Agenda de desestabilização em Cuba

Agenda de desestabilização em Cuba
Ignacio Ramonet diz que não há dúvida de premeditação da crise, vê artilharia das redes sociais
com uma pequena dose de realidade e um roteiro apocalíptico, sem vínculo com a verdade

Waldo Mendiluza
Da Prensa Latina
Do Opera Mundi
O professor e jornalista franco-espanhol Ignacio Ramonet afirma que Cuba enfrenta, hoje, uma agenda de desestabilização. Previamente desenhada, diz. Para, a partir de pequenas doses de realidade, desencadear uma campanha virulenta nas redes sociais, dispara. Segundo ele, é um roteiro bem elaborado que já foi posto em prática e está pronto para sua aplicação segundo a ocasião, comenta o escritor em entrevista à Prensa Latina. Ele cita como exemplo a chamada Primavera Árabe de uma década atrás. De acordo com Ramonet, no caso da ilha, o roteiro foi ativado aproveitando uma conjunção de circunstâncias que geraram dificuldades à população cubana, em particular as mais de 240 medidas aplicadas pelo governo de Donald Trump [2017-2021]. Para intensificar o bloqueio norte-americano e o impacto da pandemia causada pela Pandemia do Coronavírus covid-19.
Donald Trump
Neste complexo cenário econômico e de saúde, é normal que pessoas em qualquer lugar expressem desconforto, mas esse incômodo não pode ser utilizado para lançar campanhas com violência e virulência excepcionais, explica Ramonet. Em relação aos protestos recentes realizados por um setor minoritário da população em regiões de Cuba. O intelectual insistiu que tudo estava preparado para ativar a operação e, assim que ocorreram os fatos, no último domingo, dia 11 de julho de 2021, ela foi colocada em prática. “Não há dúvida de que é algo premeditado, e toda a artilharia das redes sociais foi lançada a partir de uma pequena dose de realidade para lançar um roteiro absolutamente apocalíptico, que nada tem a ver com a verdade”, frisa. Em tom de indignação
Ramonet diz à Prensa Latina que, como observador, exalta a disposição do governo cubano de dialogar com o povo, postura que considerou muito diferente da manifestada em outros países por dirigentes que têm enfrentado massivas manifestações de descontentamento popular. “Fiquei muito feliz em saber que o presidente Miguel Díaz-Canel saiu para discutir e conversar com as pessoas da cidade de San Antonio de los Baños, onde começaram os protestos, porque isso não é visto em nenhum outro país, especialmente na América Latina”, sublinha.

O professor insiste que toda análise de Cuba deve assumir a realidade absoluta e excepcionalmente difícil que lhe é imposta pelo bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos. “Em qualquer outra parte do mundo, a situação seria muito mais difícil hoje em um contexto semelhante”, pontua. Segundo ele, “uma série de desalmados por dentro e por fora aproveitam as circunstâncias criadas pelo inimigo há mais de 60 anos para se atirar no pescoço de um país tão exemplar”. A esse respeito, lembrou a solidariedade demonstrada pela ilha caribenha em tempos de pandemia com sua ajuda a dezenas de nações e no desenvolvimento de suas próprias vacinas contra a covid-19, apesar do bloqueio, e a disposição de compartilhá-las.
