Do cangaço às milícias
Apaniguados com a Polícia, distante das guerrilhas e conflitos pela terra, longe dos excluídos, eles eram, à época, arma de domínio dos coronéis e espécie de banditismo para controle social
Renato Dias
Virgulino Lampião, Maria Bonita, Corisco, Antônio Silvino, cangaceiros, não atacavam o sistema, à sua época, no sertão do Nordeste, do Brasil. Longe disso. Distantes das guerras de guerrilhas. Nada de porta-vozes dos excluídos, sem – terras, sem – teto, famintos e esquálidos.
Apaniguados com a polícia, o aparelho de repressão do Estado, de quem adquiriam o seu arsenal bélico, sob o capitalismo tardio, dependente, herdeiro do escravismo colonial, eles eram uma arma de domínio e de intimidação da população pobre.
Banditismo de controle social
O que poderia ser conceituado como ‘banditismo de controle social’. Recorte histórico: a região possuía elevada concentração de terra, renda, poder e direitos, estava devastada pela pobreza extrema, constituía – se em palco da luta de classes e à beira de uma explosão social.
_ A solução era o extermínio dos pobres.
A dívida social do Brasil é equacionada com pólvora. Indígenas dizimados. Escravos mortos. A sangue frio. A execução extrajudicial no campo. As mortes nos espaços urbanos. Como nas favelas. Dominadas por milicianos. Crimes de ontem e de hoje. É o que revela Júlio Chiavenato, Editora Noir, lançamento de 2021.