Impeachment: sim ou não?
Pandemia & Crises
Impeachment: sim ou não?
Daniel Aarão Reis quer plebiscito revogatório. Rubens Otoni, impedimento. Sílvio Costa, eleição. Jardel Sebba e Edival Lourenço condenam afastamento, polarização e exigem pacto
Renato Dias
Doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF], o historiador Daniel Aarão Reis Filho quer que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional aprovem a realização, para solução de crises, sem acordos pelo alto, de ‘plebiscitos revogatórios’. O eleitor elegeu e somente ele poderá retirá-lo do poder – o mau gestor público –, explica o pesquisador. A aprovação do impeachment pelo Parlamento ou a guilhotina da Suprema Corte são antidemocráticas, pontua. Como ocorreu com o afastamento da então presidente da República, Dilma Rousseff, diz.
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Sou contra um impeachment a ser realizado pela Câmara Federal, Senado e STF. O eleitor é quem deve demitir o presidente da República. O plebiscito revogatório é legítimo.
Motivos técnicos, crimes de responsabilidade, com afrontamento à democracia, não faltam para abertura do processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, informa o deputado federal Rubens Otoni Gomide [PT-GO]. O inquilino do Palácio do Planalto contraria as orientações da Organização Mundial de Saúde [OMS], a Academia de Ciências e amplia o número de mortos pelo Coronavírus Covid 19, aponta. A Câmara Federal já possui mais de 30 pedidos, dispara. O Brasil não aguenta mais o ‘desgoverno federal’, atira.
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Além de brigar com a Câmara Federal, Senado, STF, imprensa, governadores e prefeitos. As denúncias que envolvem PF, 2018 e a família de Jair Bolsonaro justificam o impeachment.
Doutor em Sociologia, Sílvio Costa, professor da Pontifícia Universidade Católica, de Goiás, afirma que o correto é o cancelamento das eleições realizadas em outubro de 2018 e a convocação de um novo pleito à Presidência da República. As últimas eleições foram fundadas em um tsunami de ‘Fake News’, ataca. Com a intervenção da PF, como aponta a revelação do empresário Paulo Marinho, frisa. A participação ostensiva, aberta, baseada em convicções políticas e ideológicas, do juiz de direito de primeira instância à época, Sérgio Moro, avalia.
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É preciso que ocorra a formulação e uma caracterização de crime de responsabilidade, com consistência jurídica, política e até de saúde pública e sanitária. [A análise é de Igor Campos]
Jair Bolsonaro aposta no caos. É o que acredita a professora Magda Borges, mestre em Psicologia. Até na tutela das Forças Armadas, observa a pesquisadora do campo popular e socialista. A ‘band leader’ do Coletivo Feminista Ana Montenegro defende tanto a aprovação do impeachment quanto a cassação da chapa – Jair Messias Bolsonaro e Hamilton Mourão Filho. Crítica, ela lamenta a opção institucional da esquerda moderada, como PT, PC do B, PDT, PSB e Rede. “A esquerda socialista, porém, não possui representação social para parar o Brasil”
Dezessete mil mortos, 150 mil contaminados, elevação do desemprego, queda abrupta do PIB, ameaça à democracia.
Sindicalista, Rosemar Cardoso Maciel defende a aprovação do impeachment pela Câmara Federal e referendada pelo Senado da República. O ativista gauche vê a possibilidade de renúncia como uma alternativa menos traumática. Sob os Tempos Sombrios da Pandemia do Coronavírus Covid 19, da crise econômica e financeira, da recessão global e da instabilidade política no Brasil, registra. Ele não descarta ainda uma terceira via, que poderia ser a intervenção do Supremo Tribunal Federal, o STF. Como medida imediata para estancar a sangria no País, conta
O Brasil vive, hoje, em 2020, a pior crise de sua História. Dezessete mil mortes, crise econômica, desemprego alto, inflação, PIB negativo, dólar, euro e libra nas alturas.
É o que observa o jornalista Flávio Rezende, analista de cenário, editor do Portal de Notícias www.avozdocerrado.com . “O caos ocorre desde 2019”, alfineta. O presidente da República, Jair Bolsonaro, faz chacota da Pandemia, reclama. É um elemento de instabilidade política social, de saúde pública e sanitária, sublinha. O seu afastamento é uma necessidade histórica, registra. Para minimizar os danos já provocados no Brasil, desabafa. Não há alternativas: impeachment, renúncia ou afastamento, sem direito a retorno, pelo Poder Judiciário, fuzila.
A Pandemia deixará cicatrizes no Brasil e no mundo. Com a aceleração do desemprego, falência de empresas e queda na arrecadação de municípios, Estados e da União.
A avaliação é do historiador, graduado na UEG, jornalista formado pela Alfa, especialista em Geopolítica, Frederico Vitor de Oliveira. É um desastre no Palácio do Planalto, metralha. A sua escalada conservadora se apoia nos evangélicos neopentecostais, na linhagem conservadora da Igreja Católica, nas Forças Armadas, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Abin, GSI, no agronegócio, nas classes médias fascistas, analisa. O receituário de austeridade e a concepção de Estado Mínimo cairão por terra e serão revistas, crê. A tensão geopolítica ocorrerá, relata.
A cartilha de austeridade será revista. [É o que aposta, bate na tecla, Frederico Vitor de Oliveira]
Hemanuelle Jacob, graduada em Educação Física e mestre em Educação, com formação no Canadá, diz que o presidente da República, Jair Bolsonaro, é incapaz de retirar o Brasil das crises de saúde pública, sanitária e humanitária. Para evitar a multiplicação de mortes, o caminho é o impeachment, pondera. Mulher, afrodescendente, feminista, defensora dos direitos humanos, ela é adepta das ideias de Liev Davidovich Bronstein, nascido em 7 de novembro de 1879, em Yanovka, Ucrânia,morto em 21 de agosto de 1940, no México: Leon Trotski, da IV Internacional
Impeachment pode unificar, como palavra-de-ordem. Mas apenas colocaria Hamilton Mourão. Nem Rodrigo Maia possui solução à crise. É o primeiro passo. O ideal é ‘Fora Todos’.
A proposta da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Livre, Democrática, Exclusiva e Soberana é a melhor, hoje, revela o doutor da Universidade Federal de Goiás [UFG], Humberto Clímaco. Para o atual cenário político, quadro econômico, sob a Pandemia do Coronavírus Covid 19, a morte de 17 mil pessoas, com mais de 150 mil infectados. Uma plataforma democrática que tem sido desfraldada na Argélia, na África, e no Chile, Cone-Sul, da América Latina, narra o investigador dos movimentos socialistas internacionais. Revolucionários.
Outro lado
O escritor Edival Lourenço, ex-secretário de Estado da Cultura, admite que a sua geração nunca ‘testemunhou’ uma Pandemia de tal natureza. O Prêmio Jabuti de 2012 lembra que, à época da Gripe Espanhola, em 1918, o Brasil possuía 30 milhões de habitantes. Para sair da crise e da dramaticidade, o País necessita de estadistas, insiste. O momento seria de celebração de um Pacto de Tolerância, para a construção de um consenso, mínimo, para o enfrentamento da Pandemia do Coronavírus Covid 19, frisa. “Jair Bolsonaro faz oposição ao seu próprio governo”
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O impeachment não seria o caminho ideal. Oito meses de grave crise. É urgente enfrentar a Pandemia no atual Pandemônio.
Não é hora de pedido de impeachment, alerta Jardel Sebba, ex-deputado estadual por quatro mandatos consecutivos. É o momento de ‘União Nacional’, explica o cardeal tucano. Não é correto politizar a crise de saúde pública, reclama. Não sou adepto de Jair Bolsonaro, desabafa o ex-secretário de Estado de Gabinete. Urgente é enfrentar a Pandemia do Coronavírus Covid 19, insiste o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Médico, o ex-prefeito de Catalão lembra que o vírus veio da China, em 2019, e cuja saída seria, hoje, a Cloroquina.
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O Brasil requer paz e unidade