Castro Alves no cardápio
Euler Ivo Vieira e Tatiana Lemos
Sessão gastronômica e política
Renato Dias
O ex-vereador de Goiânia e ex-, presidente do PC do B em Goiás Euler Ivo Vieira trocou, em uma sessão gastronômica e política, com a secretária das Mulheres, da Prefeitura de Goiânia, Tatiana Lemos [PC do B].
O líder comunista recitou poemas de Castro Alves. Um romântico do século XIX. Mais: nascido no Estado da Bahia e classificado como o Poeta dos Escravos. Os seus versos defendiam a abolição da escravatura.
O navio negreiro [trecho]
Castro Alves
‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
‘Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…
‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dois é o céu? qual o oceano?…
É o autor da poesia de O Navio Negreiro. Com tuberculose e uma perna amputada, ele morreu com 24 anos de idade. Em 6 de julho do ano turbulento de 1871. O artista e intelectual deixou inacabado o livro Os Escravos.
Perfil
Poeta, jornalista, teatrólogo, advogado, Gonçalves Dias, de linhagem romântica, é autor de Canção do Exílio. Pesquisador das línguas indígenas. Assim como do folclore verde e amarelo, morreu aos 41 anos. No Império.
Canção do Exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.