem do dia 8 de Março, decidido como Dia Internacional de Luta Pelos Direitos das Mulheres, na 2ª Conferência Internacionalista das Mulheres Socialistas, em agosto de 1910. Com Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e todas as outras.

A guerra Rússia e Ucrânia

Fraternidade entre os povos, paz, e direito à autodeterminação

Markus Sokol é economista, trotskista, dirigente de O Trabalho, membro do Diálogo e Ação Petista [DAP], integrante da IV Internacional, além do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores

Markus Sokol e Jean-Luc Mélenchon

Nota do editor

Artigo de Markus Sokol, originalmente publicado no site do PT e repercutido também pela equipe do candidato a presidente francês Jean Luc Melénchon (“Dans un article, Markus Sokol, membre du directoire national du Parti des travailleurs, critique la manifestation de Poutine et défend “la fraternité entre les peuples, la paix et le droit à l’autodétermination”)

 

Renato Dias

Renato Dias, 56 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, com pós-graduação em Políticas Públicas, mestre em Direito e Relações Internacionais, ex-aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social, estudante do Curso de Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos do Estado de Goiás, ministrado pelo médico psiquiatra e psicanalista Daniel Emídio de Souza. É autor de 22 livros-reportagem, oito documentários, ganhou 25 prêmios e é torcedor apaixonado do maior do Centro-Oeste, o Vila Nova Futebol Clube. Casado com Meirilane Dias, é pai de Juliana Dias, jornalista; Daniel Dias, economista; e Maria Rosa Dias, estudante antifascista, socialista e trotskista. Com três pets: Porquinho [Bull Dog Francês], Dalila [Basset Hound] e Geleia [Basset Hound]. Além do eterno gato Tutuquinho, que virou estrela.

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