Um novo Chile em construção
Chile vira à esquerda
Gabriel Boric é eleito, aos 35 anos, com 55,9%, maior votação da História
México, Argentina, Bolívia, Peru, Chile, Honduras, Nicarágua, Cuba, Venezuela à esquerda na América Latina. Cinco países da Escandinávia. Alemnha, com Olaf Scholz. Brasil, em outubro de 2022, pode eleger a Frente Ampla com Lula?
Renato Dias
O mais novo, o dono da maior votação da História, Gabriel Boric, 35 anos de idade, com 55,9% dos votos válidos, quase 5 milhões, esquerdista, é o novo presidente do Chile. Um País do Cone-Sul. O sucessor de Sebástian Piñera, neoliberal. A sua posse está marcada: 11 de março de 2022, Palácio de La Moneda.
Com uma plataforma republicana. Mais: não patrimonialista. Em defesa do protagonismo do Estado Nacional. Com a Reforma da Previdência. A taxação das grandes fortunas. Para a construção de uma sociedade menos desigual e democrática. O ex-líder estudantil promete ser o presidente de todos chilenos.
Derrotado, José Antonio Cast é herdeiro do Pinochetismo. A liturgia do general do Exército Augusto Pinochet. O homem que depôs Salvador Allende [Imagem acima]. Com o golpe de Estado civil e militar de 11 de setembro de 1973. A sua agenda defendia os atuais sistemas previdenciário, de saúde e ensino privados.
Presidente da República, hoje, Sebástian Piñera deixa herança com indicadores econômicos como uma queda de 6 pontos no PIB de 2020, o sumiço de um milhão de empregos, a volta da inflação. O Chile está em processo de elaboração de uma nova Constituição. Gabriel Boric irá conduzir a sua aprovação ou rejeição.
José Antonio Cast telefonou a Gabriel Boric, admitiu a derrota antes do término da apuração total, parabenizou – o pela vitória nas urnas e prometeu o seu apoio para a nova gestão. Ônibus faltaram nos bolsões de eleitores da esquerda. Congestionamentos foram registrados. Santiago está vermelha.
Geopolítica mundial
Esquerda cresce, direitas caem
Renato Dias
Primeiro, López Obrador, México, ano de 2018. Segundo, Alberto Fernández e Cristina Kirchner,Argentina, 2019. Terceiro, Luiz Arce, Bolívia, 2020, com a derrota do golpe. Quarto, Peru, 2021, Pedro Castillo. Em uma disputa acirrada. A quinta vitória: Xiomara Castro, em 2021, Honduras, a primeira mulher presidente.
Sexto, Daniel Ortega, apesar de ser, hoje, uma caricatura do Sandinismo, de 1979, Nicarágua. Sétimo, Miguel Diaz-Canel, consolida-se em Cuba. Oitavo, nas urnas de 2021, o chavista Nicolás Maduro, Venezuela, vence a oposição. Luiz Inácio Lula da Silva já lidera para 2022. A América Latina caminha à esquerda.
O Republicano pato Donald Trump perdeu as eleições e a sua tentativa de golpe com a invasão do Capitólio. O Congresso dos EUA. O democrata keynesiano Joe Biden assumiu a Casa Branca, em 2021.Sob a Pandemia do Coronavírus, a recessão global e as crises, Joe Biden injetou 3 trilhões de dólares na economia.
A maior economia da Comunidade Europeia, a Alemanha, transferiu as chaves do cofre para Olaf Sholz Um socialdemocrata. Defensor do Welfare State. Victor Orban, Hungria, e Recep Erdogan, Turquia, e Jair Messias Bolsonaro, no Brasil, podem perder o poder em 2022. Os três são personagens de extrema-direita.
A Escandivávia
Após 60 anos consecutivos, as esquerdas chegaram ao poder central nos cinco países da Escandinávia. Nórdicos. O último, com os trabalhistas, Jonas Gahr Store, na Noruega. A relação inclui a Suécia e a Finlândia. Além da Dinamarca. Assim como a Islândia. Um sinal de desgaste do modelo liberal conservador.
https://www.youtube.com/watch?v=w8UGs0rdhq8
Gabriel Boric e a unidade popular
Lenine Bueno
Exilado no Chile
Sob a ditadura civil e militar no Brasil
A eleição chilena fará a “delícia gourmet” dos cientistas sociais da sofrida América Latina. Gabriel Boric, candidato da esquerda, saltou de quase 26 por cento no primeiro turno para mais que o dobro no segundo turno, ao atingir 55,86%.
Uma vitória eleitoral inquestionável e construída sem artifícios ou artimanhas políticas. O processo de negociação com as forças de esquerda criou uma blindagem programática capaz de dar clareza aos fins sem “flexibilizar” os meios. Outro ponto interessante é a juventude do candidato e sua origem.
Com 35 anos, Gabriel Boric emerge dos movimentos sociais que sacudiram o Chile nos últimos anos e articulou um arco de alianças capaz de dialogar com a esquerda tradicional, criar pontos com o centro político sem deflorar o arcabouço programático defendido ao longo do processo eleitoral.
Assim, as intensas mobilizações vividas pela sociedade chilena se viram contempladas, do mesmo modo que o arco de reivindicações soldados nas praças de Arica a Punta Arenas e moldadas na enorme concentração eleitoral representada pela Grande Santiago.
Hoje, os clarins soam pela vitória da unidade popular. E continuarão soando no chamado permanente que farão no processo de pavimentação das amplas alamedas, sonhadas por Allende, por onde passarão os homens e mulheres livres do Futuro. Viva Chile, mierda!