Cuba Hoje
Autópsia de Cuba,hoje
- Leonardo Padura vê ditadura do proletariado
- Yoani Sánchez denuncia Capitalismo de Estado
- Daniel Aarão analisa reatamento com os EUA
- Autor deve lançar livro já no mês de março
Legendas das fotografias:
Marcus Vinícius
Da Editoria de Política e Justiça
Cuba é, hoje, um país socialista com face autoritária, diz o historiador Daniel Aarão Reis Filho, doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF]. A ilha dos irmãos Castro [Fidel & Raul]seria um capitalismo de Estado controlado por um clã familiar, denuncia a blogueira Yoani Sánchez. É a ditadura do proletariado, afirma o escritor Leonardo Padura.
Os depoimentos, exclusivos, compõem o livro “Pequenas Histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?” [2015], a ser lançado em março no mercado editorial brasileiro, de autoria do jornalista e sociólogo Renato Dias, 47 anos. A obra aborda ainda o reatamento das relações diplomáticas com os EUA.
Com reportagens exclusivas sobre o País, ele avalia o impacto das reformas econômicas executadas pelo primeiro-irmão Raúl Castro, o surto de empreendedorismo em andamento, além de produzir análises sobre o reatamento das relações com os EUA. Plural, mas com um viés de esquerda, a obra, de 2015, traz entrevistas especiais com personalidades e intelectuais.
Entre eles, o escritor Leonardo Padura Fuentes, autor do celebrado “O Homem que amava os cachorros”, publicado no Brasil pela Boitempo, assim como com a blogueira Yoani Sánchez, além de Daniel Aarão Reis, Lincoln Secco, doutor em História da Universidade de São Paulo, Hideyo Saito, que escreveu Cuba Sem Bloqueio, Breno Altman e Lourival Sant´Anna.
– A edição é de luxo, com imagens raras da ilha.
“Pequenas Histórias – Cuba, hoje” conta a saga do casal Beylin Solán, médica, e Gerardo Fernandes, economista. Os dois montaram um ‘paladar’ em Havana. Líquido, o casal fatura 4.000 pesos nacionais por mês. Eles são o exemplo dos ‘cuentapropistas’ que entraram em cena após a liberalização de setores da economia planificada da pequena ilha do caribe.
– Fidel Castro és único! Assim dispara o taxista Raoul Carmenade. Segundo ele, a economia desandou pós-reformas econômicas de Raúl Castro. Apesar disso, como taxista, empreendedor individual, ele ganha com o seu velho Lada, tradicional carro fabricado na ex-URSS, desmontada em 25 de dezembro de 1991, quase o quíntuplo da média dos cubanos.
Análises
Lincoln Secco descarta saída aos moldes chineses – economia de mercado e monopólio do poder político elo PCC. Já Daniel Aarão Reis afirma que o regime político tem consenso, consentimento e legitimidade. Jornalista, Lourival Saqnt´Anna frisa que Cuba oscila entre a abertura e o fechamento. Para Breno Altman, as reformas expandem o empreendedorismo.
Hideyo Saito insiste que a cobertura dos grandes conglomerados internacionais de comunicação à Cuba é fundada na lógica da guerra fria [1945-1991]. Com o reatamento das relações diplomáticas com os EUA, o jornalista Gilberto Maringoni, doutor em História Social pela USP, diz que caiu o muro. Humberto Clímaco (UFG) teme o que ocorreu no Leste europeu.
Serviço:
Livro: Pequenas Histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?
Editora: Movimento
Preço: R$ 60,00 mais o frete
Como adquirir: renatodias67@gmail.com
Celular: (62) 8125-6779
Box
Saiba mais
Perfil do autor
Renato Dias, 47, é jornalista (Alfa), sociólogo (UFG), mestre em Direito e Relações Internacionais (PUC-GO) e autor de “Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz” (2012), e de “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar” (2013).
Repórter especial do Diário da Manhã, de Goiânia, ele é especialista ainda em ditadura civil e militar [1964-1985], esquerdas e socialismos. O autor deve realizar, na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, no hall de entrada, a sessão de autógrafos após o dia 10 de março de 2014.
Ele programa para o mês de maio, de 2015, o lançamento de ‘O menino que a ditadura matou – VAR-Palmares, desaparecimento e o desespero de uma mãe.’ A obra conta a história do seu irmão, o desaparecido político Marcos Antônio Dias Batista, da VAR-Palmares, de apenas 15 anos de idade.
O escritor quer lançar, dia 10 de dezembro, “Transição sem Justiça – Uma análise da passagem da ditadura civil e militar no Brasil para a democracia em comparação com os países do Cone-Sul, Europa e África do Sul”. Renato Dias escreve ainda livro sobre o que pensam os trotskistas, hoje, no Brasil
ENTREVISTA ESPECIAL – RENATO DIAS
“Cuba é socialismo com economia de mercado”
Reatamento de relações diplomáticas com os EUA possui significado histórico, aponta jornalista e sociólogo
Apesar de a blogueira dissidente Yoani Sánchez insistir em afirmar que Cuba seria um capitalismo de Estado controlado por um clã familiar, os irmãos Raúl Castro e Fidel Castro, o jornalista e sociólogo e mestre em Relações Internacionais e Desenvolvimento, Renato Dias, 47 anos, de Goiânia, Goiás, acredita que a pequena ilha do Caribe possui um regime socialista com economia de mercado. Já o escritor Leonardo Padura, autor do celebrado “O Homem que amava os cachorros”, editado no Brasil pela Boitempo Editorial, classifica o sistema de Havana como a santíssima trindade – partido, governo e Estado. As análises compõem o livro “Pequenas Histórias – Cuba , hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo”, de autoria de Renato Dias, com lançamento programado para depois do carnaval.
Leia a íntegra da entrevista:
Diário da Manhã – O que significa o reatamento das relações diplomáticas entre EUA & Cuba?
Renato Dias – 53 anos depois, ele possui um significado histórico. O bloqueio econômico estabelecido pelos Estados Unidos teve um impacto devastador para a economia da ilha de apenas 11,2 milhões de habitantes. Barack Obama, apesar de não possuir maioria no Congresso dos EUA, acerta. Raúl Castro e Fidel Castro sinalizam que o acordo deve ser celebrado. Tanto Cuba quanto os EUA saem ganhando.
DM – Como pode ser conceituado o regime político cubano?
Renato Dias – O historiador Daniel Aarão Reis Filho, doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF] afirma que o que há em Cuba é socialismo com face autoritária. Blogueira dissidente, a corajosa Yoani Sánchez o classifica como capitalismo de Estado controlado por um clã familiar. Ela se refere aos irmãos Castro, Raúl e Fidel. Mesmo com a discordância de Lincoln Secco, creio que Cuba, hoje, guardadas as devidas proporções históricas e geopolíticas, assemelha-se à China: economia de mercado, intervenção estatal e monopólio do poder político pelo Partido Comunista de Cuba. O que o escritor Leonardo Padura Fuentes define como a santíssima trindade: partido, governo e Estado.
DM – O que explica a longevidade do regime cubano?
Renato Dias – Apenas a repressão política não explica a manutenção de um regime político que em 1º de janeiro de 2015 completou 56 anos. Pensador italiano, Antônio Gramsci apontaria consenso, consentimento e legitimidade. As políticas públicas para as áreas de Saúde e Educação e a ampla rede de proteção social talvez poderiam complementar a resposta. Mas vozes, hoje, se levantam por mudanças. Uma delas é Yoani Sánchez…
DM – Quem deve ser o sucessor de Raúl Castro?
Renato Dias – É impossível prever. Os ventos conspiram para Miguel Díaz-Canel, vice-presidente da República, nascido após a revolução de 1º de janeiro de 1959.
DM – Qual a sua análise sobre Yoani Sanches?
Renato Dias – Blogueira dissidente, é mais conhecida no Brasil do que na pequena ilha do caribe. O seu receituário é liberal. As suas denúncias encontram eco nos grandes conglomerados de comunicação, que ainda dispensam à Cuba a lógica da guerra fria.
DM – Como Fidel Castro entrará para a História?
Renato Dias – Daniel Aarão Reis Filho afirma que de revolucionário o comandante de 1959 virou um tirano, com 49 anos de exercício de poder. Depois, o transferiu a seu irmão, Raúl Castro, que continua no poder. Ernesto Guevara de La Serna, o Che, preservou-se mais para a história. Morreu como um ícone da revolução e ainda hoje é venerado nos cinco continentes do planeta. Jornalista, Breno Altman discorda. Ele frisa que Fidel Castro subirá ao panteão dos revolucionários. O tempo dirá…
DM – O senhor esteve em Cuba?
Renato Dias – Sim. Entrevistei dezenas de pessoas. Pesquisei documentos oficiais. Andei pelas cidades.
DM – Quanto tempo para fazer o livro?
Renato Dias – Da ideia original à saída da gráfica, três anos.
DM – Porque a venda apenas pela internet?
Renato Dias – Desobediência civil (Risos). Um protesto contra o monopólio da venda pelas grandes livrarias e as editoras de porte, que não valorizam os novos escritores. Eu sei que será um trabalho de formiguinha. Mas deu certo com meus livros anteriores: “Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz” (2012) e “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar” (2013).