O mal na política se combate na política
O mal na política se
combate na política
Francisco Celso Calmon
Ter raiva, asco, desprezo pelo ser ignóbil que está no planalto cometendo genocídio e corrupção, é humano, mas daí a desejar-lhe a morte não é o melhor exemplo de postura política e sociedade democraticamente civilizada que desejamos construir. Quando o jovem prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morreu, entre outros impropérios o “já vai tarde” foi comum. O que foi lamentável como demonstração de solidariedade a sua família e sentimento de perda política, pois mesmo em posição contrária, mesmo sendo de direita, era um político do campo democrático e por sua juventude um dano geracional à democracia.
O modelo utilizado pelo presidente é o mesmo que usou quando candidato à presidência, o de se fazer de vítima. Todo vitimismo é um apelo emocional aos baixos sentimentos e a irracionalidade, especialmente quando de algoz procura passar à condição de vítima, no sentindo de explorar os sentimentos bondosos de um povo. Pessoas com transtornos mentais, com manias de perseguição, geralmente se comportam dessa maneira quando a situação fica desfavorável, foge de seu controle e sentem acuadas. É como buscar o colo da mãe, é ficar na posição fetal.
Enquanto não for defenestrado do poder, essa não foi a primeira e nem será a última apelação do presidente cagão. Vai acumulando comportamentos e posturas incompatíveis com a estatura de um mandatário. Há fartura de exemplos de que se trata de uma pessoa frágil, que não suporta o peso do cargo, somatiza, e manifesta suas inópias mentais. Contudo, trabalhemos para seu fenecimento político, mas que viva, até para responder pelos seus crimes perante a Justiça. Geralmente esses sentimentos mais raivosos dentro da esquerda costumam vir de segmentos pequenos burgueses, arrivistas. É menos comum advir de quadros trabalhadores de base, os pequenos burgueses são mais afeitos a vociferarem essas explosões emocionais.
É essa esquerda que fica de mal entre seus pares. É essa esquerda que cultiva uma intriga, um-disse-que-disse, que dá gelo, que queima seus próprios companheiros na calada da noite, nos corredores do anonimato, é essa esquerda que fica feliz em provocar baixas nas suas próprias fileiras e depois culpa a vítima. Precisamos nos perguntar amiúde qual a sociedade que queremos construir. Evidente que não se trata de dar a outra a face, de ser indiferente às ofensas e violências, mas há de se distinguir Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, de Ernesto Che Guevara, modelo de revolucionário internacionalista. Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.
Ernesto Guevara de La Serna, Che Guevara, líder da Revolução em Cuba, em 1º de janeiro de 1959
Francisco Celso Calmon, ex-coordenador nacional da RBMVJ, membro da coordenação do canal pororoca